“Quadrilha olímpica
Por Mary Zaidan
A compra de votos para que o Rio
de Janeiro sediasse os Jogos Olímpicos de 2016 não é novidade – foi detonada em
Paris no início do ano. Tampouco o vício do ex-governador Sérgio Cabral pela
corrupção ativa. O que espanta na prisão de Carlos Arthur Nuzman, suspenso
temporariamente da presidência do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), é o fato de
a questão ter se limitado ao noticiário esportivo.
Pouco sobre a Copa do Mundo de
2014 e a Rio-2016 dizia respeito ao esporte. Ambos eventos enriqueceram os
amigos do rei, energizaram candidaturas de petistas e aliados, e empobreceram o
país.
O delator da trama pró-Rio-2016,
Eric Maleson, que presidiu a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo, diz
que procurou as autoridades francesas depois de o governo da então presidente
Dilma Rousseff ter “abafado” as denúncias que ele fizera, em 2013, à Polícia
Federal. Ele afirma que a PF trabalhou com afinco e avançou muito, mas teria
sido impedida de continuar - “por Brasília”.
Nem Dilma, nem Lula reagiram à
acusação. Nenhum pio.
O interesse de trazer os jogos
para o Brasil compunha a megalomania do ex-presidente Lula, custassem o que
custaram, ou mais. E foi caríssimo. Uma conta a ser paga por várias gerações.
Estima-se que foram gastos em
torno de R$ 30 bilhões com a Copa e outros R$ 37 bilhões com a Olimpíada do
Rio. Mas a conta é infinita.
No caso do Rio, que até conseguiu
acelerar obras do metrô e do BRT, além de concluir uma gigantesca intervenção
urbana na área central, os equipamentos construídos para os jogos se
deterioraram com rapidez acelerada.
Nada dos prometidos parques
populares e áreas de treinamento de modalidades esportivas. O pouco que
continua em pé foi salvo pelo investimento privado do Rock in Rio, com a
transformação de parte do parque olímpico em Cidade do Rock.
E Deus salve o rock.
Além da amargura dos 7 x 1
sofridos pela seleção canarinho para a Alemanha, o mundial de 2014 deixou
estádios moderníssimos e superfaturados, que exigem fortunas mensais dos
governos estaduais para evitar que eles sejam ocupados pelas baratas.
A arena Pantanal acumula prejuízo
superior a R$ 8 milhões depois de ter consumido R$ 628 milhões para ser
construída. A de Pernambuco amarga vermelho semelhante e exige R$ 860 mil por
mês em manutenção. E o escândalo maior – o Mané Garrincha, no Distrito Federal
–, cuja reforma bateu em R$ 1,8 bilhão, gasta algo em torno R$ 8,4 milhões ao
ano para se manter.
Tudo pago com dinheiro do cidadão
que trabalha para quitar impostos e que quase nada recebe em troca. Por gente
que o fisco insiste em chamar de contribuinte, mas que, certamente, não desejaria
contribuir com tamanho desatino.
Nem os bilhões superfaturados com
as arenas da Copa e nas obras olímpicas, nem as 16 barras de ouro de Nuzman,
encontradas em um depósito de luxo na periferia de Genebra, poderiam ser
amealhados apenas a partir da esperteza de uns e outros.
Ao que tudo indica, Nuzman teve
sinal verde para comprar juízes olímpicos. Pagou por eles e embolsou sua parte
do negócio.
Nada fez de diferente da prática
idolatrada pelos governos petistas de que os fins justificam os meios, ainda
que se inclua comissão pessoal, embolsada em espécie ou mimos.
É pouco provável que Nuzman tenha
agido por conta própria, ou mesmo que seja apenas um dos integrantes do bando
de Cabral. Assim como é dificílimo crer que Cabral tenha sido o criminoso
mentor para que o Brasil de Lula, em 2009, vencesse a disputa da sede olímpica.
Mas isso as investigações vão dizer.
Sabe-se, por ora, que Nuzman é
caso de polícia. Mas tudo no entorno dele é política pura. E da pior espécie.”
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AGD comenta:
É de fazer chorar! Enquanto,
internamente, o Brasil passa sua maior crise moral, política e econômica,
externamente, somos acusados de comprar um lugar para as Olimpíadas. O que
falta acontecer?
Desde a compra de votos, passando
pelas campanhas a base de propinas e a compra de lugares na fila Olímpica,
temos que dar graças a Deus por aqueles 7 x 1 contra a Alemanha, pois perdendo
não nos podem acusar de nada. Ou será que a Alemanha comprou o Brasil para
fazer aquele fiasco?
E o pior de tudo é que não temos
boas perspectivas para o futuro, a não ser com a Seleção de Futebol que já se
classificou para a Copa da Rússia. Na economia nos dizem que algo está
melhorando, mas, na política tudo tende a piorar com a proximidade das eleições.
No Congresso temos o “salve-se quem puder” para não se perder o foro privilegiado, e no STF nada se faz para acabar
com esta excrescência. Os processos se arrastam pelo tempo afora e os
brasileiros perdem a esperança.
Ou seja, só nos resta terminar
esta breve nota, como a começamos: É de fazer chorar!
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