Por Zé Carlos
O filme da UOL que resume a semana que passou, não poderia
deixar de tocar na briga, quase de rua, entre o Joaquim Barbosa e o
Lewandowski. Nem uso os títulos funcionais porque acho que o que o filme contêm
a respeito deles, quase não se refere a ministros de nossa Suprema Corte. Eu
acompanhei com a atenção de um cidadão brasileiro todo o julgamento do mensalão
e até li alguns livros sobre ele. Pude acompanhar a eterna querela entre estes
dois ministros que, para mim, passaram a representar o desejo excessivo de
punir (o Joaquim Barbosa) e o desejo excessivo de não punir (o Lewandowski).
Desde o primeiro momento, o Joaquim Barbosa, como relator do
processo, procura, a todo custo, condenar todo mundo e depois tenta soprar as
feridas, e o Lewandowski faz todos os esforços possíveis para que o processo se
arraste por quase toda a eternidade, e quando menos se espera, ele começa a dar
celeridade a ele, como num passe de mágica.
Para mim, leigo de pai e mãe neste matéria de júri e de
processos, porque minha única experiência disto foi, quando jovem, lá em Bom
Conselho, ir à prefeitura, lá na Praça Lívio Machado, para ver os trejeitos do
professor Arlindo nos júris que ali se realizavam, e me deliciar com a oratória
dos advogados, penso que ambos estão cobertos de razão em defender cada um o
seu ponto de vista, exercendo seus direitos de se expressarem mas, fazendo “um ponto fora da curva” no que se pode
chamar de justiça humana.
Ficam tão evidentes o “partidarismo”
de ambos, e seus objetivos, um de condenar e outro de inocentar, um correndo
demais e outro parando demais, que nossa sorte é porque há 11 pessoas
envolvidas e delas é que deverá vir uma decisão mais equilibrada. Eu penso, com
os meus parcos recursos, que depois de seis anos de andamento do processo e um
de julgamento, o que seria mais sensato seria que o resultado fosse mantido
como já foi oficialmente publicado. Penso que alguém errou e alguém tem que
pagar pelo erro e isto já foi tão discutido que, alegar agora, como fez um dos
citados, perguntando “por que a pressa?”
soa como um deboche aos ouvidos do cidadão.
E nesta época de hipersensibilidade social e política a
tentativa de não terminar o julgamento através de chicanas (coisa de advogados
mas não de juízes) pode ser até perigoso para nossa paz social. Será difícil
para qualquer um cidadão brasileiro que se interesse pelo menos um pouco pela o
futuro do Brasil, ver que por alguns comportamentos de nossos magistrados
fiquemos sem julgar pelo poder que têm
os julgados. Se justiça tardia não é justiça, imaginem a que nunca é feita.
Então, não nos resta a nós pobres mortais e quase sem
poderes nada na nãoser rir com o filme que trata do caso, sem pressa e nem chicanas.
O outro assunto do filme é mais hilariante. Ele trata de um
tema que é inusitado porque é sobre algo que é um segredo de justiça e que
parece, só a justiça não sabe a respeito. A acusação da formação de cartel por
parte de empresas para ganharem concorrência de forma não legal, em alguns
estados, com a promessa de se espraiar por outras esferas de governo é sui generis porque o mais ilustre dos
acusados já está morto, e como tal, não pode responder mais pelos seus atos, o
Mários Covas. Sobrou também para os vivos, no bom sentido, José Serra e
Alckmim, também ex-governadores paulistas, e que vivem agora tentando dar
explicações sobre o que, oficialmente, é sigiloso.
O que faz do tema um assunto para um filme de humor são mais
os trejeitos dos envolvidos nas explicações, do que a mais importante causo do
fato: começou a campanha política, e com ela os horrores e suplícios pelos
quais passa a Verdade. Então não tem jeito: Rir é o melhor remédio.
Agora, como dizem, venhamos e convenhamos, o melhor do filme
mesmo é a última parte, que explora o fato do José Serra querer ainda se
candidatar a alguma coisa, e talvez ainda à presidência da república. Eu, que
um dia fui economista e admirei o Serra como tal, e votando nele, mesmo
discordando um pouco dele ali e acolá, hoje o vejo também como alguém que já faz
rir quando fala de intentos em se candidatar a alguma coisa, pelo seu histórico
na área. Eu nunca fui um político porque jamais saberia pedir o voto de alguém,
já outros como Serra, hoje me levam ao riso pela capacidade em não poder viver
sem pedir votos. Penso que há um limite para se parar, e chega o momento, caso
não haja jeito mesmo, que se faça isto pedindo os votos para Academia
Brasileira de Letras ou para ser o síndico do condomínio.
E fiquem abaixo com o roteiro do filme feito pelos
produtores e vejam logo abaixo o filme em si. Se não conseguirem rir não façam
chicanas, porque na próxima semana tem mais.
“O julgamento do
mensalão voltou! E com ele os arranca-rabos entre os ministros Joaquim Barbosa,
o Batman brasileiro, e sua principal vítima, Ricardo Lewandowski. Desta vez,
Barbosa rodou a chicana e acusou o colega de fazer baiana... Ops! Rodou a
baiana e acusou o colega de fazer chicana, isto é, de atrapalhar o andamento do
julgamento. A semana também foi marcada por protestos contra o governador de
São Paulo, Geraldo Alckmin, que disse que o Estado é vítima do cartel do Metrô,
e por José Serra anunciando que será, acreditem, candidato a alguma coisa em
2014.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário