Davi e Miguel |
Por Zé Carlos
Por falta de tempo, justamente por ir outras vezes ver os
meus netos, o Davi e o Miguel, parei de contar as aventuras de viagem do seus
pais, que se transformaram em nossa aventura, minha e da Vovó Marli, ao
ficarmos responsáveis por eles. Da última vez que escrevi para eles, no futuro,
eu me empolguei no caso da natação e não narrei o restante das emoções desta
viagem.
Agora volto ao ponto de onde parei introduzindo outros
tópicos em nossas aventuras, tentando diminuir a empolgação para terminarmos
este período de viagem e começarmos a incluir outros testemunhos importantes para
que o Davi e Miguel me leiam, sem contestações por incompletude. Meu sonho é
que um deles, ou mesmo os dois, seja o herdeiro deste blog, mas, isto é coisa
ainda para um futuro distante e ainda incerto.
Um dos pontos altos da viagem foi a festinha de aniversário
que fomos com eles e, bancando o verdadeiro avô, eu caí nas brincadeiras com o
palhaço, junto com os pais, e fui a grande atração. Não pela minha performance
em si, mas, pelos meus cabelos brancos, que, antes das pinturas, revelava a idade. Adorei ver o Davi fazer as
pazes com o palhaço de quem tinha medo anteriormente. Agora ele diz que só tem
medo de palhaço de circo, dos palhaços de festa, não. Será por isso que não
vemos crianças no Congresso? Eu senti saudade até de quando tinha um corpo do
tamanho dos deles, para cair na piscina de bola. Em minha época, daquele
tamanho, não havia nem piscina, quanto mais bolas. Foi uma noite agradável e o
Davi e o Miguel “botaram prá quebrar”, ou para me quebrar. Mas, o Vovô Zé saiu
quase ileso, salvo, alguns músculos doídos, no outro dia.
A festa foi tão agitada que eles ao chegarem em casa não
tiveram coragem de entrar nas brigas tradicionais de irmãos e dormiram rápido e
feito pedras até a manhã seguinte. Por falar em brigas, eu penso que o grande
problema que tivemos, durante este período, foi administrar as brigas dos
irmãos. Lembro que meu pai resolvia isto usando um princípio que eu, por ser
mais velho, achava extremamente injusto: O
mais novo sempre tinha razão. E eu sofria muito com minha irmã mais
próxima, pois sabia que, muitas vezes, eu não tinha “feito nada” com ela. Diante desta experiência, tentei colocar em
prática alguns outros métodos para lidar com as brigas entre Davi e Miguel.
Mas, eram tantas e por tantos motivos, que fiquei pensando que o meu pai era um
iluminado, prático e estava certo. E, coitado do Davi, o mais velho. O Miguel
também aprontava das deles. No final terminava tudo entre tapas, beijos e
abraços, além de algumas escoriações leves.
Eu fiquei observando, e é uma das coisas que faço sempre, a
diferença das crianças de hoje e as de ontem, e o motivo das brincadeiras e das
brigas. Um dos motivos jamais poderia existir em minha época. A briga por um
computador que chamam agora de IPad ou “tablet”em
que os meninos adoram passar o dedo. Era a tecnologia espalhando a discórdia
entre irmãos. Será que eu já vi isto em alguns outros lugares?
Uma das coisas que, mesmo além da viagem, ainda se repetem é
a nossa ida à ACES. Para algum incauto, além de Davi e Miguel no futuro, que
leia este escrito, ACES é um conjunto de escolas em Caruaru que dá nome a uma
praça muito agradável onde eu sempre levava lá os meus netos. Quase todo dia o
Miguel, em seu linguajar peculiar dizia:
- Acés, gatinho!
Eu já sabia que ele queria ver os gatinhos na praça da ACES.
Levava o lanche do gatos, colocava Miguel na “cacunda” e o Davi vinha com a avó e lá íamos nós para a grande
aventura. Lá não havia só gatos, e sim cachorros, burros, cavalos e até bois.
Normalmente, em cidades do interior os zoológicos não são desnecessários. Os
animais estão na praça, e divertem as crianças, além de obrarem nas ruas. Foi
numa dessas andadas que cruzei com alguém que espirrou. O motivo de citar isto
aqui são as consequências do espirro. Mesmo tomando minha vacina de gripe, com
minha carteira atualizada, penso ter sido este espirro de um vírus diferente,
que me levou, ao voltar desta aventura, a uma gripe que fazia tempos não
encontrava tão forte.
A Vovó Marli, que é virologista, disse que o vírus pode ter
sido aqueles com que o Davi e o Miguel, trouxeram de sua escola. Eu até hoje
fico com a versão do espirro na praça, pois não acredito que mesmo os vírus dos
meus netos me façam mal. Eu penso que foi uma overdose de “Vitamina N”. Agora já estou curado, e como dependente desta
vitamina, ainda terei mais histórias para contar.
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