Por Zezinho de Caetés
Desde a época do Lula, com o Celso Amorim, que o Brasil
entrou num desvio à esquerda em sua política internacional, que sempre pecou
pela falta de originalidade (seguindo sempre seus parceiros do socialismo
bolivariano da América Latina), deixando de lado os tempos idos do Barão do Rio
Branco, e aliando-se a ditadores de todos os credos.
Com a chegada de Dilma e com o cargo de ministro das
relações exteriores ocupado pelo Antonio Patriota, tudo continuou na mesma
coisa. E este é quase o título do texto do Merval Pereira que transcrevo abaixo
(“Tudo a mesma coisa”, publicado em
o Globo em 27/08/2013), que mostra com a competência de um imortal, porque, em
termos de política internacional, vamos mal na fita.
Com os episódios recentes do senador boliviano que vivia em
condições sub-humanas na Embaixada Brasileiras naquele país e com a vinda de
médicos cubanos dentro do programa Mais Médicos, tudo soa mesmo com uma
catástrofe para o nosso país. É a mentira, que já era um ponto constante na
política interna, agora transformada em arma fundamental também na política
externa.
Pelo jeito, o uso da ditatura cubana foi tão usado pelos que
hoje estão no governo que a boca ficou torta, voltada para esquerda e com
sequelas irreversíveis. Tudo é feito para agradar o Fidel no seu leito de
morte, e que se dane o povo cubano e o povo brasileiro. A discriminação oficial
dos pobres, vestindo a auréola da ajuda, é um fato degradante. Quando se
pergunta por que os médicos não precisam fazer o teste de aptidão obrigado por
Lei, se diz que para o que eles vão fazer não precisa teste. Ou seja, os pobres
não precisam de médico, precisam apenas de homes de branco e que dizem serem
médicos.
No caso do senador boliviano, o imortal mostra as
contradições de política externa que cercam o caso, embora o mais importante
seja o sofrimento de um ser humano doente num cubículo infecto de uma embaixada
para não ferir os brios de um índio que nunca foi índio e cuja diversão é
colocar o Brasil de joelhos com exigências descabidas, com fez no caso da
Petrobrás, e que o Lula correu feito ele fazia em Caetés quando roubava uma
laranja e ouvia um grito do dono do quintal.
É uma verdadeira tristeza ver a que chegamos neste fim de
governo petista. O Brasil sairá muito pior do que entrou, e muito “mais pior” ainda se não acabar com o Zé
Dirceu e et caterva na cadeia, sendo tratado por um médico cubano, que não
fosse médico e sim seu colega nas aulas de guerrilha em Cuba.
Fiquem com texto do Merval, que eu vou passar as notícias
para ver qual a penúltima “obrada”
deste governo.
“O caso do resgate do senador boliviano que acabou determinando a
demissão do ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota tem a ver com o
dos médicos cubanos, tudo junto e misturado cabe na mesma geleia geral da
concepção de política internacional dos governos petistas, que não se pejam de
serem usados por seus parceiros regionais de ideologia.
É evidente que o encarregado de negócios da embaixada brasileira na
Bolívia, Eduardo Saboia, que por conta própria decidiu dar fim ao cativeiro de
mais de um ano do senador Roger Molina, não poderia tê-lo feito à revelia de
seus chefes hierárquicos, por mais razão que tivesse para indignar-se com a
situação.
Cabia a ele a tarefa indigna de proibir o contato de Molina com outras
pessoas, e assistiu de perto à angústia e à depressão tomarem conta de uma
espécie de prisioneiro do governo brasileiro por obra e graça de uma decisão
política do governo boliviano.
O governo da Bolívia age exatamente como o da Inglaterra, que impede a
saída do país do mentor do WikiLeaks, Julian Assange, apesar de o Equador ter
concedido asilo político a ele. Mas o presidente equatoriano, Rafael Correa,
não mede esforços para defender o direito de asilo, enquanto o governo
brasileiro, pelos relatos do próprio Saboia, colabora com o da Bolívia,
montando um grupo de trabalho fictício para tratar do assunto, enquanto o tempo
vai passando.
Enquanto Assange dá entrevistas no interior da embaixada do Equador em
Londres, o senador Molina estava praticamente em cárcere privado. Não foi a
mesma a atitude tomada pelo governo brasileiro quando Manuel Zelaya, deposto da
presidência de Honduras dentro das regras constitucionais, bolou um plano, apoiado
na época por Hugo Chávez, para tentar voltar ao poder.
Usou para isso a embaixada brasileira, onde passou a fazer reuniões
políticas e a dar entrevistas para o mundo contra o novo governo. A
subserviência do governo brasileiro aos países alinhados à ideologia
esquerdista não tem limites e geralmente está ligada a tentativas de golpes
institucionais.
O apoio a Zelaya não deu certo porque o povo hondurenho não o queria de
volta ao poder, mas, dentro das organizações regionais que dominam, como o
Mercosul, o golpe no Paraguai surtiu o efeito desejado: abrir caminho para a
entrada da Venezuela no bloco.
O governo brasileiro utilizou-se de um pretexto, a deposição do
presidente Lugo, para não aceitar as regras constitucionais daquele país e
puni-lo com a suspensão do Mercosul, para alegadamente defender a “cláusula
democrática” do bloco. E quem acabou sendo aprovado para integrá-lo?
A Venezuela de Chávez, que, como dizia o ex-presidente Lula, tinha
“democracia até demais”. Conseguido o objetivo, agora o Mercosul já aceita o
Paraguai de volta, mas quem não quer agora é o presidente Horácio Cartes, que
já se aproxima do bloco da Aliança Atlântica e diz que não se sente bem ao lado
da Venezuela.
O caso dos médicos cubanos tem a mesma raiz ideológica. Cuba ganha mais
com a exportação de médicos do que com o turismo, isso porque o dinheiro do
pagamento individual é feito direto ao governo cubano, que repassa quantia
ínfima aos médicos. Tudo já estava acertado, sabe-se agora, há mais de um ano,
e as manifestações de junho foram o pretexto para pôr em prática a ajuda ao
governo cubano.
O governo brasileiro não apenas aceita essa mercantilização de pessoas
como dá apoios suplementares: enquanto as famílias de médicos de outras
nacionalidades podem vir para o Brasil, o governo brasileiro aceita que o
governo cubano mantenha os parentes dos médicos enviados ao Brasil como reféns
na ilha dos Castro. E, para dar outra garantia adicional, adianta, através do
advogado-geral da União, que o médico que porventura pedir asilo político não o
receberá.
Muito mais do que discutir a qualidade dos médicos cubanos, criticada
pelas associações médicas brasileiras, interessa discutir as imposições que o
governo brasileiro aceita por parte de seus parceiros ideológicos no
continente, o que o faz abrir mão de valores que sempre foram predominantes na
nossa política internacional: a proteção dos direitos humanos, a garantia da
liberdade de ir e vir, que não podem ser abandonados por um país que (ainda)
defende os valores democráticos.”
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