Por Zé Carlos
Eu já mencionei na nossa A Gazeta Digital, que fui estagiário da CODEAM, por alguns meses. Hoje ao ler uma postagem do Blog do Roberto Almeida, voltei a me lembrar daquela época. Leiam a postagem, que se intitula: “A Carta a Humberto de Moraes”.
“Na última edição do jornal O Monitor, ainda nas bancas, o radialista Rossini Moura, que trabalhou na campanha de Luiz Carlos e chegou a fazer crônicas defendendo a atual administração, escreveu um artigo em que bateu pesado no Governo. Em forma de um bilhete ao jornalista Humberto de Moraes, que já está como ele lembra "em outro plano", o profissional de comunicação faz um desabafo em que reclama do abandono da cidade. Na sua visão há muito descaso com o centro e os bairros da periferia, o mato toma conta de alguns pontos e ninguém fiscaliza nada. Cita a situação da praças Irmãos Miranda e Guadalajara, as duas precisando de uma intervenção do poder público que até agora não aconteceu. Rossini escreve bem e tem credibilidade. O seu "Bilhete a Humberto Moraes", na minha opinião, em vez de ser encarado com alguma mágoa, pela atual administração, deve servir de guia para algumas ações positivas no município, corrigindo situações que realmente estão erradas.”
Não foi o assunto que me chamou a atenção, mas a pessoa envolvida com ele: Humberto de Moraes. Vivi muito tempo em Bom Conselho, ouvindo as crônicas deste jornalista pelas rádios. Eram extremamente bem escritas, pertinentes e influenciavam toda a nossa região. Eu não perdia uma. Fixei uma imagem do Humberto de Moraes, como um intelectual de óculos, paletó, gravata e pasta de couro, sapatos engraxados e com aquele ar de superioridade que suas crônicas passavam, no sentido de que o que ele dizia era sempre importante.
Até que um dia fui convidado para estagiar na CODEAM. O Pedro Jorge Valença, filho de prefeito e tudo, terminou o mesmo curso que eu fiz e foi ser seu Secretário Geral. Penso até que ele merecia ter o mesmo cargo na ONU, naquela época, pois hoje não sei mais nem onde ele está. Ora, disse eu a mim mesmo. Se estou aceitando fazer estágios horrorosos aqui no Recife, como o que arranjei na Fratelli Vitta para aprender de que o refrigerante era feito, então, por que não ir para Garanhuns. Era minha cidade vizinha, mais longe do que hoje, pois agora temos o asfalto, que torna tudo mais perto. Namorada estudando lá, hospedada nas Mercedárias (não sei se existe mais isto), tripa forra, ou no 71 BI, ou no seminário. Por que não?
Então foi na CODEAM que conheci o Humberto de Moraes. Chamado por Pedro Jorge e por todos de lá de Betinho. De cara, foi uma grande decepção. A imagem do intelectual limpo e todo bonitinho, caiu por terra. Cabelo assanhado, mal vestido, óculos de fundo de garrafa, simples, cortês, educado, atencioso e ainda mais, muito mais inteligente do que ele passava em suas crônicas. Foi amor à primeira vista, não muito aproveitado pelos meus vinte e poucos anos, idade que só sabemos aproveitar a vida de um forma proveitosa somente no curto prazo, e não o de conviver com um pessoa especial como era o Betinho. Mesmo, assim durante o estágio, conversamos o que pudemos conversar e aproveitei o que podia aproveitar. Se fosse hoje, eu o exploraria muito mais e aprenderia muito mais com ele.
Esta coisa de Blog é boa por isso. Temos o prazer de escrever sobre coisas que nos são caras, e ainda temos um bônus de esperança que alguém nos leia e compartilhe conosco este prazer. Mas, como o Roberto Almeida fala que o Betinho não está mais no nosso plano, espero, que mesmo que ninguém me leia, ele o faço lá do plano bom onde ele está.
TIVE A GRATA HONRA DE CONVIVER POR CERCA DE 30 ANOS COM HUMBERTO. ANTES DE MORRER ELE ME OFERTOU UM VASTO MATERIAL DO SEU DESORGANIZADO ARQUIVO E FICOU DE ME ENTREGAR O RESTANTE, MAS LAMENTAVELMENTE NÃO HOUVE TEMPO E VEIO A FALECER. EM 1976, DEI MEU PRIMEIRO VOTO PARA PREFEITO E CRAVEI O NOME DE HUMBERTO DE MORAIS, UM ETERNO GUERREIRO DO ANTIGO MDB. É PRECISO QUE SE DIGA(CORTAR NA CARNE) QUE NOS SEUS DOIS ÚLTIMOS ANOS DE VIDA, COM EXCEÇÃO DE ALTAMIR PINHEIRO, NINGUÉM SE PRESTAVA A OUVI-LO, NUMA MESA OU NUM BANCO DOS CAFÉS E BARES DA CIDADE, POR ACHÁ-LO QUE JÁ ESTAVA GAGÁ E REPETIA MUITO AS PALAVRAS E A CONVERSA ERA COMPRIDA E SEM NEXO. QUANDO ELE CHEGAVA, MUITOS CAFAJESTES MAL EDUCADOS SE MANDAVAM. CLARO, QUE COM EXCEÇÃO DO SEU INSEPARÁVEL AMIGO ROSSINI. A IMAGEM QUE EU TENHO DE HUMBERTO E QUE ELE DEIXOU GRAVADO NA MINHA MENTE É QUE FOI A PESSOA MAIS SEM MALDADE QUE EU JÁ CONHECI EM MINHA VIDA. SE É VERDADE QUE EXISTE CÉU, HUMBERTO É O PRIMEIRO DA FILA. QUANTO A ROSSINI MOURA, COM SUA VOZ AVELUDADA E SEU HUMOR EXUBERANTE, CONSIDERO O MAIOR RADIALISTA QUE JÁ ARRASTOU ÀS ASAS POR ESSAS BANDAS. NA VERDADE, SOLON GOMES E ROSSINI MOURA, SÃO CONSIDERADOS OS DOIS MONSTROS SAGRADOS DO RADIALISMO GARANHUENSES. QUANTO A HUMBERTO, FICA A SAUDADE, GENTE DE PRIMEIRA QUALIDADE...
ResponderExcluirCaro Altamir,
ResponderExcluirEu nunca soube com terminou a vida do Betinho. É uma pena que tenha terminado da maneira que você descreve. Para mim continua sendo um homem como poucos, no pouco tempo que com ele convivi. Uma cidade, como as pessoas, também sabe ser cruel com os seus grandes homens.
Obrigado, pelo comentário.
Zé Carlos
Prezado Zé Carlos,
ResponderExcluirHUMBERTO MORREU POBRE, QUASE QUE SEM BENS, MAS DIGNO. A HOMBRIDADE DELE ERA ATÉ UMAS "ZORA", E BOTA "ZORA" NISSO!!!. PELA SUA SIMPLICIDADE A COMEÇAR PELO MODO DE TRAJAR, VIVIA DE UM ALUGUELZINHO E DE SUA SIMPLES APOSENTADORIA. MANTEVE POR CERCA DE 40 ANOS UMA COLUNA POLÍTICA NO TRADICIONAL JORNAL "O MONITOR" E OUTROS, INTITULADA: "CALÇANDO 40"; TAMBÉM FOI REDATOR-CHEFE DO PROGRAMA RADIOFÔNICO DE MAIOR AUDIÊNCIA EM GARANHUNS, CHAMADO "CIDADE EM FOCO", APRESENTADO POR SOLON GOMES. COMO VEREADOR POR TRÊS LEGISLATURAS, DEVOLVIA TODOS OS JETONS, HORAS EXTRAS, BENESSES E QUALQUER BENEFÍCIO QUE FOSSE CREDITADO EM SUA CONTA. SÓ ACEITAVA O SALÁRIO. HUMBERTO ERA UMA DIGNIDADE EM PESSOA. DIGNIDADE CHEGOU ALI E PAROU, DEU UM TIME, STOP...