Por Zé Carlos
Alguns dias atrás eu escrevi, aqui neste Blog, que havia preparado algo para, se necessário e pertinente, dizer aos blogueiros, no quase já esquecido Encontro deles lá em Bom Conselho. Com algumas pequenas correções, que o tempo me forçou a fazer, eis o que iria
Um blog é um meio onde alguém manifesta sua opinião, e tendo sorte, e às vezes azar, alguém, toma conhecimento. Não é muito diferente de outros meios de informação, a não ser pelo seu formato. Como ele é hoje conhecido, o meio eletrônico, e o acesso à internet é fundamental. Mas, podemos imaginar, no passado, os pequenos jornais escolares, os murais, os quadros de avisos, os folhetos, passando mesmo pelos livros, que poderiam serem chamados Blogs do Passado.
Lembro de Bom Conselho e seus jornais, O Norte, o Estudante, e outros de que não tive conhecimento ou não recordo, e dos quais muitas vezes participei com tanto entusiasmo quanto aquele demonstrado hoje ao administrar um Blog Moderno.
A pergunta que fica é: O que deve um blog comunicar? Pelo que hoje se vê e também no passado, tudo cabe neles, embora cada um tenha sua predileção por algo específico.
Desde que acompanho esta forma de comunicação, o que faz pouco tempo de maneira direta como produtor, mas já faz algum tempo como observador, e passando aqui a experiência passada a mim pelas pessoas que fazem o Blog da CIT, um objetivo sempre nos norteou: “Escrever com humor”. Nisto sempre fomos almas gêmeas. E quando assumi a administração da AGD, este objetivo continuou.
Dentro deste do senso de humor, o que consideramos a coisa mais séria que existe, além de pensar, pois animais não riem, a não ser a hiena, cada um de nós que escreve tem o seu objetivo. Tanto o Blog da CIT como a AGD abriram suas páginas para outras pessoas externarem suas opiniões, e muitas vezes eles (os blogs) se tornam meio birrentos, principalmente nos debates. Mesmo assim, procuramos manter alto o nível de riso.
A fórmula, até agora vem dando certo, e os assuntos abordados dentro desta ótica já são bastante lidos e comentados.
Talvez por uma frustração pessoal, ou pela minha timidez, às vezes excessiva, sempre gostei de pensar em políticos e em política. Mesmo dentro da minha formação de economista (que está mais defasada do que um médico que ainda chama patela de rótula), procurei sempre estudar temas relacionados ao setor público, governo, etc. Eu poderia aqui descrever, eu mesmo, um pouco, o que acho de que os blogs deveriam cuidar, no entanto, encontrei num blog (Blog do Noblat de 17.02.2011), um texto do cientista político, Murillo de Aragão, onde ele trata de três assuntos, que, mesmo não sendo tudo que eu dê importância para os blogs tratarem, representam o meu pensamento. São eles: Tributos, Estado e Cidadania.
Esta tríade representa o que temos de mais importante, num sistema político como o nosso, principalmente a questão da cidadania, e fazendo como meu amigo Zezinho de Caetés, que não desperdiça seu tempo escrevendo coisas que encontra melhores escritas do que ele o faz, transcrevo partes do texto citado. Diz o autor:
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Para a imensa maioria da população, seja por deficiência de educação, seja pela superficialidade do fluxo de informações, não está claro o que significa ser um cidadão. Muito menos quais são seus direitos e deveres como tal.
A falta de noções elementares do que é cidadania causa situações inacreditáveis. Em um hospital público da periferia de Brasília, por exemplo, pacientes são maltratados pelos vigilantes terceirizados, enquanto os médicos não aparecem.
Por outro lado, em Porto Seguro, alguns chamam o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) para resolver casos de brigas entre vizinhos ou casais. Quando a turma do Samu diz que o problema não é com eles, arma-se um conflito.
Além da educação precária e da falta de informação do povo, a esfera pública, pelo seu lado, não esclarece, como deveria, quais são os seus limites, os seus deveres e as suas responsabilidades para com a cidadania. No império da desinformação, cria-se a impressão de que o que o Estado faz, quando da prestação de serviços, é distribuir benefícios.
O mesmo se dá em relação à questão tributária, pois a cidadania não associa o pagamento de tributos à contrapartida de funcionamento do Estado. Nem tem ideia do valor arrecadado, nem sabe para onde vão os recursos.
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Pelo menos três problemas decorrem da situação tributária brasileira. O primeiro é a total desconexão entre o que o brasileiro paga de tributos e o que recebe de contrapartida do Estado em termos de serviços públicos.
O segundo é a falta de competitividade e o engessamento da sociedade por conta da carga tributária caótica e injusta. O terceiro é a falta de fiscalização adequada sobre o que se passa, no âmbito público, com o dinheiro suado dos contribuintes.
Combinando uma carga tributária elevada, um sistema tributário injusto e ineficiente e uma cidadania mal-informada, temos o caldo de cultura para reafirmar o mais indesejável dos mundos: a supremacia do Estado sobre a sociedade. Um grilhão que prende todos nós desde o Brasil Colônia.
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A questão central está na diferença entre o que pagamos e o que recebemos, bem como na injusta penalização do investimento empresarial e dos salários. A raiz de todos os males está na desinformação e na educação precária, o que faz com que a sociedade aceite bovinamente tal situação.
O gigantesco desafio do fortalecimento da cidadania é o de transformar em realidade, para a imensa maioria dos brasileiros, direitos do cidadão que hoje estão no papel. Mas parece que ainda não estamos preparados para vencê-lo.”
Para mim, o principal objetivo dos Blogs é o fortalecimento da cidadania, através da informação, de sua análise, em todos os seus aspectos, muitos que vão além do campo estritamente tributário, e se espraiam por todos os aspectos da ação política. E se isto tudo puder ser feito com uma boa dose de humor, melhor ainda.
Além destas áreas citadas, tributação, estado e cidadania, um dos temas que citei em outros escritos, e de importância fundamental, para a nossa cultura política, e que seria até muito cômica se não fosse muito trágica, é questão também referente à cidadania, dos limites que devem existir entre o que é público e o que é privado. Tive, neste fim de semana de transcrever aqui na AGD uma publicação da Revista Época, onde se apresentava um relatório da Polícia Federal sobre o chamado “Escândalo do Mensalão”. Nela, vi uma foto de um segurança do nosso ex-presidente Lula, junto do próprio Lula praticando exercícios físicos, e demonstrando uma forma invejável. Fiquei louco para descobrir quanto do meu encolhido dinheirinho financiou aqueles corpos exuberantes. Até aí nada demais, o setor privado deve financiar o setor público para que tenha um adequado e necessário serviço público. O problema é o que nos leva a pensar o relatório, sobre o que é lícito ou ilícito neste pagamento. Por hoje paremos por aqui e esperemos que o Freud explique a vida que ele levava, se é a pública ou é a privada.
Amigo ZéCar, bons dias! Neste comentário ao seu escrito “Comunicação aos Blogueiros” não vai nenhum automatismo concordo/discordo, o objetivo é apenas bloguear (se este verbo não existia agora lhe dou vida). Quando blogueio escrevendo um texto, fazendo um comentário ou apenas lendo os blogues que tenho interesse, penso que estou vivendo na realidade um tipo novo de relacionamento, que por sinal é bem distinto daquele que vivíamos em nossa juventude. Quando abro o “telão” do monitor para bloguear é como se estivesse abrindo a porta para sair à rua e ir encontrar alguém com interesse de deitar falação e/ou ouvição. As blogueadas, que são nossos novos relacionamentos, nos constroem como ser humano quer nossa atuação seja ativa e/ou passiva. Nesse afazer, se por um lado não temos a interação da proximidade física, tão desejável nos relacionamentos, por outro lado temos mais tempo para que as idéias interajam mais suavemente ou até mais satisfatoriamente.
ResponderExcluirÀ sua pergunta “O que deve um blog comunicar?” eu acrescento: o que deve um blog vivenciar? Penso que tudo. Tudo o que o ser humano pode e deseja vivenciar no mundo mental. Assim sendo, vejo como interessante que os internautas, além de suas participações nas redes sociais ou em blogs de terceiros, também se disponham a construir um blog pessoal onde possam compartilhar com os que têm interesses afins, suas reflexões, idéias e utopias, quaisquer que sejam elas. Também penso que o “blogueiro amador” não deve cobrar de si mesmo “produção”. Essa é uma atividade de lazer e de prazer. Portanto, as manifestações, publicações, disponibilizações, etc. devem ser realizadas quando o blogueiro puder e lhe der satisfação. Sem nenhuma pressão, muito menos de si mesmo. Iniciativas como a desta semana da Niedja Camboim de partilhar suas vivências em eventos sociais lá da terrinha é um ato de generosidade para seus conterrâneos. Por tudo isso, VAMOS BLOGUEAR, aqui ali e acolá!!!
Roberto Lira