Por Carlos Sena (*)
Metem o pau no PT, como meterão o
pau em qualquer outro partido. O problema é que não se pode compreender um país
em dimensões continentais sem, primeiro, construir um contexto geopolítico do
processo brasileiro. Acho mesmo que o PT é a bola da vez no quesito “pau”, até
porque há memória curta em boa parte dos brasileiros que ontem aplaudiam o PT e
hoje condenam, muitas vezes, sem os ingredientes necessários para um contexto
cidadão republicanos. Falar de roubo, disso e daquilo é fácil e, de fato, não
se pode condescender com isso. Temos que lutar mesmo por uma nação em que os
valores éticos e morais sejam fortes e sólidos.
Pensar que o nosso judiciário é o
“cão do terceiro livro” por conta das condenações midiáticas dos chamados
“mensaleiros” se me configura simplista demais. Porque poucos têm a competência
de analisar o que se passa dentro do judiciário, porque lá dentro há homens com
os mesmos vícios e os mesmos interesses dos que estão de fora dele e que,
adoram “negociatas”... Certamente que lá dentro há muitos probos, como há
também na politica como um todo.
Nesse complexo “balaio de gatos”,
certamente que há mais ratos do que gatos, mas cabe uma pergunta: se a grande
maioria dos brasileiros (isso foi pesquisado) não se lembra em quem votou na
ultima eleição, como agora vai querer construir um país diferente? Porque um
país digno em que a ética e os valores não sejam tão frouxos é produto do voto
de todos. Mas, independente disto, o que somos hoje, certamente foi construído
por todos aqueles que votaram conscientes e nunca perderam de vista seus
candidatos eleitos nos três níveis de governo.
Vendo tudo sem paixões ou mesmo
com elas a tiracolo, temos que convir que os oito anos antes do PT foram também
ou mais importantes do que os demais. O que não podemos esquecer é que o Brasil
de hoje que retirou da miséria trinta milhões de brasileiros foi ação do
governo do PT. Igualmente não podemos esquecer que a bolsa família,
independente do julgamento que se tenha, proporcionou inclusão social. Foi essa
bolsa família que nos tirou as cenas outrora corriqueiras de ver crianças
mortas junto com o gado no meio da estrada por conta da seca. Nesta seca – a
maior dos últimos sessenta anos, criança morta não foi vista junto com o gado nas
encostas do semiárido.
Certamente que há muitos
interesses contrariados pelo PT. Porque nossa elite não gosta de ver aeroporto
cheio de gente simples viajando de avião. Também nossa elite não gosta de ver
gente pobre e preta cursando universidades. Como não gostam de ver as minorias
com um corpo legislativo de proteção aos diferentes! Como não gostam de ver
médicos estrangeiros atendendo nossa população pobre e abandonada por médicos
que não gostam de medicina de família. O governo do PT está na Belinda por
conta de ser a “bola da vez”. Melhor ser a bola do que ser a bala – bala que
chafurdou a república da bola e da chuteira. Bola da vez que proporcionou
comida ao povo e educação – tudo isso por um presidente que nunca teve formação
superior, mas fez mais pela educação do que os doutores e escritores do período
FHC.
Metem o pau no PT e até acho que
isso faz parte. Só não faz parte tergiversar, conversar mole quando a questão é
dura ou endurecer quando se precisa de coração mole para compreender um país de
muitos necessitados; um país que não avança na base do ufanismo, mas que só
alcançará um patamar ideal se cada um fizer a sua parte e até meter o pau. Mas,
meter o pau no PT não é o mesmo que atirar o pau no gato. Porque o gato tem
sete vidas, gente não. Porque o gato tem pulo estratégico, nós nem sempre.
Porque o gato tem a noite pra ser pardo e nós só temos o sol para nele
construir a esperança... O cenário tá posto mais parecendo um balaio de gatos.
O perigo é que nesse “balaio” haja dominação dos siameses e que os “pés duros”
sejam sufocados no contexto
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 05/11/2013
A profecia do PETROLÃO http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fyoutu.be%2Fb3RvdXmsnDo&h=LAQHsQtMi
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