Por Carlos Sena (*)
Suponhamos que todos esses
protestos que invadem nossas ruas sejam, como defendemos, SEM VANDALISMOS.
Suponhamos também que a classe politica esteja com “medinho” do recado que os
jovens lhes mandam pelo GRITO DAS RUAS. Depois destas suposições, agora vamos à
“vaca fria”: se daqui pra frente todos os jovens fossem às ruas ordeiramente;
se com eles se enfileirassem os menos jovens e até os idosos, gatos, cachorros,
papagaios e periquitos, sem que uma só vidraça fosse quebrada, alguém duvida
que esses mesmos políticos que agora estão na “moita” não começavam a relaxar e
continuar na corrupção e na roubalheira?
É esse o medo que faz. Porque o
risco que corre o pau corre o machado e esse seria o preço dos dois: do pau
porque quebrá-lo contra prédios públicos provocaria a reação do “machado” que
teria que reagir cortando na carne com bombas de efeito moral, com balas de
borracha, barricadas, enfim, um arsenal de guerra... Porque no “frigir dos
ovos” boa parte da nossa classe política não está nem aí para estabelecer
politicas públicas que representem os anseios do povo por melhores condições de
vida. Pior: negociam a todo instante com as bases empresariais que lhes
elegeram. O outro lado dessa moeda também não pode sair desse contexto: se um
politico se elege comprando voto é porque há quem lhes venda esses votos.
Depois de eleitos ele não tem, de fato, compromisso com a população, pois o
voto ainda existe como mercadoria que quem tem dinheiro compra. Nesse episódio
atual dos nossos jovens nas ruas, há também que compreender que muitos deles
também têm rabo preso: ou votando sem conhecer os candidatos, ou vendendo o
voto, ou trocando o voto por favores, ou entendendo apenas que politica é coisa
dos políticos ou, como se dizia no passado, “coisa de homem”... Porque no
congresso nacional o que menos se vê é mulher. Não estaria na hora de repensar
essa “macharada escrota”, “essa corja de pastores e padres” igualmente escrotos
que o povo está botando lá dentro para nos representar? Lembrando também que a
corrupção não tem gênero e que tem muita mulher prefeita sendo presa por roubo
pelo país afora.
Sem vandalismo? É o que todos
queremos, mas corremos o risco de os políticos se acostumarem com isso e
ficarem das vidraças olhando o povo passar e rindo, cantando a musica de Chico
Buarque: “vai passar nessa avenida um samba popular”...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 20/06/2013
Pode até haver raras exceções. - Mas esses jovens que protestam e outros que depredam bens públicos e privados, se obtivessem umas migalhas dentro da corrupção, fechariam a matraca! - E os bárbaros querem destruir e estão destruindo o nosso patrimônio, que é público, mas construído com o nosso dinheiro! - Pois bem: esses arruaceiros são marginais, sem tirar nem pôr. - O que causa asco é saber que a OAB mantém advogados de plantão para requerem habeas corpus para soltar esses cafajestes! - A polícia prende, a OAB, por meio de um juiz, solta. - E nós, como ficamos? - Porque os políticos ordinários continuarão zombando nas nossas fuças e das nossas fuças./.
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