Por Zezinho de Caetés
Li o texto que transcrevo abaixo no último dia 06/08/2013,
do colunista da Veja.com, o Rodrigo Constantino, que versa sobre ética desde
seu título: “Ética subjetiva ou
inexistente?”. Talvez por causa dele mesmo, o senador Lobão Filho já se
arrependeu do seu intento, que era não incluir a palavra “ética” no juramento do código conduta dos senadores. Parece que
agora ela vai ficar por lá. No entanto, isto não tira a importância do texto do
Constantino.
Eu penso que a palavra “ética”
deveria entrar em cada texto produzido neste país e que fosse voltado para o
comportamento das pessoas. Mesmo até nos livros escolares. No fundo, e lá no
fundo, Ética é a responsável pela moral e pelos bons costumes. A diferença
entre eles é filosófica demais para ter importância. Vocês já pensaram o que
teríamos evitado se, nas primeiras letras, o meu conterrâneo Lula já tivesse
que perguntar à professora, o que seria a palavra “ética”. Quem sabe se hoje teríamos o mensalão?
Ainda bem que o Lobão desistiu da ideia e agora em seus
juramentos de posse os senadores terão que dizer que estão ali também pela “defesa intransigente da ética”. Tenho
certeza que ele ainda queria tirar o termo “intransigente”,
fazendo como o Delúbio Soares que disse um dia, ser “muita transparência” no uso dos recursos de campanha, uma “burrice”. Graças a Deus ele não o fez e
agora, os senadores continuarão a viver dentro da moral e dos bons costumes. Pelo
menos eu espero.
E os deixo com o economista Rodrigo Constantino para que
vocês meditem sobre a necessidade de agirmos eticamente em todas as situações,
como por exemplo, no momento de votar. Seria ético votar no PT em 2014? O Lobão
talvez responda sim, porque diz ser a ética algo subjetivo. E assim, de voto em
voto, objetivamente, o Brasil pode afundar. Ao terminarem a leitura vejam o vídeo, lá no final, que também foi gravado em agosto, mas de anos atrás. Sua atualidade é impressionante.
“A palavra “ética” não será mais incluída no juramento do código de
conduta dos senadores. O senador Lobão Filho (PMDB-MA), relator do projeto e
responsável por retirar o termo, disse ao Estado que obrigar os senadores a, no
juramento da posse, se comprometerem com a defesa intransigente da ética
poderia “dar margem a interpretações perigosas” e “gerar problemas de conflito”
no Senado. Para ele, a ética é “uma coisa muito subjetiva, muito abstrata”.
Eis o retrato do país em que vivemos. Nem mesmo o simbolismo de fazer
uma promessa que a grande maioria não vai mesmo cumprir, o senador quer!
Vivemos na era do relativismo moral exacerbado. Ninguém mais pode julgar o que
é certo ou errado. Não há critério algum para definir um código de ética
objetivo. Vale tudo.
Nem preciso dizer que esse tipo de postura e mentalidade favorece
apenas os piores. Quem deseja relativizar tanto assim o conceito de ética ou de
moral quer defender o antiético e imoral, invariavelmente. Jamais veremos um
George Washington da vida pregando a importância de não julgarmos o que é certo
e errado, pois cada um tem sua própria ética. Mas Lobão Filho sim. Veremos aos
montes pessoas como ele lutando para a suspensão de qualquer critério objetivo
de valores.
O exemplo vem de cima, e com o aval do povo, o que é pior. O
ex-presidente Lula (talvez eu devesse retirar o “ex”, já que a própria
presidente assume que ele nunca saiu de lá) é o grande mestre na arte de
relativizar a ética. Aquela que já foi outrora a bandeira principal de seu
partido, virou apenas uma palavra vazia, desprovida de sentido.
Lula e o PT argumentaram, após o mensalão, que tudo que fizeram foi
aquilo que outros também fazem. Fosse isso verdade, não seria justificativa nem
absolvição. Mas sequer é verdade. Nunca antes na história deste país se viu
algo como o mensalão, uma tentativa de golpe à democracia. Ética? Isso deve ser
coisa de pequeno-burguês, de moralista da UDN…
O mais grave é que o escândalo do mensalão eclodiu em 2005, antes, portanto,
da reeleição de Lula. Foi ali, nas urnas, que boa parte do povo brasileiro deu
seu aval ao relativismo ético e moral. À época, escrevi um texto de desabafo,
alegando que a ética seria jogada no lixo. Eis minha conclusão:
A bandeira da ética, sempre utilizada pelo PT, está completamente
esgarçada pelas traças do poder. E não obstante tudo isso, Lula será reeleito,
ao que tudo indica. Qual a mensagem que o cidadão brasileiro está mandando? O
crime compensa? Tanto faz roubar, contanto que pela minha causa? Se a reeleição
de fato se concretizar, parece que esse é o recado do povo. A ética será jogada
no lixo. Quando isso ocorre, normalmente o futuro da nação vai para o lixo
também. Pobres daqueles cidadãos honestos, que não compactuam com o crime nem são
complacentes com os corruptos. Pagarão o preço da irresponsabilidade e da falta
de ética da maioria do povo.
Lobão Filho é filhote dessa mentalidade, desse zeitgeist. Não
precisamos ser “puristas” e sonhar com “O Incorruptível”, até porque
Robespierre trouxe o Terror à França. Mas podemos – e devemos – exigir o mínimo
de conduta ética de nossos políticos. Não se relativiza impunemente um valor
tão importante para a sociedade. Uma ética tão subjetiva assim é uma ética
inexistente.”
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