Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
No último fim de semana estive em Garanhuns e fiquei
envergonhado com o descaso que se dá a um patrimônio, que na década de 60 foi palco de festividades com almoços e hospedagem de
muitos estudantes que participara do cinquentenário do querido Colégio Diocesano de Garanhuns. Não
me contenho com a paisagem mórbida que se encontra em uma via movimentada onde
passam centenas de turistas e ficam olhando e procurando saber qual o motivo daquele descaso que enfeia os seus olhos. O prédio se encontra totalmente em ruina, paredes corroídas, janelas despedaçadas sem moldura, teto totalmente descoberto ao sol e a chuva, e o frontal onde tinha um busto Geraldo Calado, se não me engano, o mato tomando conta de tudo, o desleixo e visível há décadas. Onde se encontra a classe estudantil de Garanhuns que não toma
uma providencia para recuperar este patrimônio? Ou, mesmo as autoridades municipais? Uma área nobre, defronte do parque Euclides Dourado, deslumbrante com os seus eucaliptos dando um ar benéfico para a saúde onde centenas de garanhuenses e turista desfruta da caminhada diária dentro do parque saboreando o ar puro que a cidade oferece. Muitos turistas e pessoas que viajam que passam a frente deste
descalabro viram à costa e ficam indignados com tamanho desprezo. A Biblioteca Pública Municipal instalada recebendo visita de estudantes e pessoas para pesquisar algo sobre a
cidade ignoram o passado daquele prédio ali
abandonado. Seria de bom tamanho que realizasse uma
pesquisa o que foi aquele patrimônio e aí, saberia o valor que aquele local é
para Garanhuns. O que fazer para recuperar? Recebi de presente o livro do escritor Fernando Jorge com o título “GERALDO DE FREITAS CALADO: UM SEMEADOR DE SONHOS” – Jamais lançamos, como Cesar, a sorte. Lançamos, sim, a
luta! Li todos os capítulos do citado livro, e me firmei no capitulo nº 4 – HISTORIAS DA FRENTE AMPLA E A RENOVADA CASA DO ESTUDANTE DE GARANHUNS – Em setembro de 1968 foi um mês de glorias e louros para o nosso personagem
(Geraldo). A Casa do Estudante Pobre de Garanhuns – Xodó de Geraldo! –
completava 15 anos e seu criador tomou parte nas comemorações sendo justamente reverenciado
por todos os presentes. O Jornal “O Monitor” edição de 14 de setembro de 1968, órgão oficial da Diocese de Garanhuns registrou o festejo. “O Dr. Valderedo Veras, Diretor da Casa do Estudante de Garanhuns promoveu uma solenidade a fim de comemorar o transcurso dos 15 anos de fundação daquele internato
estudantil, realizando um almoço que contou a com a presença de inumeradas pessoas, destacando-se o Senhor Bispo Diocesano, Dom Milton Correia Pereira; os Mons. Tarciso Falcão, Diretor de “O Monitor” e Padre Adelmar de Mota Valença, Diretor do Colégio Diocesano; Rev. Jozias Rocha, Diretor do Colégio Quinze de Novembro. Vejamos alguns trechos do Dr. Geraldo de Freitas
Calado” O Sr. Geraldo de Freitas Calado visivelmente emocionado, pronunciou longa oração através da qual
recordou a luta titânica dos estudantes garanhuenses para levar a bom termo a
construção daquela obra edificada em terreno arrebatado à Prefeitura Municipal”, mais adiante, “A imprensa também registrou a emoção de Geraldo ao
receber uma viçosa braçada de flores da representante da classe estudantil de Garanhuns. “Os estudantes presentes ergueram uma faixa em homenagem ao fundador e
realizador e primeiro presidente da CEPG no restaurante do edifício – AO NOSSO
BENFEITOR GERALDO DE FREITAS CALADO AS HOMENAGENS DOS ESTUDANTES DE GARANHUNS” O Sr. Geraldo de Freitas Calado, solicitou ao
Prefeito Souto Dourado a inauguração de uma praça em frente à CEPG, que sensibilizou o prefeito que designou ao Secretario de Viação o início da obra e ainda ”a praça foi ornamentada com um busto de Geraldo, esculpido
pelo pranteado artista Plástico, Renato Pantaleão. O monumento trazia a inscrição: - “AO JOVEM INCANSAVEL Geraldo de Freitas Calado,
fundador e realizador da Casa do Estudante e propugnador pioneiro pela
consecução da Universidade de Garanhuns, a homenagem dos estudantes e do povo”, mais ainda, Durante as solenidades de inauguração da praça, Geraldo se fez ouvir pelos ilustr4s
presente com um discurso em que traçou o histórico de lutas da Casa do Estudante – “Casa do Estudante de Garanhuns, surgiste como pedra basilar de uma
ideia superior”! Ideia de dotar a Garanhuns de sua Universidade. Eia que já trazia em si, imanente, todo o vigor e toda
a fulguração do entusiasmo símbolo da nossa mocidade estudantil. Nasceste já
forte e bem predestinada pelo conteúdo de sinceridade e amor que animava. Foste uma ideia, uma palavra de o “Fiat” da criação
que se tornou por sua própria essência no templo que, agora, de portas abertas, engalanada de esperança e convicções inabaláveis, aguarda da União os jovens da Universidade Federal do Agreste Meridional de
Pernambuco, sediada em Garanhuns, fieis da inteligência, para a celebração apoteótica missão da cultura”. E terminando o seu discurso dizia “Quero terminar expressando a todos as minhas congratulações e
a minha eterna gratidão ao nosso dileto, dinâmico e honrado prefeito Dr. Luiz
Dourado e, finalmente, fazendo minhas as palavras de um certo pensador,
escritor e estadista: ‘O que eu disse pontem, com uma só voz, hoje se repete
como muitas vozes’ Graças a Deus”. Neste mesmo capitulo tem-se dezenas de fotografias que exprime a grandeza deste momento, com representantes da Câmara Municipal,
Sr. Antonio Edson de Araújo, Prefeito de Garanhuns Dr. Luiz Dourado e o Vice
Sr. Ivo Amaral, o busto do jovem Geraldo de Freitas Calado, abençoado pelo Sr.
Bispo Diocesano D. Milton Correia Pereira. Quando é que vamos restaurar este monumento abandonado que é a CASA DO
ESTUDANTE DE GARANHUNS?
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