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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Por que não um negro?




Por Zezinho de Caetés

Todos já sabemos a resposta à pergunta: “O que influenciará mais a próximas eleições para presidente?” Junto com aquele americano que respondeu a outro americano, eu responderia: “É a economia, estúpido!”.

Hoje ficamos todos de olhos abertos, com um sentimento dividido, procurando notícias sobre a economia brasileira, e fora a propaganda normal do governo, só vemos desastres. É o nível de emprego que baixa, é a inflação que sobe, é o real que baixa e o dólar que sobe, e por aí vai. A divisão do sentimento, para quem sabe que a situação que nos encontramos é culpa do que se fez com nossa economia nos últimos 4 anos por este governo petista e queremos nos ver livre dele, é que para que isto ocorrer mais celeremente a economia teria que piorar cada vez mais, e não podemos desejar isto para o nosso país.

Parece uma loucura quando ouvimos notícias como a que ouvi esta semana que nunca foi pior a criação de postos de trabalhos no mês de julho, por mais de 10 anos e de quando vemos o dólar mais alto que tivemos em muitos anos, e ficamos naquela indecisão se rimos ou se choramos.

Por um lado, pela queda do real em relação ao dólar, não ficamos muito tristes porque não queríamos viajar, como a classe média que só meu conterrâneo o Lula e sua criatura acham que está no paraíso. Ao mesmo tempo ficamos tristes porque não poderemos comprar aquele vinho chileno para o natal. E assim é a economia e seus mistérios, e está sendo o maior cabo eleitoral (apesar do Zé Serra) das oposições no Brasil. Ela tira de um e dá a outros como um Robin Hood às avessas, e faz uma redistribuição dos votos, grata ou ingrata.

E está perto, infelizmente, que os bolsistas familiares sintam no bolso o peso do que o PT está fazendo com nossa economia e que o está afetando para pior. Isto pode se ver pelas manifestações nas feiras livres e supermercados. Se as oposições conseguirem esclarecer que  tudo isto é culpa da Dilma e que tem os nove dedos do Lula, nenhum dos dois estará em Brasília em 2015. O que seria uma bênção para todos.

O nosso grande problema ainda é: Cadê nossas oposições? Marina esperando um partido. O Eduardo esperando o comando de Lula. O Aécio brigando com o Serra. E assim por diante. Espero que o Joaquim Barbosa ache que tudo isto não passe de uma grande chicana e se candidate para impedi-la como está fazendo o STF. Já tivemos um operário, já tivemos uma mulher e por que não  agora um negro? Dizem que o Lula o escolheu por sua cor, quem sabe não escolha outra vez?

Mas fiquem com um análise mais fria e calculista do Merval Pereira, cujo texto “O Fator Lula” publicado no Globo em 21/08/2013, trata também de todos estes tópicos, e é abaixo transcrito.

“A simples expectativa de que a economia piore com a possibilidade de a alta do dólar afetar ainda mais a inflação trouxe novamente à tona a pressão de grupos políticos e empresariais para que Lula venha a ser o candidato do PT em 2014.

Por enquanto não há, no entanto, maiores consequências decorrentes desse movimento, não apenas porque o próprio Lula não se mostra disposto a aceitar a nova missão, como também a recuperação da popularidade da presidente Dilma, embora pequena, permite que ela se mantenha como a candidata natural à reeleição, não havendo por ora qualquer indicação de que sua postulação está inviabilizada.

Ao contrário, continua liderando as pesquisas de opinião, embora mais vulnerável ao ataque dos adversários, notadamente a ex-ministra Marina Silva. Também agrada ao PSDB a recuperação de Dilma, que a recoloca no páreo, longe, porém, daquela situação em que todos consideravam praticamente certa sua reeleição, e afasta momentaneamente o fantasma de Lula.

Quem tem um problema a mais para tomar a decisão sobre o futuro é o ex-governador José Serra, que terá de fazê-lo sem ter certeza de qual será o movimento posterior de Lula. Além disso, agora Serra tem diante de si a possibilidade real de uma prévia interna.

Caso venha a ocorrer, a decisão de Lula de disputar só acontecerá próximo à data fatal, lá pelo final do primeiro semestre. Até lá haverá tempo suficiente para analisar a situação econômica do país e o balanço de forças partidárias. Mas o timing de Lula dependerá também da compatibilização com o tempo político do governador Eduardo Campos, que já está sendo pressionado a lançar-se candidato ainda este ano, com a devolução dos cargos no governo federal.

A possibilidade de ele vir a ser o real adversário da presidente Dilma no segundo turno já entra na análise de cenários de um banco como o JP Morgan, que o considera com mais chances de chegar ao segundo turno do que a ex-senadora Marina Silva ou o presidente do PSDB, Aécio Neves.

Por ser da base aliada do governo, de uma linhagem de esquerda tradicionalmente ligada ao ex-presidente Lula, o PSB poderia se tornar o escoadouro de votos de um eleitor descontente com o PT, mas disposto a votar em um projeto de esquerda moderna, que seria a base da campanha de Campos.

Ele uniria então a manutenção do projeto a uma visão de esquerda com a qualidade de gestão, que seria a base do projeto alternativo do PSDB, tendo à frente o senador Aécio Neves.

A base partidária do PSB, com seis governadores e 28 deputados federais, se não é comparável à do PSDB, que tem 8 governadores, entre eles, os de São Paulo e Minas Gerais, e as terceiras bancadas da Câmara e do Senado, é bem mais forte do que a da Rede Sustentabilidade de Marina, ainda dependendo de confirmação pelo Tribunal Superior Eleitoral.

Alguns pontos do processo do mensalão provocam polêmica devido à complexidade do nosso sistema jurídico, mas há também boa dose de má-fé nas discussões.

O Supremo Tribunal Federal nunca tratou, por exemplo, de embargos infringentes em ação penal originária, como a do mensalão. Por isso a discussão neste momento, em que ministros entendem que eles são admissíveis, e outros, não.

Os embargos infringentes já analisados pelo STF são de outro tipo de ações. A Lei 8.038, que trata dos processos nos tribunais superiores, não trata dos embargos infringentes, o que é um argumento a favor da sua inadmissibilidade. No entanto, não trata também dos embargos de declaração, e o Supremo os está analisando, o que seria uma contradição.


A explicação estaria no fato de que os embargos de declaração não têm o poder de mudar os votos, e por isso o STF os acatou, para evitar que o acórdão tenha omissões ou obscuridades. No caso dos infringentes, como eles determinam novos julgamentos, sua admissibilidade é discutível, inaceitável mesmo para alguns.”

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