Por Armando Monteiro Neto*
Em 2015, a cada duas horas um
pernambucano foi assassinado: foram quase 3.900 mortes violentas no ano, o que
representou um crescimento de 12% em relação ao ano anterior. Aumentaram
também, de forma significativa, os assaltos a ônibus, roubos de carro e
explosões de caixas eletrônicos. E este ano a escalada de violência continua.
Se é verdade que a segurança
pública é um problema em todo o país, também é fato há diferenças importantes
entre regiões e mesmo entre Estados. No Nordeste, por exemplo, Alagoas reduziu
em 21% a taxa de homicídios, e o Ceará registrou queda de 9% - ao contrário do
que aconteceu em Pernambuco.
O que acontece em nosso Estado?
Por que o Pacto pela Vida, que foi referência nacional ao reduzir o número de
assassinatos em 30% entre 2007 e 2013, agora sofre tal retrocesso?
Na raiz dos problemas de hoje
estão ausência de gestão e de comprometimento do governo estadual com as metas
do programa e com o acompanhamento dos indicadores de criminalidade. Faltou
investimento em áreas essenciais de tecnologia, inteligência e infraestrutura.
Não foi institucionalizado um fórum de segurança pública, com participação das
organizações da sociedade civil para acompanhar e monitorar o programa.
Este diagnóstico não é meu, é do
idealizador do Pacto Pela Vida, o sociólogo José Luiz Ratton, que foi incisivo
em sua entrevista recente neste mesmo JC: para ele, o programa morreu.
Em gestões passadas, o governador
participava diretamente das reuniões e impunha um sentido de urgência. Hoje,
existe afastamento proposital do tema, talvez pelos índices desastrosos e pela
sensação de insegurança que inquieta o povo pernambucano. Enquanto isso, o
Pacto pela Vida sobrevive apenas na propaganda do governo.
O Brasil precisa de uma política
nacional de segurança pública, em que possamos valorizar a cooperação
federativa no combate à criminalidade, melhorar e ampliar o nosso sistema
penitenciário e proteger nossas fronteiras do tráfico de drogas e armas.
Mas Pernambuco não pode assistir
passivamente ao aumento da criminalidade. Nossa população reclama por medidas
urgentes, que coloquem um freio à escalada de violência e tragam paz e
segurança para as ruas e os lares das nossas cidades.
-------------
*Armando Monteiro Neto é senador
pelo PTB e ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(Enviado por e-mail a Gazeta Digital)
Nenhum comentário:
Postar um comentário