Por Zezinho de Caetés
Eu nunca pensei que fosse tão difícil se livrar das
eleições. Isto não é um mal em si mesmo, principalmente, nesta, onde o PT foi à
breca. Então eu digo como os jovens: “Vamos
curtir o momento”. E, para isto, nada melhor do que um texto “exato” como aquele abaixo transcrito do
jornalista econômico Alberto Sardenberg, que já me cativou pelo título: “Ajuste, por bem ou por mal”, no O Globo
de hoje.
Como todos os meus leitores sabem, eu, apesar de ser de
outra área, fiz um curso de Economia que me deixou entender, pelo menos sua
mais básica lição, dita, se não me engano pelo Milton Friedman certa vez: “Não há almoço grátis!”. Bastaria um
pouco de meditação sobre esta frase para saber que, mesmo eu recebendo do Bolsa
Família, sendo rico ou pobre, alguém está pagando por ela.
Com isto em mente, não há como ser contra o ajuste fiscal
que está sendo proposto pelo governo Temer. E, como não poderia deixar de ser, aqueles que
estavam almoçando sem pagar nada estão temerosos, sejam ricos ou pobres. O que
espero é que o custo do ajuste recaia sobre aqueles que deles se aproveitam,
com grande observância daqueles que por um motivo ou outro, recebem o almoço
grátis porque devido a fatores alheios a sua vontade não têm como pagá-lo.
Dito isto, eu adentro ao que já chamei atenção aqui, e que
também é assunto do Sardenberg que é o fortalecimento do liberalismo no Brasil,
que os petistas passaram a demonizar como o neoliberalismo, apenas para se
locupletarem do poder através das classes menos favorecidas.
Ficou claro que, com o resultado das eleições, o Brasil
mostrou que é mais liberal e conservador, quando as esquerdas foram
simplesmente dizimadas nos seus maiores redutos e que seus representantes
máximos, como o Lula, Dilma, PSOL e quejandos, foram varridos do mapa, apesar
do meu conterrâneo, o Lula, ainda andar por aí tentando se livrar da prisão,
espinafrando os vencedores, mas, preparando os punhos para as algemas.
E, quem pode discordar do articulista quando ele diz serem
as eleições municipais a base para se saber o que pensam os brasileiros? Tenho
certeza, lá no meu Caetés querido, berço nosso,
ainda guarda o lugar de Lula como asilado, o PT perdeu, se é que ele
ainda existe por lá. E estou dizendo isto baseado só na intuição. Não há como
fugir, o liberalismo está vindo ao Brasil. É um prazer conhecê-lo, por estas
bandas.
E isto, vai ser um imperativo quando os prefeitos
descobrirem que o Estado não pode tudo, e que um “mínimo” de sua atuação é o bastante para ele ser mais eficiente,
deixando ao setor privado a tarefa de levar este Brasil ao rumo do crescimento.
Não vai ser fácil, depois de ficarmos viciados a viver por conta dele, mas,
como todo povo que quer se desenvolver, conseguiremos. Afinal, ainda sou um
otimista.
Fiquem com Sardenberg que eu
vou tentar ganhar dinheiro para pagar as passagens de ônibus, que hoje
não pago por ser idoso. E eu, como todos, uso a parte que me cabe no almoço grátis,
mas, não ocuparia nenhum ponto de ônibus se ele faltasse.
“É difícil tirar uma tendência de eleições municipais num país tão
amplo e tão diversificado. Mas, observando os principais centros políticos, as
capitais estaduais e as cidades mais dinâmicas e de maior peso regional,
pode-se dizer que a agenda de esquerda — a ideia de que o governo e suas
estatais podem tudo — foi dizimada. Quanto à agenda liberal, o seu contrário,
não se pode dizer que teve uma vitória esmagadora. Mas é certo que avançou em
boa parte do país.
Essa discussão, no fundo, é a seguinte: o que fazer no pós-PT? Debate,
aliás, que envolve até a esquerda. Como sobreviver sem o PT e, sobretudo, sem
Lula, que está com seus dias políticos contados?
É verdade que tal discussão não apareceu explicitamente em boa parte
dos municípios. Mas dava para perceber. Por exemplo, quando os candidatos
petistas e/ou de esquerda esconderam a estrela, Lula e Dilma, estavam dizendo
que uma era havia acabado. Quando candidatos de diversos partidos se diziam
“não políticos”, estavam refletindo a crítica ao excesso de Estado, aos
aparelhamentos. E, sobretudo, quando candidatos ao centro prometiam diminuir a
máquina e cortar cargos, estavam apontando para o necessário ajuste de contas.
Na mesma direção, muitos falaram de necessidade de parcerias com o setor
privado para novos investimentos.
Os prefeitos eleitos que não trataram desses temas vão encontrá-los em
janeiro na forma de uma dura realidade. Os municípios estão quebrados. Há
exceções, claro. Há cidades médias bem administradas e, sobretudo, há
municípios que têm boa capacidade econômica para gerar receitas e atrair
investimentos privados.
Mesmo esses, porém, estão necessariamente em regime de restrição. Os
problemas estão ali onde os políticos menos gostam: no próprio setor público e,
dentro deste, na folha de pessoal.
De 2001 para cá, surfando na bonança econômica que trouxe expressivos
ganhos de receita para os governos federal, estaduais e municipais, o setor
público gastou boa parte disso contratando pessoal e concedendo aumentos
salariais.
O número de funcionários nos municípios simplesmente dobrou nesse
período. E os salários reais, em média, subiram coisa de 50%. No geral, os
prefeitos, como muitos governadores, administraram como se nunca houvesse a
possibilidade de uma redução nas receitas. Era como se todo ano houvesse mais
dinheiro que no anterior.
Ou seja, querendo ou não, os prefeitos eleitos terão diante de si um
ajuste fiscal. A reação imediata de muitos deles, talvez da maioria, é correr
para Brasília. Podem levar alguns trocados, mas nada que resolva, dada a
situação de penúria também do governo federal.
A alternativa é dura: ou fazem o ajuste ou logo faltará dinheiro para
pagar as contas do dia, inclusive salários, o que já ocorre em algumas cidades.
Dito de outro modo, a agenda liberal é inevitável: enxugar a máquina,
cortar gastos de investimento e custeio, dar um jeito de segurar a folha — nada
de novas contratações e reajustes de salários — buscar eficiência na gestão,
concentrar o dinheiro que tiver em saúde e educação e chamar o setor privado
para as necessárias obras.
Quem não fizer isso vai fracassar. Quem fizer, terá de ser muito bom
político para vender a agenda como positiva, ao menos no início da gestão. Esse
tipo de programa impõe sacrifícios na partida, deixa a administração com alguma
folga nos anos finais, os mais perto da nova eleição municipal e no momento do
pleito nacional e estadual.
Tudo considerado, temos um período interessante pela frente. O PSDB, o
grande vencedor, terá de mostrar que toca efetivamente uma agenda liberal e
exibir resultado nas principais conquistas, como a cidade de São Paulo. É com
elas que vai se apresentar em 2018. O DEM renasceu e vem forte com alguns nomes
importantes, a começar pelo prefeito de Salvador, ACM Neto. O PMDB, bem, todos
sabem, buscará a agenda mais adequada para o momento, que é a do ajuste.
Os demais partidos, os pequenos, que tiveram boas vitórias serão
testados. Na verdade, não os partidos, mas os prefeitos pessoalmente, já que,
para eles, a fidelidade partidária não existe.
O Rio com Crivella e o projeto evangélico é um caso à parte. Vai
depender de como andar a administração.
O PT? Parte quer simplesmente deixar e/ou acabar com a legenda. Outra
parte quer que o partido se legitime como esquerda socialista, declarando-se
pela extinção do capitalismo. Se for assim, uma parte acaba, a outra vai para o
gueto da esquerda.
A ver.”
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