Por Zezinho de Caetés
Eu disse à AGD que iria tirar umas férias até a próxima semana. E as comecei. Não viajei e fiquei rodando e rondando pela nossa ex-bela capital Recife, que depois de 10 anos entregue ao PT, mostra a força de capacidade administrativa do partido. Luzes e mais luzes para esconder o lixo e seu trânsito caótico.
Porém, não foi por isso que estou de volta. O motivo é que não posso ficar sem escrever sobre determinados assuntos que gritam aos céus por suas evidências mas, sempre aparecem determinadas pessoas para colocar uma peneira no sol, procurando sombra. Quem neste país não sabe que o governador Eduardo Campos quer se projetar nacionalmente e até se lançar à presidência da república em 2014? É um pleito justo, muito justo, justíssimo. Todo político almeja um dia chegar lá.
Ele está sabendo aproveitar a maré lula/dilmista para fazer isto, trazendo tudo que ele pode para o seu estado de origem. Alguém discorda? Não. Justo, muito justo, justíssimo. Isto, ao mesmo tempo que faz Pernambuco crescer mais, o joga nas alturas quando comparado com os outros governadores.
No front interno, do estado, ele tenta intervir na política, já a partir destas eleições deste ano, impondo seus candidatos no interior do estado, alijando todos os adversários que por ventura tentem ficar em seu caminho. O melhor exemplo disto é Garanhuns, que terá fatalmente um prefeito de Lajedo.
E no Recife, alguém duvida hoje que seu candidato será o Fernando Bezerra Coelho? Parecia que não, até ontem. E foi este o motivo que me levou a escrever hoje aqui, voltando de minhas férias, igual ao ministro fez para dar explicações cobradas por todos, do porquê o estado de Pernambuco, no ano passado, levou 90% das verbas para prevenção de desastres naturais.
O governador disse que quem fez isto foi a Dilma Roussef e não ele. Justo, muito justo, justíssimo. Mas, a Dilma, embora não seja a rainha da sucata, é quem manda nos ministro, e tentou tirar o corpo fora, dizendo que as verbas deveriam serem distribuídas por critérios técnicos e não políticos.
Já se sabe hoje que a Dilma calada é um gênio em todas as áreas. Mas, quando ela fala, só diz bobagens, ao ponto de ninguém mais acreditar nela. Ora, se ela tinha esta opinião de que os recursos deveriam ter critérios técnicos, porque nomeiou o Fernando Bezerra Coelho, que é o mais político dos políticos, e que faz sim, ao contrário do que ele diz, política partidária e miúda ao ponto de ser presidente de um time de futebol para se projetar na capital. Projeto, que, infelizmente para o Santa Cruz , deu errado ao ponto do time só passar para uma série acima do campeonato nacional, quando o ministro saiu.
Foi este ministro que a Dilma, por indicação de Eduardo, nomeou para a Integração Nacional, que ele vem tentando transformar em Ministério de “Entregação” Nacional para Pernambuco. E o pior, dizem que, apesar do percentual imenso das verbas, sua aplicação, vai igual ao Santa Cruz enquanto ele era presidente. Além de outras obras, que, estão quase paradas como a do Rio São Francisco, a menina dos olhos de Lula.
Em sua explicação, ao voltar de férias, o ministro disse que não houve critérios políticos na distribuição das verbas, porque Pernambuco sofreu um dos maiores desastres naturais da história, no ano de 2010. E a imprensa pergunta: E Alagoas? Por que não recebeu quase nada?
O que penso sinceramente, é que na ânsia de se projetar nacionalmente, e até com as boas intenções de fazer isso, trazendo tudo para o Estado, desde fábricaa de automóveis até usinas de energia elétrica ultrapassadas, o Eduardo pode se complicar muito. Hoje, graças a Deus, ainda temos uma imprensa livre e atuante, e que não deixa passar estas ações ministeriais, a partir de um ministério que tenta integrar a regiões para um desenvolvimento harmônico, e não entregar este desenvolvimento a um só estado, mesmo que seja o nosso.
Não se pode de um dia para outro resolver os desequilíbrios regionais, principalmente, mexendo com a vida das pessoas, que sofrem calamidades em todos os estados e não só em Pernambuco.
Do ponto de vista político a Dilma agora tem mais um problema, além do Pimentel: O Coelho. O primeiro, como mantê-lo sem explicar que consultorias que ele diz que prestou, e o segundo, como mantê-lo diante dos mortos e desabrigados de outros estados que pululam na imprensa. Ninguém pode tirar férias neste país, nem a presidenta. Ou principalmente ela?
Para não perder o hábito de me juntar a bons jornalista quando escrevo, além destas mal traçadas linhas deixo algumas que a Dora Kramer escreveu ontem no Estadão sob o título: “Saldo devedor”. Eu penso que este saldo já aumentou. Se a Dilma substituísse o Coelho por um técnico, talvez até conseguisse, daqui para frente diminui-lo. Seria justo, muito justo, justíssimo.
“Da reforma política à adoção de critérios eticamente saudáveis para a divisão de poder na coalizão governamental, passando por uma decisão definitiva sobre a Lei da Ficha Limpa, cada um dos Poderes da República ficou devendo a sua parte no ano passado.
Com tantas decisões adiadas e muitas questões em suspenso, 2012 abre a conta no vermelho.
Difícil estabelecer quem é o maior devedor. No Poder Legislativo acumula-se o maior número de pendências, mas é no Executivo e no Judiciário que estão as mais polêmicas.
Quando voltar do recesso, em fevereiro, o Congresso encontrará à sua espera uma pauta pesada incluindo a votação do Código Florestal, aprovado na Câmara, modificado no Senado e por isso devolvido ao exame dos deputados.
Os parlamentares terão de correr com a aprovação da Lei Geral da Copa e, em pleno ano eleitoral, precisarão dar conta de uma proposta que contrapõe Estados, municípios, adversários e correligionários: as novas regras de repartição dos royalties do petróleo, assunto cuja solução definitiva acabará ficando com o Supremo Tribunal Federal.
A reforma política continuará no arquivo das pendências eternas, bem como não será neste ano que o Parlamento conseguirá solucionar de maneira satisfatória a questão da tramitação das medidas provisórias nem corrigir as distorções administrativas que fazem da Câmara e do Senado uma usina de denúncias.
Para resolver o assunto MPs falta ao Poder Legislativo independência em relação ao Executivo e para fazer a reforma administrativa falta vontade.
Da mesma forma, não existe disposição no Congresso de retomar as práticas da fiscalização externa e da punição interna aos desvios de conduta parlamentar, itens importantes do saldo devedor.
O Poder Executivo na política inicia o ano devendo uma reformulação nas regras para o preenchimento de cargos e a sistemática na condução dos ministérios, assim como não poderá deixar de se confrontar com a resolução do caso do ministro da Indústria e Comércio.
Fernando Pimentel passou o fim do ano escondendo-se da imprensa para evitar questionamentos sobre suas consultorias, mas não poderá passar os próximos três anos esgueirando-se pelos cantos ou recusando-se a dar explicações, sustentado na tese de que "ninguém tem nada com isso".
O Judiciário acumulou dívida antiga (e desnecessária) ao deixar pendente a decisão sobre a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa, embora o assunto esteja praticamente liquidado em favor da validade, a julgar pelas posições já conhecidas da maioria dos ministros.
O passivo de polêmicas para 2012, porém, é significativo: a decisão sobre a retirada de prerrogativas do Conselho Nacional de Justiça e o julgamento do mensalão, um teste importante para a resistência do Supremo a pressões.
No mais, passamos o Reino Unido no quesito Produto Interno Bruto e assumimos o posto de 6.ª economia do mundo.
Agora falta ultrapassar países como Macedônia, Albânia e Cazaquistão, integrantes da lista de 83 nações à frente do Brasil no quesito desenvolvimento humano, sem esquecer as 46 que nos antecedem no PIB per capita, que é a divisão do produto total pela população nacional.
Léguas a percorrer. A diferença entre o excesso de público perfeitamente administrado do aeroporto Charles De Gaulle (Paris) e o caos reinante em Guarulhos (SP) no mesmo dia 1.º do ano conta parte da história da nulidade da infraestrutura no Brasil.
A constatação não é só desoladora: é constrangedora.”
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