“Dano colateral
Editorial do O Estado de S.Paulo
A decisão do procurador-geral da
República, Rodrigo Janot, de ingressar com uma ação direta de
inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal contra a Lei 13.429, que
regulamenta a terceirização das atividades-fim das empresas, deve ser lida como
parte da ofensiva política do Ministério Público contra o governo do presidente
Michel Temer. Não é preciso grande esforço para perceber que Rodrigo Janot está
pessoalmente empenhado em criar o maior número possível de obstáculos e
constrangimentos ao presidente da República, por razões que extrapolam, e
muito, o âmbito jurídico.
Num país em que grassa a
informalidade, chega a ser cruel que alguém se insurja contra uma legislação
que visa não apenas a facilitar a contratação formal de mão de obra e a
modernizar as relações de trabalho, como também, por extensão, a estimular a
redução do desemprego – algo pelo qual esperam ansiosamente os mais de 14
milhões de desempregados, para os quais as garantias constitucionais invocadas
pelo Ministério Público não servem de nada. Mas é precisamente isso o que está
a fazer o procurador-geral da República, sob o argumento de que a lei da
terceirização “esvazia a eficácia dos direitos fundamentais sociais dos
trabalhadores” e é “socialmente opressiva e desproporcional”.
Rodrigo Janot chega a afirmar,
como argumento, que a terceirização facilita a escravidão. Segundo o texto do
procurador-geral, “não é incomum o uso de terceirização como veículo de
explorar trabalho em condições análogas à escravidão”. Para Janot, há “alto
risco social do modelo relacional fomentado por terceirização irrestrita, como
veículo de exploração predatória do trabalho no Brasil” – e é claro que isso se
dá, na opinião do procurador-geral, em razão de “condicionamentos econômicos,
sociais e culturais que sobrelevam a vulnerabilidade dos trabalhadores mais
carentes”. Faltou apenas denunciar o caráter intrinsecamente desalmado do
capitalismo.
Essa não é a primeira iniciativa
do Ministério Público em termos tão descaradamente ideológicos contra a lei de
terceirização e contra a reforma trabalhista. Há pouco tempo, o Ministério
Público do Trabalho (MPT) – que faz parte do Ministério Público da União,
chefiado por Rodrigo Janot – emitiu um parecer que mais parecia um panfleto
sindical a respeito da reforma trabalhista. Para os procuradores do MPT, as
mudanças propostas pelo governo – que visam a fazer prevalecer o negociado
sobre o legislado e a flexibilizar a carga horária de trabalho, entre outras
mudanças necessárias – “têm impacto negativo na geração de empregos e
fragilizam o mercado interno”. Essas não deveriam ser preocupações do
Ministério Público, e sim daqueles que têm mandato eletivo para formular
políticas públicas, mas atualmente uma parte dos promotores, assim como da
judicatura, parece imbuída da missão de governar o País.
Já não é mais o caso de indagar
se Rodrigo Janot está mesmo politizando sua atuação para prejudicar o governo
de Michel Temer, pois isso já está claro. Cabe, isso sim, perguntar até que
ponto o procurador-geral está disposto a ir em sua campanha. Desde que Janot
decidiu realizar uma gravíssima denúncia de corrupção contra o presidente da
República sem nenhuma prova concreta e, além disso, resolveu dividir essa
denúncia em diversas partes, transformando o processo em suplício, ficou claro
que o objetivo não é cumprir a lei, e sim inviabilizar a administração de
Michel Temer e a aprovação das reformas.
Não é possível imaginar que um
governo consiga trabalhar a pleno vapor para solucionar a gravíssima crise
econômica que o País atravessa, tendo de se dedicar a mobilizar forças no
Congresso sabe-se lá quantas vezes para rejeitar as tantas denúncias que o
procurador-geral promete apresentar contra o presidente. É desse jeito que os
ativistas do atraso pretendem sequestrar a agenda tanto do Executivo como do
Legislativo, submetendo-a a desígnios alegadamente regeneradores, mas que, em
verdade, se prestam a alimentar as perniciosas forças do populismo.”
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AGD Comenta:
Este editorial é uma prova mais
contundente de más intenções do Rodrigo Janot, do que as denúncias com base na
delação do Joesley Batista.
Afinal de contas, o Temer só tem
a ver um pouquinho com o projeto de terceirização, embora seu projeto o levasse
a isto, com uma reforma trabalhista mais ampla.
É como disse pela manhã. Se
continuarem assim, vão terminar tendo piedade do Temer e ele vai continuar até
2019 como um mártir. O Janot está exagerando.
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