Por Zezinho de Caetés
Eu, nunca na história deste blog, ousei citar dois textos de um vez só. Isto seria demais para os meus cinco leitores. Revelaria muita preguiça e descaso para com eles. Hoje, no entanto, eu me arrisco a fazê-lo, para não ficar repetitivo.
Se não o fizesse, eu iria apenas relembrar a não existência do mensalão, a inocência de todos os ministros da Dilma, mostrar os relatórios das consultorias do Pimentel ou mesmo o Fernando Bezerra Coelho com um auréola de santo, conversando com o São Francisco, tentando convencer o santo de que o canal de transposição passou na fazenda do seu irmão por acaso.
Estas seriam apenas “sombras” de um passado recente para contrastá-lo com o que escreveu o Nelson Motta no Estadão, com o título de “Sombras do passado” na última sexta-feira. Leiam e eu volto lá em baixo.
“Por mais que os ficcionistas quebrem a cabeça para inventar crimes, mistérios e conspirações complexos, surpreendentes e emocionantes, os livros, filmes e seriados acabam sempre superados pela vida real. O assassinato do prefeito Celso Daniel completa dez anos sem culpados nem condenados, e, pior, desde o início das investigações sete testemunhas e investigados já foram assassinados ou morreram em circunstâncias misteriosas. O principal acusado é digno de um pulp fiction: o Sombra.
O roteiro: prefeito de uma próspera cidade industrial faz um acordo com empresários correligionários para desviar dinheiro público para as campanhas do seu partido. Ninguém ganharia nada, não eram corruptos, eram patriotas a serviço da causa e do partido, afinal, estava em jogo transformar o Brasil, os nobres fins justificavam os meios sujos. Foi assim no início, mas o ser humano…
Com a dinheirama crescendo e rolando sem controle, o Sombra, chefe da operação e amigo do prefeito, começa a desviar um levado para sua própria causa. Outros empresários do esquema, e alguns políticos que intermediavam as contribuições, também começam a meter a mão. Até que o prefeito, que não sabia de nada, descobre tudo e ameaça detonar o esquema. Seria o fim para o Sombra e para a quadrilha.
O prefeito é atraído pelo Sombra para uma cilada, o carro dos dois é interceptado por bandidos e o prefeito sequestrado. O Sombra escapa ileso. Nenhum resgate é pedido, dias depois o prefeito é encontrado morto a tiros e com marcas de tortura. Contra as evidências, a polícia trata o caso como um sequestro comum, mas o Ministério Publico vai fundo nas conexões politicas.
O garçom que havia testemunhado a última conversa entre o prefeito e o Sombra é executado. Em seguida, uma testemunha da morte do garçom. O bandido que fazia a ligação entre os sequestradores e o Sombra é assassinado na cadeia.
O médico legista, que atestou as marcas de tortura, morre envenenado. Ameaçado, o irmão do prefeito se exila na França. O Sombra continua nas sombras, o processo não anda, logo o crime estará prescrito. E o pior de tudo: não é ficção.”
Já nesta segunda-feira eu leio no Blog do Noblat, um comentário seu com o título “E continua a sujeira no governo Dilma” e poderia que ter o título de “Sombras do presente”, sobre o caso que agora envolve, o ainda pendurado Ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP).
A conversa dos envolvidos é tão rocambolesca que também seria própria para um roteiro de filme. Vejam, que igual a todos os outros casos dos ministros do governo Dilma, ninguém tem culpa. O indivíduo é encontrado em cima de um cadáver, assassinado com muitas facadas, e ele ainda está pegado no cabo da faca, e diz:
- Não é isto que vocês estão pensando! Eu apenas estava tirando a faca, pois acho que ele estava sofrendo muito.
E a polícia socorre o indivíduo, depois limpar suas mãos de sangue, e dá o caso por encerrado, pelo seu gesto de magnanimidade. E os soldados se emocionam quando ele conta que eram muitas facas no corpo da vítima, mas outras pessoas magnânimas como ele, já as haviam tirado e se retirado.
Então a patuleia, que cerca o local do crime, dar gritos de louvou e procuram o entrevistador das pesquisas para dizerem que acham o governo Dilma “excelente”, fazendo-o bater todos outros últimos presidentes em seu primeiro ano. Mas, isto também é ficção.
Leiam o comentário do Noblat, que, pior de que tudo: não é ficção.
“Os principais personagens, cada um ao seu modo, confirmam o que Leandro Collon, repórter da Folha de S. Paulo, apurou e o jornal publica hoje.
Escreveu Leandro: "Integrantes da cúpula do PP discutiram no ano passado com uma empresa de informática sua participação num projeto milionário do Ministério das Cidades antes que fosse aberta licitação pública para sua contratação.
O assunto foi tratado em reuniões no apartamento funcional do deputado João Pizzolatti (SC), ex-líder do PP na Câmara e aliado do ministro Mário Negromonte, único representante do partido no primeiro escalão do governo.
O próprio ministro participou de um dos encontros. Eles permitiram que a empresa, a Poliedro Informática, fizesse contato com a equipe de Negromonte e discutisse o assunto com o governo antes de outros interessados.
Também estiveram nas reuniões o secretário-executivo do ministério e braço direito de Negromonte, Roberto Muniz, o lobista Mauro César dos Santos e o ex-deputado Pedro Corrêa, cassado por conta de seu envolvimento no escândalo do mensalão.
(...) O ministério quer contratar uma empresa para gerenciar suas redes de computadores e monitorar obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O valor do contrato é estimado em R$ 12 milhões, mas o dono da Poliedro diz que ele pode alcançar R$ 60 milhões."
Com a palavra, alguns dos personagens.
"Negromonte admite ter encontrado o dono da Poliedro pelo menos uma vez no apartamento de Pizzolatti, mas nega ter discutido com ele detalhes do projeto que despertou o interesse de Garcia.
O empresário confirmou que foi à casa do deputado para tratar do assunto. "Estive lá para apresentar um projeto técnico", afirmou. "Eles [Corrêa e Pizzolatti] me disseram: 'Vai lá no meu apartamento'. Eles não entendem de informática, mas entendem de gestão de governo."
Pizzolatti e Corrêa disseram que não se lembram de suas conversas com Garcia.
"Foi uma conversa de apresentação", afirmou o lobista Santos. "A gente passou lá para tomar um vinho como amigos (...) e coincidiu de o [Roberto] Muniz passar, assim como o Negromonte."
E aí, presidente Dilma? Vai retomar a faxina ética?
Ou a faxina de fato foi enterrada quando a senhora fechou os olhos ao fato de o ministro Fernando Pimentel, seu amigo querido, ter recebido dinheiro como consultor sem ter prestado consultoria?”
COSTUMEIRAMENTE EU VENHO AFIRMANDO QUE A VESTIMENTA ADEQUADA DOS PETRALHAS É O PIJAMA LISTADÃO, HAJA VISTA O PT JÁ TER NOS LEVADO PARA O BURACO MORAL, SÓ FALTA O ABISMO ECONÔMICO NOS ENGOLIR NOVAMENTE...
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