Por Zezinho de Caetés
Este final de ano se quisermos
estar atualizados com a política no Brasil e no mundo, temos é que falar de
Papai Noel. Afinal de contas, dizem, ele é o bom velhinho que traz os
presentes. Mas, fiquemos com outro “velhinho”,
que não é o Getúlio, mas, o Temer, com todo respeito.
Ele se meteu numa enrascada no
final da semana passada por tentar defender o Geddel Vieira Lima, seu
secretário e articulador político, num affair
deste com o, agora, ex-ministro da Cultura. O que podemos pensar é que o Temer
ainda é um político da antiga São Paulo, onde um político declarava a imprensa
que “roubava mas fazia” e esta
declaração só chegava 6 meses depois, no Nordeste, por exemplo.
Hoje não! Se o Temer der umas
palmadinhas no Michelzinho, em poucos segundos, alguém estará dando umas
palmadinhas na bunda do filho, em qualquer lugar no Brasil, para imitar o
presidente. São as redes sociais e os meios de comunicação que fazem a coisa
nova. E por isso, dentro de 5 dias, o Temer foi gravado e Geddel voltou para a
Bahia para cuidar do seu empreendimento em Salvador, com o qual o presidente
nunca deveria ter se metido. E por aí vão, os meios de comunicação, a derrubar
autoridades, com ou sem abuso.
Vejam, meus senhores e minhas
senhoras, que hoje estou insone por ter ficado vendo uma sessão da Câmara onde
se ameaçava descriminalizar o Caixa 2, que terminou na madragada de hoje. Eu
não sou um jurista e dei alguns cochilos durante o evento. No entanto, deu para
entender que o Caixa 2 continua do mesmo jeito, mas, foram aprovados tantas
outras emendas ao relatório no Onyx Lorenzone, que talvez fosse melhor deixar o
Caixa 2 rolar de ladeira abaixo. Afinal de contas, o que seria do Lula sem ele?
Pelo que entendi, o texto
aprovado fará tantas ameaças aos membros do Judiciário que agora, certamente,
em todos os processos, quem mais corre o risco de serem presos são os juízes ou
procuradores. Talvez eu, na minha “leiguice”,
esteja fazendo uma tempestade lá em Curitiba, porém, meus instintos dizem, pela
baixa de otimismo, que não teremos mais Lava Jato como antigamente se o Senado
aprovar o monstro e o Temer não vetar.
Já no Senado, vimos a PEC do Teto
passar sobre a Gleisi, Vanessa, Fátima e Lindberg como um trator. Aliás, este
quarteto deveria cair em si, e ver
que quando eles quiserem defender algo, é mais inteligente serem contra, e
assim sendo os outros senadores voltam a favor e ganham o apoio do país
inteiro.
Parece até brincadeira que um
senador da república, diante do quadro de balbúrdia e anarquia do lado de fora
do Congresso, dê razão aos arruaceiros e prometa ir às ruas para protestar nos
mesmos moldes. Tenham santa paciência. Ainda bem que ele estava contra a PEC, e
ela passou mais uma vez no Senado e dando a impressão clara que o placar será o
mesmo no segundo turno de votação.
Eu não queria mais tocar no
Fidel. Mas, tenho que fazê-lo, já começando pela reação da Janaína Paschoal,
aquela que foi a musa do impeachment da Dilma e que poderá retornar com no
pedido de impeachment do Temer se continuar seguindo o Hélio Bicudo (que mostra
que ser petista está no DNA), quando diz o seguinte: “Não gosto de desrespeitar os mortos, mas as notas de autoridades sobre
Fidel estão me irritando. Parecem falar de um santo. Poupem-nos!”. E é
verdade, depois de morto, acabam os pecados. Repito: Poupem-nos! Era apenar um
ditador enganador.
Para mostrar alguma justificativa
do que digo, escolhi um texto do Hurbert Alqueres, publicado no Blog do Noblat,
hoje, onde ele mostra o engodo, em relação à Educação, dos feitos castristas em
Cuba, que apenas nos repete um pouco, dizendo que não há avanços educacionais,
ou mesmo outros, que justifiquem uma ditadura. Fiquem com ele.
“Que fique claro: ditaduras não
se justificam em nome dos avanços sociais e muito menos são pré-condições para
tais conquistas. Não há, portanto, nenhum sentido em absolver Fidel Castro e o
seu regime sobre o pretexto de a revolução cubana ter promovido a “igualdade”.
Na vizinha Costa Rica, a
revolução de 1948 obteve enormes avanços na educação e na saúde e dissolveu seu
próprio exército revolucionário. A Costa Rica, coração civil, nunca deixou de
realizar eleição presidencial livre e limpa a cada quatro anos e sua capital é
a sede da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Detalhe: o salário médio no
país é 15 vezes maior do que o de Cuba, seu PIB e renda per capita são os mais
altos da região.
Temos ainda o exemplo da Coreia
do Sul, um país atrasado até os anos 50 e hoje com um IDH bastante alto – o 15º
do mundo. A Coreia passou por períodos ditatoriais, mas é uma democracia
liberal desde 1987. A educação foi a grande alavanca para alcançar o status de
ser o país mais inovador do planeta.
Vamos para a educação cubana.
Há alguns anos fiz parte de uma
delegação brasileira de gestores da rede privada do ensino em visita a Cuba
para conhecer como era a educação no então único país socialista do continente
americano.
Chamou atenção o fato de Cuba ter
erradicado o analfabetismo (no final da década de 80 a taxa de analfabetismo no
Brasil ainda era de 20% da população de 15 anos ou mais) por meio de ampla
mobilização, em que para alfabetizar não era necessário ser professor. Quem
sabia ler e escrever ensinava a quem não sabia.
A maioria das escolas que
visitamos padecia de recursos, funcionava em prédios improvisados, sem
manutenção e com deficiência de iluminação. Mas tudo isto era compensado pela
alta motivação dos educadores e educandos, o que faz toda a diferença nos
resultados colhidos.
Na Escola Lenin de Ensino Médio,
a melhor do país, dotada de equipamentos modernos para a época, exibia a
contradição entre um ensino de forte conteúdo e o dirigismo ideológico. Os
alunos eram campeões mundiais nas olimpíadas de matemática ou física, eram
exímios no xadrez, mas o ensino de história era totalmente tendencioso e
priorizava acontecimentos cubanos e soviéticos. Na biblioteca havia um grande
volume de livros, mas não se encontrava os que mostravam a produção cultural ou
científica do mundo ocidental.
Até hoje nem tudo pode ser
ensinado nas salas de aula, o diálogo deve ser monitorado e o senso crítico,
com a confrontação das verdades estabelecidas, é reprimido. Evidente que à
juventude cubana não é dada a possibilidade de viver uma natural fase de
experimentação, ou de considerar caminhos alternativos, comportamentos
diferentes. E nem mesmo questionar influências familiares, sociais ou
culturais.
Choque mesmo tivemos ao visitar
uma escola exclusiva para crianças com surdez. A falta de recursos saltava aos
olhos, mas era impossível não se emocionar com a dedicação dos professores que
faziam milagres. Os alunos, todos pequenos, conseguiam falar e expressar ideias
com grande fluência. A frustração veio logo seguir, quando, a pedido dos
professores, em uníssono afirmaram: “todas as crianças de Cuba querem ser como
Che Guevara”. Foi a constatação de que o sistema educacional da Ilha reproduz
até hoje o culto à personalidade de seus “deuses”; ignora a sentença do
dramaturgo Bertold Brecht: “triste de um povo que ainda precisa de heróis”.
O pensamento único impede o
debate de ideais, não respeita o diferente, impõe uma educação incapaz de
ensinar a conviver com a diversidade, seja ela de natureza religiosa, política
ou de gênero. É impensável, por exemplo, que seja abordado em suas salas de
aula o tema da homofobia. Sem o direito à privacidade, sacrifica-se também a
liberdade de expressão.
E tudo isso é consequência da
ditadura.
Não há, portanto sentido algum em
se fazer hagiografia e genuflexão diante de ditaduras, ainda que se digam
“benéficas”.”
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