Por Zezinho de Caetés
Chega de Trump! Voltemos ao nosso Brasil. Não com muito
orgulho. Procuramos algum assunto otimista e só encontramos a PEC 55 (ex 241).
Mas, para os pessimistas temos pratos e mais pratos cheios de temas.
Fico com aquele tratado pelo Hubert Alquéres, ainda ontem,
no Blog do Noblat. Sua importância merece sua reprodução lá embaixo. Ele trata
da Educação no Brasil e mais especificamente do movimento que, ao invés de
melhorá-la, fecha as escolas com sua ocupação por um bando de alunos que ainda
não têm idade para enxergar um palmo à frente do nariz.
Só um partido como o PT e uma oposição desesperada pode
apoiar um movimento como este. O direito de ir e vir é sagrado e quando se
trata de entrar e sair das escolas, seu desrespeito vira um crime grave.
Estas invasões de bárbaros em nossos estabelecimentos
escolares tem dois aspectos. Um bom, que mostra o desespero dos petistas e
quejandos usando meninos como escudos na guerra política, e outro mau, porque
nos mostra ao mundo como somos ainda um povo incivilizado.
E agora temos a temporada de greves nas universidades.
Quando o Monteiro Lobato dizia que um país se faz de homens e de livros, não
estava prevendo os livros atuais dos nossos pensantes, que devem estar umas 20
edições atrasadas.
O mundo mudou, as pessoas mudaram e nós estamos ficando para
trás, rumo ao chavismo incompetente e ao esquerdismo caquético. Quando os
professores deveriam estar mostrando que sem um ajuste fiscal forte, vamos rumo
à Grécia, passando pela Venezuela, fazem greves e poluem o ar queimando pneus.
Vade retro!
Fiquem com o Hubert, que eu vou agora ouvir o discurso do
meu conterrâneo Lula, ontem em São Paulo, em sua luta contra a Lava Jato. Ele
disse que “mexeram com o homem errado”.
Eu já acho que foi ele que o fez. O homem certo o está esperando lá em
Curitiba, onde poderá jogar biriba com os companheiros. Quem deve estar alegre
é o Zé Dirceu.
“Daqui a 20 ou 30 anos, quando as salas de aula pouco terão a ver com
os dias de hoje, historiadores e pesquisadores que se debruçarem sobre o atual
movimento de ocupação das escolas, em protesto contra a reforma do ensino
médio, vão entendê-lo como algo tão anacrônico como a Revolta da Vacina de
1904.
Na época, por desinformação e ignorância, a Escola Militar e boa parte
da população do Rio de Janeiro se sublevaram contra a vacinação obrigatória,
forçando o governo de Rodrigues Alves a decretar estado de sítio na cidade.
Medida dura, mas o sanitarista Oswaldo Cruz estava certo. Só assim a epidemia
de varíola foi extinta no Rio de Janeiro.
Em defesa da Revolta da Vacina pode-se arguir que o grau de informação
era precário, pois os meios de comunicação praticamente se resumiam aos jornais
e a maioria da população era analfabeta. A ignorância é a mãe do obscurantismo,
de movimentos regressistas como o de Canudos de Antônio Conselheiro.
O mesmo não se pode dizer sobre os dias atuais. Os modernos meios de
comunicação democratizaram as informações, hoje acessíveis a todos, inclusive à
minoria que ocupa as escolas. As mazelas do ensino médio são sobejamente
conhecidas, tanto por educadores como por quem sofre na pele as suas
consequências, os estudantes e pais de família.
O problema maior não é a ocupação das escolas, embora seja uma forma de
luta estapafúrdia e antidemocrática por meio da qual uma pequena parcela impõe
seu ponto de vista a milhões e milhões de outros jovens impedidos de frequentar
as aulas.
Não é apenas uma questão de forma. É, principalmente, um problema de
conteúdo. O movimento ocupacionista é essencialmente reacionário, no sentido de
ser contrário a ideias transformadoras. Leva, concretamente, à manutenção do
status quo do nosso sistema educacional, perpetua o pacto da mediocridade, onde
parte dos professores finge que ensina e parte dos alunos finge que estuda.
Parece não darem conta que o mundo se move e com ele a educação.
No Colégio Bandeirantes, tradicional escola particular de São Paulo, da
qual faço parte, as barreiras literalmente estão sendo derrubadas. Em 2017 não
haverá mais divisão rígida por disciplina, as aulas de laboratório de física,
química, biologia e artes acontecerão em um mesmo espaço, com professores de
várias áreas interagindo simultaneamente. A palavra-chave é
interdisciplinaridade. Será adotado um “currículo escolar flexível” (como
propõe a Medida Provisória da Reforma do Ensino Médio) com vistas a permitir ao
aluno a seleção de algumas disciplinas nos quais queira se aprofundar, conforme
sua vocação.
Não pensem ser um caso isolado. As boas instituições do ensino privado
brasileiras trilham o mesmo caminho, pois a escola que não se reinventar
desaparecerá do mercado ou terá peso pena.
As mudanças chegam também ao ensino fundamental. Os centros de
excelência da rede privada começam a focar no desenvolvimento dos aspectos não
cognitivos dos alunos, no incentivo à capacidade de liderança, na relação entre
o todo e as partes, na pesquisar com espírito crítico e na capacidade
analítica.
E não o fazem por modismo, mas por necessidade do país em ter cidadãos
mais preparados, em especial, o mercado de trabalho, que requer hoje um
profissional com qualidades inteiramente diferentes da época do chão de
fábrica.
Vem sendo ditada também por instituições de ponta do ensino superior,
que avaliam os chamados conhecimentos não cognitivos, em seu processo seletivo.
Isso já acontece na seleção das conceituadíssimas Faculdade de Medicina Albert
Einstein, Faculdade de Engenharia do Insper
na Escola de Administração da Fundação Getúlio Vargas.
Mais: vislumbra-se no horizonte uma importante alteração no exame
internacional PISA – OCDE, principal instrumento de avaliação do ensino no
mundo, que pauta políticas educacionais em vários países. Sim, o PISA deve
passar a agregar aspectos não cognitivos em futuras avaliações.
A transversalidade, o currículo flexível, a mudança da arquitetura das
salas de aulas, a valorização de habilidades que farão a diferença na vida
futura dos alunos, os trabalhos por projetos, a combinação do ensino presencial
e à distância estão sendo impleantadas em países de ponta: Estados Unidos,
Canadá, Finlândia, entre outros.
Cedo ou tarde, o Brasil terá de acompanhar este movimento. O
preocupante hoje é que as escolas privadas de boa qualidade já estão acertando
o passo, enquanto na rede pública o corporativismo, a ideologia, a má fé e a
ignorância operam para aprofundar o fosso da desigualdade social, condenando
nossa juventude ao atraso.
Involuntariamente, ou não, o movimento de ocupação das escolas faz esse
jogo.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário