Por Zezinho de Caetés
Pelos planos editoriais do dono
deste Blog, o Zé Carlos, toda segunda-feira é dele e o resto da semana fica
para os outros. Então quando tenho sorte começo na terça-feira. Por isso tenho
que fazê-lo explorando assuntos que talvez já estejam mortos e enterrados, como
as eleições de domingo, que acabaram de sepultar o PT.
E foi sobre elas que encontrei um
texto do Ricardo Bordin no qual ele fala sobre a polarização da eleição carioca
entre os dois “Marcelos”, o Crivella
e o Freixo, ganha pelo primeiro. Ele dá uma conotação que achei das mais
interessantes.
Não reproduzirei o artigo
totalmente pelas muitas ilustrações no original, mas que não farão falta aqui
para os meus propósitos. Leiam o Ricardo e eu volto lá no final, se tiver
alguma serventia.
“Esta notável polarização política entre um candidato representante da
Igreja Universal e um legítimo e assumido (até onde as pretensões eleitorais
permitiram) socialista, e sua coincidência com determinados níveis de renda per
capita da cidade maravilhosa, merecem uma análise mais acurada, portanto.
Entender por que as pessoas menos abastadas deram preferência a um bispo da
religião que mais cresce no país, em detrimento daquele que, supostamente, fala
em nome, justamente, de tais desfavorecidos pelo “sistema capitalista
opressor”, é tarefa essencial no esforço contra a disseminação do ideário
marxista. Se funcionou no RJ, pode perfeitamente dar certo Brasil afora.
1) “Se Deus quiser, meu filho...”:
A frequência com que uma pessoa repete esta expressão costuma guardar relação
inversamente proporcional com sua condição financeira. Não á toa, minha mãe,
esposa de um motorista de caminhão, que cuidava dos três filhos em casa,
seguidamente entoava o mantra. E não era difícil entender o porquê: em meio à
inflação, juros e desemprego nas alturas, associada com a violência da vila
onde residíamos, dentre outras mazelas sociais comuns naquela região, a fé no
transcendente estava sempre na ordem do dia. A oração do anjo da guarda era sua
favorita. Ateísmo não costuma proliferar em bairros de periferia. Rezar para o
ordenado chegar ao final do mês ou para chegar vivo em casa, ao final da
jornada, é prática corriqueira.
Meu pai não contribuía com dízimo, mas alguns de nossos vizinhos, sim.
Pagar para continuar tendo esperanças, ao passo que a expansão do Estado
pseudo-assistencialista tornava a vida cada dia mais dura, era expediente mais
benéfico do que entregar os pontos e render-se aos vícios. É claro que para os
moradores do Leblon que apenas visitam os pobres, vez por outra, para gravar
documentário glamourizando a favela e produzir filme louvando bandido como
vítima – e ganhar ainda mais dinheiro de pagadores de imposto, pela via torta
da lei Rouanet – isso não faz muito sentido, por certo.
2) “Deus ajuda quem cedo madruga”: Outra máxima que compõe o repertório
da população humilde, ela retrata a necessidade diária de correr atrás da
própria subsistência – sim, existe um mundo além do cartão de crédito do papai,
galera de Copacabana beach. Portanto, ao contrário do que poderia imaginar o
eleitor médio do Freixo, pobre gosta é de capitalismo (bem selvagem, de
preferência). Ele quer que muitos empresas sejam inauguradas no município, para
que ele não precise engrossar as estatísticas dos desempregados. Quem sabe,
dependendo das condições, ele mesmo não inaugure seu próprio negócio – se a
regulação estatal permitir, claro.
E sim, pobre reza para arranjar ou manter o seu trabalho, ainda que
seja varrer a rua, cortar grama ou lavar louça (quantas novidades hoje, hein,
Zona Sul?). Aliás, só quem nunca mesmo executou um trabalho mais modesto (ou
algum trabalho, qualquer que seja) pode considerar humilhação desenvolver tais
atividades. Meu avô, sapateiro, costumava dizer que “todo trabalho honesto é
digno” – e é bem melhor do que ficar dependendo de bolsa-esmola. E como bom
comportamento ajuda a assegurar um currículo profissional decente, é óbvio que,
ao contrário do filhinho de papai comuna e do sindicalista militante, o pobre
trabalhador não pode se dar ao desplante de faltar o serviço para bradar “Fora
Temer” em plena quarta-feira à tarde, sob o risco de seus filhos ficarem sem
pão. Até porque "Deus dá o pão, mas não amassa a farinha". Neste
contexto, no departamento de RH, o crente que só toma refrigerante e dorme cedo
larga na frente do ateu baladeiro maconheiro. Graças a Deus.
3) “Em algum lugar ele vai pagar
pelo que fez”: A crença no post-mortem também desempenha importante papel
de lenimento da alma. Tomar ciência no noticiário de tanta roubalheira, assistir
crimes acontecendo da janela de casa e seguir caminhando, não é tarefa das mais
simples. Neste sentido, acreditar que a vida não se resume ao plano físico pode
evitar que uma pessoa menos favorecida enlouqueça e jogue tudo para o alto de
seu barraco. Segundo consta, aliás, Deus não daria uma cruz mais pesada do que
aquela que conseguimos carregar; Deus está vendo tudo; e por aí vai. Ou seja,
esta esperança em um estágio posterior de existência pode salvar uma pessoa de
entregar-se às drogas e à libertinagem total – o que, por conseguinte, poderia
jogá-la na dependência do Estado (o pessoal da cracolândia do Haddad e sua
mesada que o digam).
Ademais, se nossa existência,
conforme doutrinas espirituais as mais diversas, não está restrita a este corpo
humano, não resta motivo para sair “curtindo a vida” por aí como se não
houvesse amanhã (já que, contrariamente ao que acreditavam alguns fãs de Renato
Russo, para 99% de nós, há um amanhã, sim – e ele vem com contas a pagar).
Neste cenário, pode-se vislumbrar uma redução do uso de entorpecentes, de
gravidezes precoces indesejadas e abortos. Curtir a experiência carnal de forma
descontrolada torna-se desnecessário nesta conjuntura. E isso é muito salutar
para quem não tem a vida ganha, diferente da maioria do pessoal que “fecha com
Freixo”.
Trocando tudo em miúdos: foi-se o tempo em que o rebanho da Esquerda
era composto pelas camadas mais desvalidas de nosso povo. Ele agora reduziu-se
a “intelectuais” e artistas engajados, em um processo no qual os pobres, em sua
maioria, abriram os olhos, mesmo em meio a tanta dificuldade, e perceberam que
“gostar dos pobres” é muito diferente de “gostar da pobreza”, e dela fazer uso
eleitoral. E, aparentemente, o pessoal que quer “mudar o mundo” ainda não
percebeu que a galera do morro está mais preocupada com saúde e transporte do
que com a liberalização das drogas e a ideologia de gênero.
Deduzo, pois, que tanto o fato de o novo prefeito do Rio de Janeiro ser
um membro de uma instituição religiosa, quanto a circunstância de que seu rival
representava tudo aquilo que mantém os pobres atolados na pobreza
indefinidamente (vide a vizinha Venezuela), contribuíram para o resultado das
urnas no domingo. E isso, por acaso, significa que os pastores evangélicos vão
tomar conta do Brasil? Não creio. Acredito, tão somente, que o eleitor médio do
Rio já estava de saco cheio de “progressismo”, e apenas valeu-se que um
representante da instituição que costuma ajudá-lo a viver a vida de forma menos
padecida era candidato, e votou nele. Crivella possivelmente não teria a vida
tão facilitada contra outros políticos que ficaram pelo caminho no 1º turno
(por muito pouco, e graças ao “voto inútil” dos Conservadores).
Sempre ouvi de esquerdistas que “os crentes são massa de manobra” de
espertalhões de bom papo. Está bastante raso esse exame, viu, companheiros. É
mais crível afirmar que as elites econômicas e intelectuais do Brasil é que
estão apenas servindo aos propósitos de quem quer ver o Estado intrometendo-se
em cada aspecto de nossas vidas e espalhando-se feito um câncer oneroso. Não
por acaso, nos Estados Unidos, país cuja população atingiu níveis de
prosperidade inéditos na história da humanidade (gerando, destarte, muita elite
culpada), a Esquerda avança como nunca dantes.
Em suma: não é forçoso ajoelhar e rezar para fazer o capeta comunista
ir embora do Brasil. Mas que o exorcismo operado ontem no Rio de Janeiro fez
William Friedkin sentir inveja, ah, isso fez...
O marxismo sempre viu no cristianismo um adversário para suas
pretensões totalitárias. Como aquele nega qualquer transcendência, seu paraíso
deve se realizar neste mundo por meio do controle total. Seu absolutismo não
admite concorrência. Segundo Lenin, “a guerra contra quaisquer cristãos é para
nós inabalável. Não cremos em postulados eternos de moral, e haveremos de
desmascarar o embuste”. Acho que o tiro saiu foi pela culatra...”
Voltamos para a reza final, e não
só pelo Rio de Janeiro, mas, pelo Brasil todo. Até que enfim conseguimos
expelir o PT e grande parte das esquerdas do comando da nação. Digo, uma grande
parte porque ainda temos a esquerda civilizada e que joga o jogo democrático,
embora de forma errônea. A que falamos se refere àquela que pretendia usar a
Democracia para nos levar a um sistema totalitário, como aqueles dos quais a
Venezuela está tentando sair, e Deus queira que saia.
Todos sabem que gosto de ver e
ouvir as sessões do Senado pela TV. Não perdi este hábito porque para quem
gosta de política é o melhor cinema. No entanto, há vezes onde os filmes que
passam são tão ruins que temos que mudar de canal. Vocês já pensaram o que é
ver a Senadora Fátima Bezerra falar por 30 minutos?! É um suplício só
comparável ao do nosso conterrâneo, o Lula, quando ouve falar em “japonês”.
Pois ontem, lá estavam Gleisi
Hoffman, Lindberg Farias e a própria Fátima defendendo as invasões das escolas
pelos moleques adolescentes que são contra a reforma do ensino médio e contra a
PEC do Teto, invasão que prejudicará quase 100 mil dos seus colegas pela
mudança de local do exame do ENEM.
É esta a esquerda que, seguindo
de perto o Bordin, citado acima, que esperneia com a derrota na eleição. E
quando eles souberam que foi o PSDB (que hoje é mais liberal do que o DEM) que
ganhou as eleições, não há como fugir em fazer associações com o nosso cinema,
relembrando “Deus e diabo na terra do sol”
do Glauber Rocha.
Eu só posso dizer: “Vade Retro Satanás!” Chegou a hora do
Brasil liderar a América Latina, esquecendo de vez os traumas causados pelo
Fidel, Chávez, Kirchner e tantos outros diabos, que, por inveja de Deus, quase
a levaram para o caos.
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