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quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Caixa 2, PEC do Teto, Geddel e ainda Fidel...




Por Zezinho de Caetés

Este final de ano se quisermos estar atualizados com a política no Brasil e no mundo, temos é que falar de Papai Noel. Afinal de contas, dizem, ele é o bom velhinho que traz os presentes. Mas, fiquemos com outro “velhinho”, que não é o Getúlio, mas, o Temer, com todo respeito.

Ele se meteu numa enrascada no final da semana passada por tentar defender o Geddel Vieira Lima, seu secretário e articulador político, num affair deste com o, agora, ex-ministro da Cultura. O que podemos pensar é que o Temer ainda é um político da antiga São Paulo, onde um político declarava a imprensa que “roubava mas fazia” e esta declaração só chegava 6 meses depois, no Nordeste, por exemplo.

Hoje não! Se o Temer der umas palmadinhas no Michelzinho, em poucos segundos, alguém estará dando umas palmadinhas na bunda do filho, em qualquer lugar no Brasil, para imitar o presidente. São as redes sociais e os meios de comunicação que fazem a coisa nova. E por isso, dentro de 5 dias, o Temer foi gravado e Geddel voltou para a Bahia para cuidar do seu empreendimento em Salvador, com o qual o presidente nunca deveria ter se metido. E por aí vão, os meios de comunicação, a derrubar autoridades, com ou sem abuso.

Vejam, meus senhores e minhas senhoras, que hoje estou insone por ter ficado vendo uma sessão da Câmara onde se ameaçava descriminalizar o Caixa 2, que terminou na madragada de hoje. Eu não sou um jurista e dei alguns cochilos durante o evento. No entanto, deu para entender que o Caixa 2 continua do mesmo jeito, mas, foram aprovados tantas outras emendas ao relatório no Onyx Lorenzone, que talvez fosse melhor deixar o Caixa 2 rolar de ladeira abaixo. Afinal de contas, o que seria do Lula sem ele?

Pelo que entendi, o texto aprovado fará tantas ameaças aos membros do Judiciário que agora, certamente, em todos os processos, quem mais corre o risco de serem presos são os juízes ou procuradores. Talvez eu, na minha “leiguice”, esteja fazendo uma tempestade lá em Curitiba, porém, meus instintos dizem, pela baixa de otimismo, que não teremos mais Lava Jato como antigamente se o Senado aprovar o monstro e o Temer não vetar.

Já no Senado, vimos a PEC do Teto passar sobre a Gleisi, Vanessa, Fátima e Lindberg como um trator. Aliás, este quarteto deveria cair em si, e ver que quando eles quiserem defender algo, é mais inteligente serem contra, e assim sendo os outros senadores voltam a favor e ganham o apoio do país inteiro.

Parece até brincadeira que um senador da república, diante do quadro de balbúrdia e anarquia do lado de fora do Congresso, dê razão aos arruaceiros e prometa ir às ruas para protestar nos mesmos moldes. Tenham santa paciência. Ainda bem que ele estava contra a PEC, e ela passou mais uma vez no Senado e dando a impressão clara que o placar será o mesmo no segundo turno de votação.

Eu não queria mais tocar no Fidel. Mas, tenho que fazê-lo, já começando pela reação da Janaína Paschoal, aquela que foi a musa do impeachment da Dilma e que poderá retornar com no pedido de impeachment do Temer se continuar seguindo o Hélio Bicudo (que mostra que ser petista está no DNA), quando diz o seguinte: “Não gosto de desrespeitar os mortos, mas as notas de autoridades sobre Fidel estão me irritando. Parecem falar de um santo. Poupem-nos!”. E é verdade, depois de morto, acabam os pecados. Repito: Poupem-nos! Era apenar um ditador enganador.

Para mostrar alguma justificativa do que digo, escolhi um texto do Hurbert Alqueres, publicado no Blog do Noblat, hoje, onde ele mostra o engodo, em relação à Educação, dos feitos castristas em Cuba, que apenas nos repete um pouco, dizendo que não há avanços educacionais, ou mesmo outros, que justifiquem uma ditadura. Fiquem com ele.

“Que fique claro: ditaduras não se justificam em nome dos avanços sociais e muito menos são pré-condições para tais conquistas. Não há, portanto, nenhum sentido em absolver Fidel Castro e o seu regime sobre o pretexto de a revolução cubana ter promovido a “igualdade”.

Na vizinha Costa Rica, a revolução de 1948 obteve enormes avanços na educação e na saúde e dissolveu seu próprio exército revolucionário. A Costa Rica, coração civil, nunca deixou de realizar eleição presidencial livre e limpa a cada quatro anos e sua capital é a sede da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Detalhe: o salário médio no país é 15 vezes maior do que o de Cuba, seu PIB e renda per capita são os mais altos da região.

Temos ainda o exemplo da Coreia do Sul, um país atrasado até os anos 50 e hoje com um IDH bastante alto – o 15º do mundo. A Coreia passou por períodos ditatoriais, mas é uma democracia liberal desde 1987. A educação foi a grande alavanca para alcançar o status de ser o país mais inovador do planeta.

Vamos para a educação cubana.

Há alguns anos fiz parte de uma delegação brasileira de gestores da rede privada do ensino em visita a Cuba para conhecer como era a educação no então único país socialista do continente americano.

Chamou atenção o fato de Cuba ter erradicado o analfabetismo (no final da década de 80 a taxa de analfabetismo no Brasil ainda era de 20% da população de 15 anos ou mais) por meio de ampla mobilização, em que para alfabetizar não era necessário ser professor. Quem sabia ler e escrever ensinava a quem não sabia.

A maioria das escolas que visitamos padecia de recursos, funcionava em prédios improvisados, sem manutenção e com deficiência de iluminação. Mas tudo isto era compensado pela alta motivação dos educadores e educandos, o que faz toda a diferença nos resultados colhidos.

Na Escola Lenin de Ensino Médio, a melhor do país, dotada de equipamentos modernos para a época, exibia a contradição entre um ensino de forte conteúdo e o dirigismo ideológico. Os alunos eram campeões mundiais nas olimpíadas de matemática ou física, eram exímios no xadrez, mas o ensino de história era totalmente tendencioso e priorizava acontecimentos cubanos e soviéticos. Na biblioteca havia um grande volume de livros, mas não se encontrava os que mostravam a produção cultural ou científica do mundo ocidental.

Até hoje nem tudo pode ser ensinado nas salas de aula, o diálogo deve ser monitorado e o senso crítico, com a confrontação das verdades estabelecidas, é reprimido. Evidente que à juventude cubana não é dada a possibilidade de viver uma natural fase de experimentação, ou de considerar caminhos alternativos, comportamentos diferentes. E nem mesmo questionar influências familiares, sociais ou culturais.

Choque mesmo tivemos ao visitar uma escola exclusiva para crianças com surdez. A falta de recursos saltava aos olhos, mas era impossível não se emocionar com a dedicação dos professores que faziam milagres. Os alunos, todos pequenos, conseguiam falar e expressar ideias com grande fluência. A frustração veio logo seguir, quando, a pedido dos professores, em uníssono afirmaram: “todas as crianças de Cuba querem ser como Che Guevara”. Foi a constatação de que o sistema educacional da Ilha reproduz até hoje o culto à personalidade de seus “deuses”; ignora a sentença do dramaturgo Bertold Brecht: “triste de um povo que ainda precisa de heróis”.

O pensamento único impede o debate de ideais, não respeita o diferente, impõe uma educação incapaz de ensinar a conviver com a diversidade, seja ela de natureza religiosa, política ou de gênero. É impensável, por exemplo, que seja abordado em suas salas de aula o tema da homofobia. Sem o direito à privacidade, sacrifica-se também a liberdade de expressão.

E tudo isso é consequência da ditadura.


Não há, portanto sentido algum em se fazer hagiografia e genuflexão diante de ditaduras, ainda que se digam “benéficas”.”

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