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segunda-feira, 12 de agosto de 2013

DO QUE SEMPRE OUVI DIZER, ORA DIREIS




Por Carlos Sena (*)

Sempre ouvi dizer que politica, futebol e religião não se discutem. Algo como “ CU” que cada qual tem o seu, quero dizer, sua opinião. Por isso não se deveria discutir, porque discutir implicaria necessariamente emitir opinião. Mas, ora direis como viver num mundo sem politica? E sem opinião? Porque a politica não existe na a lógica dos partidos, mas na da vida por ela e para ela no seu sentido mais intersubjetivo. Há quem diga que não vive sem mulher; há quem também diga que não vive sem politica ou mesmo sem religião e sem futebol. Mas, ora direis o que finalmente vale na vida além ou diante do fato politico, sexual, esportivo? Francamente eu não sei à luz dos outros, mas à luz da minha ótica talvez eu pudesse esboçar o sentir da vida: mais pelo sentimento  que o fato politico deixa; mais pelo consentimento que o ato sexual não deixa; mais pela insensatez que o futebol proporciona a tantos.

Sempre ouvi dizer que “numa mulher não se bate nem com uma flor”... Mas num homem se bate com quê? Com um martelo, com uma picareta, com uma pá? Ou com um lírio do campo daqueles que São José carrega consigo? Mas, ora direis onde entra o politicamente correto que tanto se empordera as discussões nos becos, nas ruas e nos alagados? O politicamente é correto ou é o reto que politicamente degenera nas questões genéricas da sexualidade? Como se vê, o politico não é uma opinião, mas um estado de espírito nem sempre santo, mas santificado nos altares das nossas consciências. Porque, a rigor, não se deve bater com uma flor numa mulher, nem com um lírio em nenhum homem. Onde entra a violência, mesmo aquela disfarçada de “tapa de amor não dói” acaba doendo de “vera” e então o caldo pode entornar e descambar para o inesperado.

A civilização do amor veio acabar definitivamente com a do olho por olho e dente por dente. Mas, mesmo no amor a politica se estabelece como conteúdo, não como forma. No conteúdo que contém a ética que exige do amor cumplicidade. Mas, ora direis, onde deseja o pobre articulista chegar nessa sua prosa despojada de singularidades? E então eu lhes direi: na singularidade desta prosa há prova de que na vida não vale tergiversar por nada. Porque por tudo se gasta quando se revela, mas sem a revelação não se alcança o desgaste do progresso e das perdas e ganhos tão próprios da vida por si mesma ensimesmada.

Sempre ouvi dizer que em briga de marido e mulher não se mete a colher. Mas, ora direis, com quantos paus se faz uma canoa para entender mulher? Que noites turvam os gatos e os tornam pardos para entender homem? Que tempestades nos assolam sem que tenhamos um dia plantado ventos para entender gente? Que destinos nos reserva o futuro se o futuro não nos pertence para nada entender?

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 06/07/2013

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