Por Jameson Pinheiro
Todos sabem de minha paixão pelo futebol, ou, se não todos, os meus amigos e quem leu alguma das coisas que cometi com as teclas, sabem. Isto levou ontem a mais um vez ficar em frente de uma TV para ver meu timbu se digladiar com o leão. Os mais curiosos já viram que hoje não é mais uma paixão daquelas avassaladoras do tempo de jovem e mesmo de quando o timbu era um rato esperto. Hoje parece que ele não passa de um pato morto, pois, se ela ainda tivesse a chama do mesmo tamanho, eu teria ido à Ilha do Retiro com bandeira e tudo. Hoje se fizesse isto seria para matar o timbu.
Um time que leva 3 gols em menos de 15 minutos de jogo e fica ameaçado de levar uma goleada, não merece mais minha presença. Alguns dirão, e não entende de nada de futebol quem faz isto, que foi o Sport que estava endiabrado, etc. etc. Tudo besteira. A defesa do Náutico é que não existiu em quase todo o jogo. Aliás, o time, contra o primeiro adversário de peso, já mostrou para aonde vai no campeonato pernambucano e aonde não vai no campeonato brasileiro, se providências não forem tomadas para levar os jogadores a honrarem as chuteiras que calçam.
Eu tive vontade de desligar a TV, ou mudar de canal, mas, neste caso não havia nem melhores programas. Eta, tevezinha chata esta de domingo. Se não tem futebol é melhor ir jogar dominó na praça com os aposentados que jogam numa praça perto daqui. O problema é que não iria encontrar ninguém lá pois a maioria é do Sport e estava babando de alegria com a miséria timbu.
Quando já não aguentava mais presenciei o melhor lance da partida. Numa disputa de bola o Marcelinho Paraíba, o louro burro, perdeu dois dentes de uma vez. Penso que se estava medindo a audiência do jogo que estava em baixa, a Rede Globo viu que a partir daí ela começou a subir, pois eu mesmo gritei lá para o meu filho que estava vendo um canal diferente: “Olha, o Marcelinho perdeu os dentes.” Ele imediatamente sintonizou o canal do jogo.
O narrador da partida não se importava mais com os lances normais do jogo, enquanto a câmera focalizava reservas e bandeirinhas a procurarem os dois dentes do Marcelinho. Foi bom porque este jogador parou um pouco de sorri e tenho certeza não faria mais nada sem os dentes, sendo substituído, logo em seguida, pois ele deve ter dito ao técnico:
- Sem meus dentes eu não jogo!
Contaram ontem nos jornais matinais que os dirigentes do Sport quiseram parar o jogo para procurar os dentes do louro burro, mas, os dirigentes do Náutico foram contra, e com toda razão. Depois da queda dos dentes o Náutico consegui se livrar de uma humilhante goleada, mesmo que não tenha evitado a derrota. Ainda disseram que o Marcelinho está oferecendo uma recompensa de R$ 1.000,00 (não sei se por dente) a quem encontrá-los.
Logo no final do jogo uma multidão, ao invés de sair do campo entrou no gramado à procura dos dentes do Marcelinho. E até o momento em que escrevo eles não foram encontrados, mas as buscas continuam.
Até eu, que não moro perto mas estou de férias, estive lá pela Ilha à cata dos caninos, molares ou incisivos do louro burro. Quem não gostaria de ganhar mil ou dois mil reais, mesmo sendo a custa da volta dele aos campos como carrasco do timbu? Mas, assim que cheguei lá, a primeira coisa que vi num dos cantos do Estádio foi um timbu que corria célere para um buraco. Ele entrou lá mas, durante o tempo que o observei vi uma protuberância em sua barriga que, pode até nem ser, mas, posso quase garantir que ele havia engolido um pré-molar. A partir daquele momento eu desisti da busca, pois se quisesse ganhar o dinheiro do resgate do dente teria que matá-lo, ou prendê-lo para obtê-lo no dia seguinte. Com eu não sabia se o Marcelinho aceitaria um dente cagado pelo timbu, parei minha participação nas buscas.
Quando o nosso futebol, para ficar animado depende dos dentes de alguém é porque a coisa está muito feia. Eu espero, que o timbu, tendo comido o dente do Marcelinho, melhore um pouco este jogo, do contrário...
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