“Dodge e Janot têm algo em comum
Por Elio Gaspari
A doutora Raquel Dodge foi ao
Jaburu (logo lá) às 22h de terça-feira e encontrou-se com o presidente Michel
Temer sem que houvesse registro na agenda do anfitrião. Até aí, vá lá, mas no
dia seguinte ela informou à patuleia que foi a Temer para tratar da cerimônia
de sua posse, no dia 18.
Se o Brasil tem um presidente e
uma procuradora-geral que precisam se encontrar pessoalmente para tratar de um
assunto de tamanha irrelevância, a situação está pior do que se imagina.
Noutra hipótese, reconhecida por
assessores do presidente, os dois trataram das tensas relações do Planalto com
a PGR. Nesse caso, a doutora Dodge julgou-se no direito imperial de propagar
uma banalidade inverossímil.
A nova procuradora-geral começa
seu mandato cultivando o vício da onipotência. Os poderosos doutores, apoiados
por Dodge, tentaram conseguir um reajuste de 16,7%, mas foram rebarbados pelo
Supremo Tribunal. Isso numa folha de pagamentos cheia de penduricalhos que
ofendem a instituição.
Rodrigo Janot assumiu a
procuradoria-geral no dia 17 de setembro de 2013 e, dois dias depois, assinou
uma portaria estendendo o auxílio-moradia aos procuradores que trabalhavam em
Brasília.
A repórter Ana Kruger revelou que
o doutor tinha um apartamento de 56 metros quadrados, alugado ao colega Blal
Dalloul por R$ 4 mil. (Hoje a gambiarra salarial rende R$ 4.377 mensais.)
Dalloul requereu o benefício, e a Viúva ficou com a conta. (Janot jamais
requereu o benefício que aspergiu.)
O doutor não fez nada de errado,
pois poderia ter alugado o apartamento a um padeiro. O auxílio-moradia dos
procuradores, desembargadores e juízes faz sentido quando o servidor tem casa
numa cidade e é mandado para outra. Transforma-se numa tunga quando o
procurador, juiz ou desembargador tem casa própria na cidade onde trabalha e
embolsa o auxílio-moradia.
Uma reportagem de Fabio Brandt
mostrou que, em 2015, a doutora Raquel Dodge vivia numa bonita casa em
Brasília, com jardim muito bem cuidado, e recebia o mimo.
Na ala dos afortunados estavam
cinco do 33 ministros do Superior Tribunal de Justiça. Dodge e outros três
procuradores (José Flaubert Machado, Ela Wiecko e Deborah Duprat) tinham
propriedades em boas vizinhanças da capital.
Vai-se além: alguns sem-teto da
PGR e da magistratura têm mais de um imóvel em Brasília.
Todos os beneficiados argumentam
que recebem o que a lei lhes concede e acham que é falta de educação tocar
nesse assunto.”
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AGD comenta:
No Brasil quase todos os
políticos têm alguma comum.
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