Cabral descobrindo Bangu |
Por Zé Carlos
Contam os livros de história, pelo menos aqueles que o Professor
Gilvan lia nas aulas do Ginásio São Geraldo, lá em Bom Conselho, que lá pelos
idos de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, depois de uma quartelada, obrigou
D. Pedro II a abdicar. E no dia 15 de novembro, data que passou nesta semana
que tenho que comentar, ele assinou um manifesto proclamando a República,
botando para correr o império. Hoje temos uma República, ou pelo menos é o que
a mais recente Constituição diz, e pelos fatos que se sucedem sucessivamente,
mais de 100 anos após, parece até que alguns querem assinar um manifesto para a
volta de um imperador. Realmente, não está fácil de manter a República quando
todos acham que tem direito a um naco do Brasil, e quanto maior melhor. É um
desejo normal dos homens, desde que foram expulsos do paraíso, mas, têm sempre
pela frente a consequência do pecado. Afinal de contas temos que ganhar o pão
com o suor do nosso rosto. E o maior recado ainda é dado pelos economistas que
dizem não ter festa em Paris, grátis.
E, neste diapasão, vimos durante esta semana, que deveria ser da
República, mais um rebuliço com as prisões de dois candidatos a imperadores, os
ex-governadores do Rio de Janeiro: Antony Garotinho e Sérgio Cabral. E como
sempre digo, seria trágico se não fossem
tão cômicos os eventos que envolveram suas prisões. Não, eu não contarei a
piada cruel que corre pelas redes
sociais, do diálogo entre mãe e filho:
- Mamãe, é verdade que se rouba
no Rio desde garotinho?
- Não, meu filho! Lá se rouba
desde Cabral!
Não, não contarei porque esta coluna, apesar de ser de humor, não é
cruel. Comentarei somente o que for necessário para matar os meus leitores de
rir, mas, sem os detalhes sórdidos. E que detalhes. Não, não falarei da cor da
cueca do Garotinho se debatendo para não ir para Bangu 8, conviver com o Cabral,
enquanto sua esposa, a Rosinha Garotinha, gritava que queria ir com ele. Eu até
agora me pergunto, o que ela queria fazer com ele? Livrá-lo da esposa do
Cabral, que dizem auxiliava o marido nas falcatruas por um simples anel de 800
mil reais? Ou por vestidos de 10 mil reais? Não, seria muito mal falar sobre
isto, enquanto o Rio de Janeiro padece dentro da sua beleza natural.
Nem jamais poderia comentar sobre o novo corte de cabelo do Cabral
depois de ter descoberto Bangu. Até nisto ele foi privilegiado, porque o corte
ficou melhor do que os feitos em Paris em cabeleireiros caríssimos, como era de
seu costume fazer. Isto se prova porque ontem, ele, na foto tirando suas medidas
para o terno prisional, não usava nem guardanapo na cabeça, como fazia na capital
luz. Dizem que nos primeiros dias da nosso República foram feitas várias
reformas, e uma delas foi a separação entre Igreja e Estado. Quem sabe depois
de Cabral não se comece uma reforma para separar, de uma vez por todas, a
Safadeza do Estado?
Para ser justo, como sempre tento ser, teremos que dizer que o sisudo
juiz Moro, vem tentando a algum tempo fazer esta separação, mas, parece que até
agora os safados estão muito apegados aos poderes da República, deixando quase
impossível que ela aconteça. Pasmem, senhores, que até o nosso grande
colaborar, o Lula, resolveu, fazer um show acusando diretamente o juiz, por
esta tentativa. Dizem que o show de humor foi apresentado pelos seus advogados
pois havia palavras no texto que o Lula, como todos sabem, um humorista mais
natural, e não muito letrado (apesar dos seus 486 títulos de Doutor), não
conseguiria nem pronunciar. Imaginem que o Lula, através dos seus advogados das
perdidas ilusões dizem que o Moro abusou de sua autoridade ao buscar o Lula debaixo
de vara para esclarecimentos, como todos os meus leitores devem estar
lembrados, e por outros crimes. Nada disso seria cômico se não fosse difícil de
entender. Vejam um trecho da nota dos advogados:
“Na qualidade de advogados do
ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua esposa e filhos ingressamos na
data de hoje (18/11/2016) com queixa-crime subsidiária contra o agente público
federal Sérgio Fernando Moro, em virtude da prática de abuso de autoridade.”
Vejam bem senhores, o potencial humorístico do Lula tentando
pronunciar “queixa-crime subsidiária”.
Pois é, a família Lula (agora ele faz shows familiares, depois de nossa Janete
usar o neto para o mesmo fim), diz que o juiz Moro é autoritário por ter
mandado uma escolta da PF busca-lo para depor, e além disto ter fuçado nos
documentos da família, encontrando a certidão de nascimento de Marisa, e,
portanto, revelando publicamente a sua idade e, pior ainda, gravando coisas que
surpreenderam até o Teori Zavascki, enquanto ele conversava com Dilma e dizia:
Tchau, querida! E a plateia vai ao
delírio hilariante quando os advogados pedem que o Moro seja demitido, depois
de passar alguns meses na prisão. É o suficiente, ou querem mais!? E a turma do
Moro reagiu com o vídeo abaixo, que, certamente será muito visto no Natal que
se aproxima:
E já aproveitando o gancho sobre o abuso de autoridade, dizem ser o
Renan, sim aquele alagoano, cujo filho é governador do Estado, e, pelo que vem
acontecendo com alguns governadores, deve estar com as barbas de molho, vive
feito um louco tentando votar e aprovar um projeto sobre abuso de autoridade.
Será que ele tem o juiz Moro em mente? Parece que não, pois ontem soube que foi
o aberto o 12º inquérito contra ele, e há, entre eles, alguns tão antigos que o
Moro deveria ser ainda um bebê. Aliás, dizem os bem informados que, nas
próximas eleições, para manter o foro privilegiado, e correr do juiz Moro,
alguns parlamentares que não se reelegerem, aceitam até serem secretários de
prefeituras lá no Acre. Lá o PT ainda é hegemônico, lembram? Só posso dizer,
quanto a isto, ter um parlamentar de Bom Conselho como relator da matéria que acaba
com o foro privilegiado, é uma honra para todos nós lá da terrinha, ao saber que ele, o
Randolfe Rodrigues é favorável a que só quem nasceu em Papacaça tenha foro
privilegiado. As más línguas ainda vão dizer que ele está legislando em causa
própria. Quem sabe, para evitar isto ele incluirá todo o Agreste Meridional? Os
meus amigo Altamir Pinheiro e Zezinho de Caetés ficariam muito alegres. Quanto
ao Renan, só para terminar com ele o que comecei, parece até que o homem vive
coberto de leite de aveloz e escorrega das mãos da justiça como sabão em barra,
e por isso o Josias de Souza, um jornalista blogueiro, disse, diante dos
eventos:
“Aos pouquinhos, vai ficando
claro que o Senado não tem um presidente. Renan Calheiros é que tem o Senado. A
vida pública de Renan não é do interesse de ninguém. O país é que atrapalha a
vida privada do senador. A República virou um puxadinho da cozinha de Renan,
num processo muito parecido com o que os historiadores costumam chamar de
patrimonialismo.”
Ou seja, ainda temos que correr muito para chegar ao império, pelo
menos, da Justiça.
E, pasmem novamente, e apertem os cintos. Um grupo de pessoas invadiu
a Câmara Federal pedindo uma série de coisas que muitos brasileiros concordam e
outras quase impensáveis, como “intervenção
militar”. A comicidade do acontecimento em si já me daria razão em tocar
nele aqui. No entanto, vi na manifestação uma bandeira de Pernambuco sendo
balançada, como se nosso Estado fosse o culpado por tal ato de humor negro.
Porém, pelo que vemos acontecer dentro daquela Câmara e o comportamento de
certos deputados, isto não é surpresa. Ainda bem que o um deles o Tiririca,
campeão de voto em São Paulo deveria estar viajando quando tudo aconteceu. Só
isto justifica sua declaração no vídeo abaixo:
Agora cito o Galvão Bueno: “Isto
pode, Arnaldo!?”. Ora, num país onde os deputados não querem votar um
projeto de lei contra a corrupção, o riso deve ser o remédio para tudo. Não
podemos concordar com o Tiririca, ao invés de fazer em casa, é melhor ir para
as ruas.
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