Por Zezinho de Caetés
Todos já sabemos a resposta à pergunta: “O que influenciará mais a próximas eleições
para presidente?” Junto com aquele americano que respondeu a outro
americano, eu responderia: “É a economia,
estúpido!”.
Hoje ficamos todos de olhos abertos, com um sentimento
dividido, procurando notícias sobre a economia brasileira, e fora a propaganda
normal do governo, só vemos desastres. É o nível de emprego que baixa, é a
inflação que sobe, é o real que baixa e o dólar que sobe, e por aí vai. A
divisão do sentimento, para quem sabe que a situação que nos encontramos é
culpa do que se fez com nossa economia nos últimos 4 anos por este governo
petista e queremos nos ver livre dele, é que para que isto ocorrer mais
celeremente a economia teria que piorar cada vez mais, e não podemos desejar
isto para o nosso país.
Parece uma loucura quando ouvimos notícias como a que ouvi
esta semana que nunca foi pior a criação de postos de trabalhos no mês de
julho, por mais de 10 anos e de quando vemos o dólar mais alto que tivemos em
muitos anos, e ficamos naquela indecisão se rimos ou se choramos.
Por um lado, pela queda do real em relação ao dólar, não
ficamos muito tristes porque não queríamos viajar, como a classe média que só
meu conterrâneo o Lula e sua criatura acham que está no paraíso. Ao mesmo tempo
ficamos tristes porque não poderemos comprar aquele vinho chileno para o natal.
E assim é a economia e seus mistérios, e está sendo o maior cabo eleitoral
(apesar do Zé Serra) das oposições no Brasil. Ela tira de um e dá a outros como
um Robin Hood às avessas, e faz uma redistribuição dos votos, grata ou ingrata.
E está perto, infelizmente, que os bolsistas familiares
sintam no bolso o peso do que o PT está fazendo com nossa economia e que o está
afetando para pior. Isto pode se ver pelas manifestações nas feiras livres e
supermercados. Se as oposições conseguirem esclarecer que tudo isto é culpa da Dilma e que tem os nove
dedos do Lula, nenhum dos dois estará em Brasília em 2015. O que seria uma
bênção para todos.
O nosso grande problema ainda é: Cadê nossas oposições?
Marina esperando um partido. O Eduardo esperando o comando de Lula. O Aécio
brigando com o Serra. E assim por diante. Espero que o Joaquim Barbosa ache que
tudo isto não passe de uma grande chicana e se candidate para impedi-la como
está fazendo o STF. Já tivemos um operário, já tivemos uma mulher e por que
não agora um negro? Dizem que o Lula o
escolheu por sua cor, quem sabe não escolha outra vez?
Mas fiquem com um análise mais fria e calculista do Merval
Pereira, cujo texto “O Fator Lula”
publicado no Globo em 21/08/2013, trata também de todos estes tópicos, e é
abaixo transcrito.
“A simples expectativa de que a economia piore com a possibilidade de a
alta do dólar afetar ainda mais a inflação trouxe novamente à tona a pressão de
grupos políticos e empresariais para que Lula venha a ser o candidato do PT em
2014.
Por enquanto não há, no entanto, maiores consequências decorrentes
desse movimento, não apenas porque o próprio Lula não se mostra disposto a
aceitar a nova missão, como também a recuperação da popularidade da presidente
Dilma, embora pequena, permite que ela se mantenha como a candidata natural à
reeleição, não havendo por ora qualquer indicação de que sua postulação está
inviabilizada.
Ao contrário, continua liderando as pesquisas de opinião, embora mais
vulnerável ao ataque dos adversários, notadamente a ex-ministra Marina Silva.
Também agrada ao PSDB a recuperação de Dilma, que a recoloca no páreo, longe,
porém, daquela situação em que todos consideravam praticamente certa sua
reeleição, e afasta momentaneamente o fantasma de Lula.
Quem tem um problema a mais para tomar a decisão sobre o futuro é o
ex-governador José Serra, que terá de fazê-lo sem ter certeza de qual será o
movimento posterior de Lula. Além disso, agora Serra tem diante de si a
possibilidade real de uma prévia interna.
Caso venha a ocorrer, a decisão de Lula de disputar só acontecerá
próximo à data fatal, lá pelo final do primeiro semestre. Até lá haverá tempo
suficiente para analisar a situação econômica do país e o balanço de forças
partidárias. Mas o timing de Lula dependerá também da compatibilização com o
tempo político do governador Eduardo Campos, que já está sendo pressionado a
lançar-se candidato ainda este ano, com a devolução dos cargos no governo
federal.
A possibilidade de ele vir a ser o real adversário da presidente Dilma
no segundo turno já entra na análise de cenários de um banco como o JP Morgan,
que o considera com mais chances de chegar ao segundo turno do que a
ex-senadora Marina Silva ou o presidente do PSDB, Aécio Neves.
Por ser da base aliada do governo, de uma linhagem de esquerda
tradicionalmente ligada ao ex-presidente Lula, o PSB poderia se tornar o
escoadouro de votos de um eleitor descontente com o PT, mas disposto a votar em
um projeto de esquerda moderna, que seria a base da campanha de Campos.
Ele uniria então a manutenção do projeto a uma visão de esquerda com a
qualidade de gestão, que seria a base do projeto alternativo do PSDB, tendo à
frente o senador Aécio Neves.
A base partidária do PSB, com seis governadores e 28 deputados
federais, se não é comparável à do PSDB, que tem 8 governadores, entre eles, os
de São Paulo e Minas Gerais, e as terceiras bancadas da Câmara e do Senado, é
bem mais forte do que a da Rede Sustentabilidade de Marina, ainda dependendo de
confirmação pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Alguns pontos do processo do mensalão provocam polêmica devido à
complexidade do nosso sistema jurídico, mas há também boa dose de má-fé nas
discussões.
O Supremo Tribunal Federal nunca tratou, por exemplo, de embargos
infringentes em ação penal originária, como a do mensalão. Por isso a discussão
neste momento, em que ministros entendem que eles são admissíveis, e outros,
não.
Os embargos infringentes já analisados pelo STF são de outro tipo de
ações. A Lei 8.038, que trata dos processos nos tribunais superiores, não trata
dos embargos infringentes, o que é um argumento a favor da sua
inadmissibilidade. No entanto, não trata também dos embargos de declaração, e o
Supremo os está analisando, o que seria uma contradição.
A explicação estaria no fato de que os embargos de declaração não têm o
poder de mudar os votos, e por isso o STF os acatou, para evitar que o acórdão
tenha omissões ou obscuridades. No caso dos infringentes, como eles determinam
novos julgamentos, sua admissibilidade é discutível, inaceitável mesmo para
alguns.”
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