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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A FEIA E O PINTO




Por Carlos Sena (*)

“Mulher é tão importante na vida de um homem que até pra ele ser corno ela tem que existir em sua vida”... Independentes de julgamento acerca do homem “corno-ou-não-corno” temos pensando insistentemente nessa invenção humana complexa, contraditória e necessária que é a FIDELIDADE. Não ser fiel implica na cornice do homem ou da mulher, mas, acredite, o homem do alto de sua fortaleza cai por terra diante de pouca coisa. Uma dessas coisas é a traição, principalmente aquela em que todo mundo fica sabendo e que sua pecha de corno se estabelece sem prazo para terminar. Outra é o tamanho do seu pinto. Dizem que quem quiser aborrecer uma mulher só precisa lhe chamar de “feia”, mas quem quiser arretar um homem diga que ele é corno ou que tem o pinto pequeno. Porque no quesito “pinto” pequeno quem se encarrega de divulgar geralmente é alguma mulher descontente com a “propaganda enganosa” que quem tem pinto pequeno geralmente faz. O outro lado dessa prosa – o corno – poderá levar um homem a sua total falência. Um corno cai diante de si mesmo e dificilmente se recupera de uma gaia com facilidade. O sofrimento da mulher traída nem se compara ao do homem. A diferença é que o homem finge melhor do que a mulher nessa questão, embora a mulher saiba como poucas “iludir” por dom. A canção “O Dom de Iludir” imortalizada por tantos cantores, foca essa face da mulher que muitos homens preferem nem acreditar, porque a maioria da macharada prefere acreditar que são eles quem deita as cartas das relações entre as mulheres. Imagino que trair e “coçar seja mesmo só começar”... Não creio na espécie humana como vocacionada para a monogamia – nem homens nem mulheres. Talvez se a humanidade, em seus primórdios, tivesse invertido esse valor o mundo afetivo entre os humanos talvez fosse menos superficial. A espécie humana é poligâmica, mas talvez por amparo aos filhos se tenha instituído a fidelidade como parte do processo.

Da mesma forma que a mulher é importante até para o homem ser corno, o homem também é importante até para a mulher ser corna. Porque tudo termina virando elemento de retórica. Ainda outro dia num restaurante estava escrita essa pérola: “a mulher é muito orgulhosa, mesmo tendo sido feita da costela. Imaginem se fosse feita do filé”... Fato é que gente trai porque está viva e sente tesão e sente vontade e sente desejo. Há quem não efetive o ato na prática, mas isso não significa não ter traído, pois se trai, segundo a bíblia, por pensamentos, palavras e obras...

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 11/11/2013

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