“Democracia brasileira está
doente
Por Marcelo Rubens Paiva
O que está para acontecer entre
hoje e 2018 merece atenção.
A ovada que Doria recebeu em
Salvador, terra em que o petismo mantém a popularidade alta, é um sinal de que
a campanha eleitoral para a presidência será radicalizada.
Uma parcela da população não
convive bem com o oposto.
Para ela, o adversário merece
escracho, vaia e ovo.
A urna não basta para punir ou
revelar o desejo de um eleitor.
Até porque muda-se de lado como
se muda de camisa.
São tristes as cenas que
começaram em 2013, quando pessoas comuns passaram a agredir verbalmente em
restaurantes, bares, filas de check-in, dentro de aviões, alvos com (qualquer)
comprometimento político.
De cantores populares, como Chico
Buarque, comediantes, como Gregório Duvivier, atores, como Zé de Abreu, a
políticos, ministros, congressistas, deputados, senadores, ex-ministros, delatados,
delatores.
Alguns respondem com cusparada.
Outros respondem com argumentos.
A maioria ignora.
Guido Mantega foi o primeiro alvo
conhecido. Em restaurante de Brasília.
Foi xingado por um “anônimo”
comensal.
Jaques Wagner, Patrus Ananias,
Romero Jucá, José Dirceu, Eduardo Cunha, Paulinho da Força, Mercadante, Gleise
Hoffmann, Fernando Pimentel, Bolsonaro…
A lista é grande.
E não vai parar.
É um triste legado da crise
política brasileira, das incongruências das leis, das decisões judiciais contestáveis
e polêmicas.
Que deu num ceticismo sem
precedentes.
O assédio jurídico e
institucional gerou o assédio do eleitor comum.
Antes, votávamos, e fim de papo.
As contradições nos tribunais,
encontros secretos entre juízes, ministros e políticos, deixam uma população
desconfiada.
Todas as instituições estão sob
suspeita.
Até as insuspeitas, como as
cortes superiores (STF, STJ, TCU, TSE).
Até as entidades de classe
(Fiesp, CNI, CUT, CGT, Força).
Até a decisão das urnas pode ser
cassada por uma corte manipulada, suspeita, ou, na linguagem popular,
“vendida”.
A democracia enfraqueceu, como um
osso com osteoporose.
Ou se rompe, ou prótese nele;
numa cirurgia radical.
Salvemos a democracia.
Oremos pelo Brasil.’
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AGD comenta:
Realmente a violência vem
aumentando na política. E não foi só a ovada que ocorreu recentemente em São
Paulo, na cabeça do Doria, que se batiza como o anti-Lula.
Nesta mesma semana assisti a um
espetáculo grotesco do Senador Lindberg Farias, na Comissão de Ética do Senado
que me deixou atônito. O eterno estudante chamava, aos berros, todos de
palhaços, enquanto o presidente da comissão, um ancião, não tinha força para
contê-lo, e, pasmem, nem os seguranças.
Outros senadores tentaram intervir,
mas, sem sucesso. O Senador “mirim” tentava barrar o processo contra as
senadoras que comeram de marmita na mesa do Senado, em outro episódio lembrado
e lamentável, quando tentavam impedir que fosse aprovada a Reforma Trabalhista.
E, o pior de tudo, não foi o ato
do Senador na atitude de “meliante” e sim o resultado da votação da Comissão de
Ética que barrou o processo das comensais do “escuro”. Foi simplesmente
decepcionante.
E o que aconteceu com o Senador
Lindberg? Pelo menos, até agora, nada.
Só resta concluir como o autor do
texto acima transcrito: “Oremos
pelo Brasil”.
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