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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Testemunhos do Vovô Zé - O Fraldão




Por Zé Carlos

Nesta Sexta-Feira da Paixão tive uma alegria e uma tristeza, dentre os sentimentos que nos afloram durante todo um dia,  envolvendo estas duas  sensações. Não falarei aqui da morte de Jesus nem do feijão de coco da Marli, porque poderia não ser politicamente correto ao falar deles, podendo alguns religiosos de plantão dizerem que eu estou comparando os fatos envolvidos.

Falarei aqui então somente de uma alegria e de uma tristeza. Primeiro o ruim, que é a tristeza, pois quem gosta dela? O Davi estava gripado, tossindo, com catarro, com fastio, abusado como nunca foi. Coisas de crianças e de sua vida escolar. Até posso dizer que uma das grandes coisas que as escolas fazem as crianças é levá-las a adquirir anti-corpus para uma série de doenças. Para não ficar tão triste, espremo o limão, faço um limonada, e digo que o meu neto estava no auge da aquisição de anti-corpos, com gripe que estava.

Por falar em gripe, por míseros 3 meses ele não vai poder entrar na campanha de vacinação contra esta doença. Ele tem 2 anos e 3 meses e a campanha vai até os 2 anos. É uma crueldade. Eu mesmo vivia gripando todo tempo e sem poder tomar a vacina, quando ainda não tinha entrado na boa idade. Mas como católico genético que sou, desde os 53 ou 54 que minto para tomar a vacina. Bastava mostrar o meu cabelo de nuvens, como o Poeta falou. Feliz ou infelizmente, os pais do meu neto são evangélicos. Minha filha, mãe do Davi, desde muito tempo não aceitou mais ser católica genética e tornou-se presbiteriana. O pai é um evangélico por origem (sua família é presbiteriana). Eles não mentem jamais. Talves seja eu que vá vacinar o Davi. Nestas horas, tem que ser católico para enfrentar a burocracia. Com a idade dele, ele não vai nem lembrar de seguir o avô pecador, em sua idade adulta.

Saiamos da gripe e voltemos ao Davi que é pura alegria, mesmo com ela. Esta é a alegria que mencionei. Ele estava conosco aqui em casa. Como moro perto do Rio Capibaribe e sempre o mostrava de longe, desta vez, atravessei as ruas com ele e com a avó, e fui ver o rio de perto. O Rio “caperibe”, como ele o chamou, foi uma festa. Caruaru não tem praia e quando ele vê água, quer logo entrar. E havia umas crianças dentro do rio, isto o incentivando a um mergulho naquelas águas que eram limpas nos tempos do Manuel Bandeira. Agora é impossível. Nosso grande rio é hoje feito de esgotos, que levam os dejetos de casas e mais casas para o mar, quando a maré está a favor. Quando está contra elas vão para nossos narizes.

O Davi brincou com umas crianças subindo e descendo nos equipamentos da Academia da Cidade, e foi ver a criação de gatos que existe na Beira Rio, mantida por uma senhora anônima que conheci em minhas andadas por lá. Ela adotou os gatos do rio e eles estão até gordos, e foram um deleite para o meu neto.

Quando chegamos em casa, uma cena me fez associar outras e outras. Estavam mudando a fralda do Davi. Ele não gosta muito do ato, mas, que fazer, xixi é xixi e cocô é cocô, ou vai prá fralda ou vai pro chão e com certeza chegarão ao Rio Capibaribe. Então me lembrei, que fiz uma enquete aqui, tempos atrás, para tentar conhecer melhor o público que nos acessava. Seu resultado mostrou que um percentual alto era de pessoas acima de 60 anos, que hoje chamamos cortesmente de idosos. Velhos, não seria politicamente correto.

Com aquele resultado tive vontade de escrever algo sobre a “idosice” e uma delas, fatalmente, iria ser sobre o uso do fraldão, ou seja, aquele equipamento usado em Davi, com a mesma finalidade, e em tamanho maior, para os idosos. Ainda farei isto, e estou pedindo informações ao nosso público leitor sobre suas experiências com este equipamento, moderníssimo, que é a fralda descartável, em tamanho I (para idoso). Eu ainda não tenho experiência de uso, mas ao ver a mãe de Davi trocando suas fraldas, tive vontade de perguntar, o mesmo que alguém perguntava a um bêbado numa propaganda de bebida, o diálogo não poderia deixar de ser o seguinte:

- Davi, quem é você?

- Eu sou você amanhã, Vovô Zé!


Quando eu for no mercado vou começar a saber os preços do fraldão.

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