Por Carlos Sena (*)
“Mulher é tão importante na vida
de um homem que até pra ele ser corno ela tem que existir em sua vida”...
Independentes de julgamento acerca do homem “corno-ou-não-corno” temos pensando
insistentemente nessa invenção humana complexa, contraditória e necessária que
é a FIDELIDADE. Não ser fiel implica na cornice do homem ou da mulher, mas,
acredite, o homem do alto de sua fortaleza cai por terra diante de pouca coisa.
Uma dessas coisas é a traição, principalmente aquela em que todo mundo fica
sabendo e que sua pecha de corno se estabelece sem prazo para terminar. Outra é
o tamanho do seu pinto. Dizem que quem quiser aborrecer uma mulher só precisa
lhe chamar de “feia”, mas quem quiser arretar um homem diga que ele é corno ou
que tem o pinto pequeno. Porque no quesito “pinto” pequeno quem se encarrega de
divulgar geralmente é alguma mulher descontente com a “propaganda enganosa” que
quem tem pinto pequeno geralmente faz. O outro lado dessa prosa – o corno –
poderá levar um homem a sua total falência. Um corno cai diante de si mesmo e
dificilmente se recupera de uma gaia com facilidade. O sofrimento da mulher
traída nem se compara ao do homem. A diferença é que o homem finge melhor do
que a mulher nessa questão, embora a mulher saiba como poucas “iludir” por dom.
A canção “O Dom de Iludir” imortalizada por tantos cantores, foca essa face da
mulher que muitos homens preferem nem acreditar, porque a maioria da macharada
prefere acreditar que são eles quem deita as cartas das relações entre as
mulheres. Imagino que trair e “coçar seja mesmo só começar”... Não creio na
espécie humana como vocacionada para a monogamia – nem homens nem mulheres.
Talvez se a humanidade, em seus primórdios, tivesse invertido esse valor o
mundo afetivo entre os humanos talvez fosse menos superficial. A espécie humana
é poligâmica, mas talvez por amparo aos filhos se tenha instituído a fidelidade
como parte do processo.
Da mesma forma que a mulher é
importante até para o homem ser corno, o homem também é importante até para a
mulher ser corna. Porque tudo termina virando elemento de retórica. Ainda outro
dia num restaurante estava escrita essa pérola: “a mulher é muito orgulhosa,
mesmo tendo sido feita da costela. Imaginem se fosse feita do filé”... Fato é
que gente trai porque está viva e sente tesão e sente vontade e sente desejo.
Há quem não efetive o ato na prática, mas isso não significa não ter traído,
pois se trai, segundo a bíblia, por pensamentos, palavras e obras...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 11/11/2013
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