“‘Torpezas e vilezas’
Por Eliane Cantanhêde
O confronto entre o presidente
Michel Temer e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, virou uma guerra desde que
o PMDB sabotou as articulações do DEM para atrair deputados do PSB e Maia
aderiu ao vale-tudo. Não só jantou com os piores inimigos de Temer no PMDB,
como Renan Calheiros e Kátia Abreu, como agora é acusado de postar no site
oficial da Câmara as acusações frontais do “operador” Lúcio Funaro contra o
presidente da República.
O menor problema de Temer é a
oposição do PT, PC do B e PSOL, porque ele está mesmo é às voltas com os
aliados e com o potencial deletério de Maia sobre a tramitação da segunda
denúncia da PGR e das futuras medidas de interesse do governo na Câmara. Bater
de frente com a oposição é natural, com os próprios aliados é um risco imenso.
Para falar direto com sua base,
sem mediação do presidente da Câmara, Temer enviou carta para deputados
reagindo às “torpezas e vilezas” contra ele, inclusive a delação de Funaro, que
Maia potencializou pela internet. Para o Planalto, Maia fez propaganda a favor
de Funaro e contra Temer.
Para piorar, à delação de Funaro
vêm se somar a do ex-deputado do PP Pedro Corrêa e a operação da PF no gabinete
e nas casas do deputado Lúcio Vieira Lima. Corrêa relata a partilha nojenta de
dinheiro público para o PMDB. E Lúcio é famoso por ser irmão do ex-ministro
Geddel, que foi parar na Papuda após a polícia estourar seu bunker com R$ 51
milhões.
A operação contra o deputado
ocorre por determinação da procuradora-geral Raquel Dodge e ocorreu (por
acaso?) na véspera do julgamento de Aécio Neves no plenário do Senado, que opõe
o Legislativo ao Judiciário. A tendência é de os senadores dizerem não à
Primeira Turma do STF e ao afastamento de Aécio do mandato.
E, apesar de ainda estar em meio
a um confronto com o Legislativo, o STF já se meteu numa nova confusão, agora
com o Executivo. Temer e os ministros Aloysio Nunes Ferreira (Itamaraty) e
Torquato Jardim (Justiça) já decidiram virtualmente extraditar o italiano
Cesare Battisti, mantido no Brasil pelo presidente Lula no seu último dia de
mandato. Mas a Primeira Turma do STF vai decidir, no dia 24, terça-feira que
vem, sobre um habeas corpus apresentado pela defesa dele.
Vem mais divisão por aí!
Primeiro, entre os próprios ministros da turma, que podem chegar a 4 x 4, já
que o quinto voto seria de Luís Roberto Barroso, ex-advogado do italiano e,
portanto, passível de se declarar impedido. Se assim for, o caso vai para o
plenário, ainda de ressaca pelo julgamento sobre medidas cautelares para
parlamentares. O risco é entrar zonzo e confuso no novo embate.
Então, temos Temer versus Maia,
PMDB versus DEM, STF contra Legislativo, agora STF contra Executivo e as
delações correndo soltas: Lúcio Funaro contra o PMDB, Pedro Corrêa contra o
PMDB, Geddel Vieira Lima é considerado 100% pronto para delatar... o PMDB.
No centro de tudo está Temer,
porque, quando se fala de PMDB, Eduardo Cunha, Geddel e Lúcio Vieira Lima, o
delator Funaro, a divisão no Supremo, a insubordinação de Rodrigo Maia, o
destino imediato de Aécio Neves e até a extradição ou não de Cesare Battisti, a
pergunta automática é: como isso afeta o presidente da República?
Não só porque o regime é
presidencialista, mas também porque Temer é campeão de impopularidade, alvo de
algo inédito, a segunda denúncia da PGR, e presidiu durante anos o PMDB, partido
que está “em todas”. As previsões de crescimento da economia são revistas para
cima, o mercado está animado, as pessoas voltam a comprar. Mas, se a economia
descolou da política, Temer não se colou na economia.”
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AGD comenta:
Lendo o texto acima senti-me num daqueles octógonos de luta livre onde
todos brigam contra todos. O Brasil virou um ringue. E parece que, a partir de
certas decisões judiciais, está sem o juiz. Vale dedo no olho, chute na barriga
e arrancar os cabelos.
A pergunta mais frequente é: Será que este país que um dia foi
abençoado por Deus e bonito por natureza, resistirá. Ou pelo menos estará de pé até 2018 quando
outros lutadores, digo dirigentes serão eleitos?
Seria preciso uma bola de cristal e bem grande para ter alguma certeza.
Por opinião otimista eu acho que chega e o Brasil resistirá. Já tivemos tempos
ruins e passamos por eles. Rezemos ao senhor.
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