“Erro de cálculo
O Estado de S. Paulo
Políticos vivem de votos. Por
essa razão, à medida que uma eleição se aproxima, quem depende de voto procura
não melindrar seu eleitor. É natural, portanto, que as avaliações políticas a
um ano da próxima eleição para a Câmara dos Deputados levem em conta, como
sempre, o eventual desgaste causado pela aprovação de medidas consideradas
impopulares. Assim, como mostrou recente reportagem do Estado, os líderes dos
principais partidos da base do governo ponderam que, daqui para a frente, será
muito difícil votar projetos destinados a melhorar o estado lastimável das
contas públicas, pois acreditam que, se o fizerem, perderão votos. Trata-se de
um gritante erro de cálculo.
É improvável, a esta altura do
campeonato, que uma parte considerável do atual Congresso consiga sobreviver ao
teste das urnas mesmo que se empenhe em aprovar matérias de forte apelo
popular, como na área de segurança pública, por exemplo. Não é despropositado
presumir que a taxa de renovação da Câmara será alta, em razão dos muitos
escândalos de corrupção e da deterioração acentuada da confiança dos cidadãos
em seus representantes. Mesmo que prometam os céus e se entreguem ao populismo
desbragado na campanha, os políticos com mandato terão considerável dificuldade
para convencer seus eleitores de que merecem continuar no Congresso.
Nem é preciso perguntar como o
Congresso chegou a esse ponto. O País parece ser a última das preocupações de
uma grande parcela dos deputados e senadores, hoje muito mais empenhada em se
safar do torvelinho de denúncias e em manter seus feudos de influência na
máquina pública do que em discutir e aprovar as matérias que poderiam ajudar a
reduzir o descalabro econômico legado pelas irresponsáveis administrações
lulopetistas.
Esses parlamentares, pela força
do hábito, parecem incapazes de pensar em outra coisa senão em obter vantagens
do governo em troca de seus votos. A um ano da eleição, contudo, nem o
costumeiro fisiologismo parece suficiente para fazer os políticos da base
aliada votarem nos projetos de interesse do governo que formalmente dizem
apoiar.
Entre essas medidas estão, por
exemplo, o aumento de alíquota da contribuição previdenciária para servidores e
o adiamento do reajuste do funcionalismo público. “Para essa pauta de desgaste,
vai ser muito difícil ele (o presidente Temer) contar com número suficiente da
base para aprovar. Os partidos podem até encaminhar a favor, mas não terá
correspondência nas bancadas”, disse o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA).
Já o líder do PRB, deputado
Cleber Verde (MA), disse que “essa agenda impopular é ruim para o deputado” e
que os parlamentares já enfrentarão desgaste suficiente derrubando a segunda
denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer, como se prevê que
aconteça em votação na próxima quarta-feira.
Diante dessa resistência, não se
espera nem mesmo que a mais tímida das reformas da Previdência – que, segundo
pretende o governo, estabeleça uma idade mínima para as aposentadorias – venha
a ter apoio neste momento. Até o líder do PMDB – partido de Temer – na Câmara,
Baleia Rossi (SP), considera que essa “reforma enxuta” é “apenas uma das
medidas que têm de ser adotadas, mas não é a mais importante, aquela que, se não
votar, o País acaba”.
Como se observa, esses políticos
parecem não ter entendido o gravíssimo momento que o País vive. Muito tempo já
foi perdido pelo governo e por sua base no Congresso em razão da paralisia
gerada pelos escândalos de corrupção, e agora que, finalmente, se pode retomar
a agenda de interesse nacional, os parlamentares avisam que só estão pensando
nas urnas.
Se esses políticos acreditam que
podem reconquistar seus eleitores por meio da demagogia de sempre, estão
enganados. Hoje, a única coisa que poderia melhorar a imagem dos parlamentares
– e render os tão desejados votos – seria a conscientização de que o País não
suporta mais tanta irresponsabilidade.”
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AGD comenta:
O que é realmente difícil hoje,
no Brasil, é sair do assunto das eleições de 2018. Para alguns ela pode ser a
panaceia para todos os males brasileiros e para outros poderá levar o país a
uma situação pior.
O texto que acima transcrevemos é
um editorial de domingo do Estadão. Penso que por muito tempo ele poderia ser
reproduzido sem perder a atualidade. Os nossos parlamentares agora só “pensam naquilo” como diria aquela personagem da Escolinha do Professor Raimundo, ou
seja, se reeleger e manter o foro privilegiado.
E o que se prever, como já vem
ocorrendo com a guerra à Operação Lava Jato, eles serão contra a tudo que
possam mexer nos seus privilégios. Se assim continuar e tiverem êxito só
entrará na cadeia quem tiver um contracheque de baixo valor, e bem pequeno. E,
para os políticos a palavra prisão sairá do vocabulário.
E eu como cidadão, o que posso
fazer além de reclamar da situação. Bem, a nossa única arma nesta briga é o
voto, mas, não só o nosso voto individualmente, pois uma andorinha só não faz
verão. Mas, se juntarmos as andorinhas em cima do Congresso, Palácios e
Assembleias Legislativas, poderemos fazer um barulho capaz de fazer despertar
esta instituições para o que estão fazendo com o Brasil.
O grito da andorinha é não votar
em ninguém que tiver movido uma palha indo contra a luta contra a corrupção.
Sei que é um grande problema encontrar um parlamentar atual que possa ser
votado, mas, para ser justo, como sempre tento ser, existem. Ou seja, quanto
maior o barulho das andorinhas maior a taxa de renovação dos postos eletivos.
É óbvio que isto não funcionará para
as andorinhas viciadas e um ou outro escapará do barulho, mas, não nos custa
nada tentar. Mesmo porque, dentro da nossa incipiente Democracia que deve ser
aprimorada, não há outra alternativa. Ou é o voto ou o caos.
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