Por Carlos Sena (*)
O povo está tomando as ruas para
protestar pelos absurdos, pelas ladroagens que tomam conta do país, pela falta
de educação e saúde dignas. O povo tá tomando conta, literalmente do que é seu:
as ruas. Fazendo dela o "segundo tempo" do seu título de eleitor
(aproveitando a copa) para dizer aos que se locupletaram do poder com ou sem
moral para isso, que o "buraco é mais em baixo". Ou é "mais em
cima"? Sei não. Mas, pode ser até no meio, aproveitando a onda do
politicamente correto e da união afetiva tão em moda. Fato é que o povo se
redescobriu, como que entendendo o que dizia Gregório Bezerra: "ninguém se
perde no caminho da volta". Independente do local do "buraco" o
povo sabe que ele existe e que não pode existir sem que seus donos sejam
respeitados.
Retomando as ruas, jovens deram
um show de bola (a copa de novo) porque seus "gritos" já deram
resultados: o congresso parece que acordou no susto! Já votou matérias que
estavam, igual gigante adormecido, deitadas e dormindo há tempos. Mas
considerando que misturados aos gritos das ruas, maus hálitos puderam ter
ocorrido, vale não perder o foco e ficar de butuca: "um olho no padre e
outro na missa"... Recado dado e recado entendido - é como podemos
entender. Por outro lado (há sempre um) outros recados no VAREJO precisam ser
dados. Se as ruas foram lotadas para gritar pelos males do poder público no
GROSSO, no varejo poderemos também gritar contra os poderes privados que são
regulados pelo público, senão vejamos: abuso das operadoras de telefones
celulares que não atendem à ANATEL, que vivem cagando na cabeça dos usuários e
estes se sentem desassistidos sempre; filas nos supermercados e nos bancos sem
que se respeitem as legislações vigentes; abusos de cobranças nos
estacionamentos dos shoppings e assemelhados; abuso dos flanelinhas nos centros
das grandes cidades com o beneplácito das autoridades públicas e privadas. No
tocante aos supermercados, não se suporta mais ver caixas e mais caixas
fechados e o povo numa fila imensa, pois o dito supermercado não quer gastar
com mais funcionários. Além disso, nós consumidores, vamos aos poucos sendo
empregados dos empresários de supermercados: quem não lembra quando havia um
caixa e, do lado, um embalador? Agora é o miserável do caixa que faz tudo.
Igualmente está se dando isso com os ônibus: o motorista vai aos poucos
dirigindo e sendo cobrador. Nesses aspectos, evidentemente, cada pessoa tem sua
reclamação.
Assim, as ruas estão cumprindo
com seu papel que há muito estava esquecido por nós. Já que acordamos, não
devemos "dormir". "Olho no padre e outro na missa" devem
nortear nossa vida cidadã. Porque afinal, os picaretas que colocamos lá não
sairão enquanto uma reforma política não for implantada. De uma coisa temos
certeza: "eles estão com o "C" na mão. Se colocar um talinho de
capim no fiofó deles corta na hora...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 29/06/2013
Uma pequena correção: quem disse que "ninguém se perde no caminho da volta" foi o paraibano José Américo de Almeida
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