Por José Antônio Taveira Belo / Zetinho
08 de novembro de 1966. Estávamos alegres e sorridentes.
Feliz da vida. O coração batendo forte e às vezes descompassado. O dia chegou e
o nosso coração estava a mil. Os passos para uma vida profissional se delineava
em nossa mente. Concluíamos um curso que era traçado para desenvolver na
sociedade o nosso trabalho após vários anos de estudo, na sala de aula.
Sorriamos a cada instante. Recebíamos parabéns de todos, principalmente, dos nossos
pais que não mediram esforços para chegássemos aonde chegamos. Lembro-me da
turma alegre e confiante com a chegada do grande dia, o dia da conclusão do
curso de contabilidade, chegara. As reuniões e o trabalho formiguinha
acompanhava o tempo escolar durante anos para que pudéssemos comemorar com uma
grande festa. Cada um de nós tinha um proposito umas ideias para prepararmos
para o mercado de trabalho, pois, estávamos aptos para desenvolver com
confiança e fidelidade a vida contábil que abraçamos. Foram quatro anos de
estudo na sala de aula do Colégio Diocesano de Garanhuns. Preparávamos desde
daquele primeiro momento, uma grande festa de confraternização. Traçamos
planos. Tínhamos em mente desde os primeiros dias, realizar uma excursão e um
grande baile nos salões da Associação Garanhuense de Atletismo – AGA. Os planos
traçados pela comissão criada para desenvolver este grande sonho, foram
concretizados com um planejamento bem delineado. A excursão feita foi para
Natal e Caicó no Rio Grande do Norte, foi comandado pelo nosso querido Bispo
Diocesano, Dom Adelino Dantas, que nos acompanhou alegremente. Reunidos em
frente ao Colégio, na Praça da Bandeira, Dom Adelino chegou com a sua maleta
preta e foi recebido pelo querido Padre Aldemar da Mota Valença, diretor do
Colégio, por volta das 7 horas da manhã. O sol da manhã e o vento frio batiam
em nossos rostos sorridentes. Rezamos a oração do Pai Nosso, seguido pela Ave
Maria e a benção pelo Senhor bispo. Seguimos em direção ao nosso desejo. A
primeira parada foi em João Pessoa, no Quartel do Exercito, que nos acomodou em
sua dependência e após um pequeno descanso, fomos até a residência do escritor
José Américo de Almeida, recebendo Dom Adelino de braços aberto e sorridente,
servindo a todos os sucos de frutas e sanduiches. Sob um sol escaldante da
Praia de Tambaú, 11 horas seguimos viagem para Natal. O calor no ônibus era
muito forte. O céu totalmente azul sem uma nuvem. O sol brilhante da manhã
castigava fazendo com que nós suássemos muito dentro do ônibus. Não podíamos
tirar a camisa em respeito ao Senhor Bispo. Dom Adelino sentado na primeira
cadeira, apenas abriu o primeiro botão da sua batina. Somente a camisa de malha
branca aparecia. Os outros botões todos nos seus lugares e dizia para nós, que
o calor era suportável. De vez em quando passava o lenço branco no rosto para
enxugar o suor que lhe escorria. Chegamos a Natal por volta das cinco e meia da
tarde. Fomos direto para o hotel em frente à praia de Ponta Negra. Alguns se
arriscaram ainda tomar um banho de mar, Não podíamos sair do hotel, pois não
conhecíamos nada da cidade. Os mais afoitos tomaram a iniciativa e saíram e
chegaram um pouco tarde. Tomaram cerveja e comeram carne de sol em churrascaria
ali perto. Dom Adelino foi se hospedar em um colégio, mas logo cedinho lá
estava ele batendo na porta do quarto acordando todos. Tomávamos o café da
manhã e saímos para passear. A praia era o local mais visitado, no entanto,
fomos ao Forte dos Reis Magos, a Barreira do Inferno e outros locais, como o
comercio e mercado públicos. Foram dias maravilhosos, mais tínhamos ainda uma
caminhada para a cidade de Caicó, Saímos bem cedinho no despontar do sol,
tomamos o ônibus não muito confortável e partimos para o nosso destino, mas
encontramos dificuldade, pois o ônibus quebrou e lá vamos nós empurrarmos para
a beirada da estrada enquanto o motorista ia a busca de socorro. O sol a pino.
Calor insuportável. A poeira barrenta vermelha cobria todo ônibus com o vento
quente que acontecia a cada momento, sujando os nossos cabelos e entrando pelas
narinas e nos olhos. Nenhuma reclamação. Tudo eram novidade e alegria. Nenhuma
arvore para descansar na sombra, ou ficávamos na beira da estrada ou ficávamos
dentro do ônibus, como Dom Adelino ficou sentado vestido na sua batina preta
com alguns frisos vermelho empoeirada, pacientemente lendo o seu breviário, e
às vezes com o terço na mão olhava para aquela quietude, somente nós
conversamos baixinho para não o atrapalhar as suas orações. Chegamos finalmente
em Caicó. Fomos recebidos no colégio das freiras com agua fria, sucos e
sanduiches. Finalmente no dia seguinte retornamos para Garanhuns após a
recitação do Terço, na capela do Colégio. Voltamos sem nenhuma dificuldade e
chegamos por volta das 16 horas na Praça da Bandeira sendo esperado pelo Padre
Adelmar, onde cantamos o hino do Colégio. Alegria! Alegria! Era a nossa alegria
neste momento.
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