Por Zé Carlos
Como não poderia deixar de ser, a semana que passou
pertenceu aos Sarneys, lá no Maranhão. E os produtores do filme do UOL, abaixo
apresentado, “se viraram nos trinta”
para fazer humor com o tema das atrocidades perpetradas dentro e fora de uma
unidade prisional daquele estado. Mas, eu, como sempre digo e repito, o humor é
a forma mais séria de tratar barbaridades, sem os choques normais que elas
provocam.
Eles não chegaram a mostrar as cenas relativas à decapitação
de presos nem da menininha de 6 anos que morreu queimada num ônibus incendiado
por bandidos que, diríamos antes, deveriam estar na cadeia. Mas, no Maranhão
não tem disso não. É da cadeia que eles organizam os bandidos que não estão
nela.
É risível o esforço da Roseana Sarney para tirar o cu
(desculpem, mas não dá para segurar palavras fortes) do seu pai da seringa.
Tudo é risível porque é uma pantomima. Ao invés de dizer que estaria revoltada,
deveria anunciar sua renúncia e a fuga da família Sarney do Maranhão, para ver
se aquele estado melhora de vida.
Desde minha infância em Bom Conselho que convivo com
cadeias. Afinal de contas quase nasci na Rua da Cadeia, um dos pontos de minhas
brincadeiras juntos aos colegas era em frente da ou na calçada daquele
estabelecimento prisional, que hoje é uma casa da Cultura, talvez para esquecer
as torturas que alguns presos sofriam porque roubavam galinhas. Era o seu
Gaudêncio colocando a palmatória para funcionar, e os meninos, meus colegas e
eu, tapando os ouvidos.
Para nós aquilo tudo era normal apesar de ser cruel e
errado. Cito isto, no entanto, para mostrar que os erros nas prisões
brasileiras são um fato histórico e não se restringe, no tempo e no espaço, ao
Maranhão. Mas, é difícil aceitar as declarações (não contidas no filme, talvez
porque não temos nada do que rir) que a ênfase no caos prisional naquele estado
é devido ao seu enriquecimento. Só se for para a dispensa do palácio de Roseana.
O momento que mais ri no filme foi quando ele prometa a
apresentação de cenas fortes, e logo em seguida mostra uma lagosta sendo
trucidada, como os quase 70 presos das prisões de Roseana. E como o Maranhão
enriqueceu! Lagosta, caviar, salmão, camarão, etc. E ainda tem quem reclame dos
Sarneys?
E o que mais me entristeceu, ao invés de rir e ficar alegre,
foi a presidente e o ex-presidente em exercício, o Lula, fazendo propaganda
política da Roseana, e ao pensar que se o Lula quiser fazer propaganda para o
próprio Sarney, que ele já considerou um homem incomum, o elege até presidente
do Brasil outra vez. Se ele se habituou a eleger “postes”, por que não elegeria um “fio desencapado”? E onde estavam a presidente e Lula que não
disseram uma palavra sobre o que aconteceu no Maranhão? Agora eu digo como meu
neto: “Tá doido, véio!!!” Eles tem
medo de tomar um choque nas próximas eleições. Vamos dar um choque neles?
Oitenta quilos de lagosta, uma tonelada e meia de camarão,
750 quilos de patinhas de caranguejo, diz o repórter no filme. E a Roseana
revoltada. Só faltou parodiar a Maria Antonieta: “Se o povo não tem pão, coma lagosta!”. Não sei se feliz ou
infelizmente hoje não se usa mais a guilhotina. Não pensem mal. Se ela ainda
existisse seria bom para aparar o bigode de Sarney.
Agora, vejam logo abaixo o resumo do roteiro do filme feito
pelos produtores do UOL, e logo em seguida vejam o filme. Infelizmente, eu não
posso aconselhar que comecem a semana sorrindo, mas talvez chorando lágrimas de
crocodilos pela nossa culpa, por não escolhermos bem na hora do voto.
“O Estado passa pela
maior crise de segurança de sua história, e a governadora encontra tempo para
licitações para compra de lagosta, caviar e champanhe. Assim é o Maranhão de
Roseana Sarney. A filha do ex-presidente está “revoltada” com as decapitações
nos presídios, os ônibus incendiados e a população amedrontada.”
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