Por Zezinho de Caetés
Hoje estou muito feliz. Enfim temos alguém no comando do
Brasil que nos dá segurança, tranquilidade e até alegria. Tivemos um período
onde quase perdíamos as esperanças, mas, agora continuaremos com a cabeça
erguida e com a certeza que dias melhores virão. Eu sabia que era apenas uma
questão de comando, e que nossa pátria voltaria a ser uma vencedora. Obrigado,
Tite!
E agora, voltemos à política, onde caímos de uma imensa
alegria com a saída de Dilma para uma imensa tristeza com o golpe que foi aplicado
por Lewandowski que gera seus efeitos deletérios, cujo principal é a
judicialização de nossa política. Penso que, dentro de poucos dias, até a
associação dos moradores de Água Fria, onde moro, vai entrar com um mandado de
segurança contra a decisão Lewndowskiana de fatiar um crime, oferecendo uma
fatia a Deus e outra ao diabo.
E como tudo muito é triste e só nos resta esperar que o
Temer, em sua volta possa tocar esta
herança maldita do PT e seus asseclas e remendar o buraco, este sim, golpista,
que ficou em nossa Constituição. Descemos ao submundo das repúblicas das
bananas, se ele não conseguir recuperar nossa auto-estima.
No entanto, como analista de província devo me abster de ir
tão profundo na culpa ou inocência do Temer no que estão chamando de “acordão” para deixar a Dilma, livre,
leve e solta na política, o que é um perigo para o Brasil. Afinal de contas,
ela nunca foi do ramo e tentou aprender por longos 6 anos e não aprendeu nada.
Por isso, volto com o Ricardo Noblat, em seu texto de hoje
no O Globo que diz, até no título: “O “acordão”
que interessava a Temer, Lula, Dilma, PT e PMDB”, por que o nosso
presidente, que hoje está na China, não é tão inocente assim. Esta água ainda
vai rolar por debaixo da ponte por muito tempo, agora no judiciário. Esperemos
que o Lewandowski, lá, não seja a última palavra, como foi no Senado.
Fiquem com o Noblat, que eu vou no mercado verificar quanto
foi o aumento no preço do pão, e ver se minha aposentadoria ainda aguenta por
um tempo.
“Quer dizer que quase todo mundo em Brasília sabia há uma semana que
estava em curso um “acordão” para separar o impeachment de Dilma da suspensão
por oito anos dos seus direitos políticos e o presidente Michel Temer não
sabia, não fazia a mínima ideia?
Quer dizer que ele foi surpreendido quando o ministro Ricardo
Lewandowski acatou o pedido do PT para que houvesse duas votações, uma para
decidir se Dilma deveria perder o mandato ou não, outra para decidir se os
direitos políticos dela deveriam ser preservados?
Quer dizer que Temer desconhecia que Renan Calheiros, presidente do
Senado, apelaria em discurso aos colegas para que não tornassem Dilma
inelegível uma vez que àquela altura ela já perdera o mandato? E que 12 dos 17
senadores do PMDB atenderiam ao apelo de Renan?
“Estamos juntos”, disse Temer a Renan ao tomar posse como presidente.
Para menos de uma hora depois, reunido com seus ministros, criticar o “acordão”
que salvou os direitos políticos de Dilma. Antes, autorizara o senador Romero
Jucá (PMDB-RR) a recorrer da decisão ao Supremo.
Teatro puro. A ser verdade que Renan, Lewandowski e 12 dos 17 senadores
haviam lhe passado a perna, Temer estaria mal, muito mal. Fora traído por seu
próprio partido. Perdera para Renan a posição de maior líder do PMDB. E
revelara-se um presidente, no mínimo, inepto.
Não há no Congresso uma única ingênua alma capaz de acreditar que Temer
estava por fora do acordo. Estava por dentro, sim. E o acordo não interessava
somente a Dilma e ao PT, consultados há mais de 15 dias a respeito. Interessava
também a Temer.
Por temperamento, estilo e gosto, Temer prefere a conciliação ao
confronto. Sempre foi assim – e nisso se parece com Lula. Dilma está mais para
José Dirceu – não sabe viver sem uma boa briga. Prefere pegar em armas a gastar
saliva em conversas com adversários.
Temer quer ser visto como o presidente que pacificou o país. Ou que
tentou pacificar. Suará a camisa para desarmar os espíritos – inclusive os do
PT. E precisa de um Congresso calmo, cooperativo, para aprovar ali as reformas
que Fernando Henrique, Lula e até Dilma imaginaram aprovar.
Por um voto apenas, Fernando Henrique perdeu no Congresso a batalha
pela reforma da Previdência. Lula desistiu da reforma por falta de condições de
obtê-la do Congresso. Em compensação, fez tudo para manter o imposto do cheque
– e acabou derrotado.
Movimentos sociais foram às ruas em várias cidades protestar contra o
impeachment de Dilma, mas o PT, oficialmente, não foi. Bom sinal para Temer. Na
sua posse, não se viu uma só bandeira vermelha no Congresso, uma faixa, um
grito de protesto. Bom sinal para Temer.
Um dia desses, Temer revelou que cogitava a ideia de convidar Lula para
um encontro. Poderá não fazê-lo tão cedo. Poderá nunca fazê-lo. Mas a ideia continua na cabeça dele. Os dois
sempre se deram bem. Lula ficou rouco de tanto aconselhar Dilma a prestigiar
Temer. Em vão.
Se dependesse de Temer, Lula jamais seria preso. Muito menos condenado
e banido da vida política. Em 2010, Temer foi a Lula sugerir a montagem de uma
chapa à eleição presidencial daquele ano com Serra na cabeça e Dilma de vice.
Lula foi que não quis. Serra topava.
De volta ao “acordão”: ele não é garantia de que Dilma poderá se
candidatar em breve ou mais tarde. Caso ela queira, o Supremo é quem irá decidir.
E não é certo que decidirá a favor dela. É provável que decida contra. Assim, o
“acordão” não terá saído tão caro a Temer.”
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