Por Zezinho de Caetés
Alguns dos meus leitores podem até pensar que para escrever
o texto de ontem neste blog, eu tenha conversado com Deltan Dallagnol, sim,
aquele procurador que foi o cabeça da entrevista coletiva na qual espinafraram
o meu conterrâneo, Lula. Ou, os mais pessimistas, podem pensar que foi pura
premonição e que este dom vem das terras onde nascemos, eu e o meu “queridão” o Lula.
Garanto a vocês que não foi não uma coisa nem outra. Bastei
usar a lógica da política e verificar que o Lula não tinha saída depois de tudo
que ele cometeu. O certo mesmo é que ele se deixou deslumbrar pelo seu carisma
junto aos pobres para ficar rico, como soe acontecer com muitos, com exceção do
Zé Mojica.
Eu só sei que o coice foi grande e vai ser difícil seu
retorno, a não ser, talvez, à Venezuela para aprender a amadurecer com o
Maduro, que também está prestes a seguir para a Curitiba de lá. Hoje, talvez,
nem a Dilma acredite que o Lula ou o PT assumirão outra vez o comando do país.
Li na mídia que o meu “queridão”
quer engrossar com os procuradores da Lava Jato pelas declarações de ontem, na
qual disseram, em outras palavras que ele seria o “Capo di tutti capi” (para quem não sabe em tradução livre da máfia:
“chefe de todos os chefes”). Eu,
realmente, não sei “com que roupa”
ele poderia fazer isto, a não ser que funde um novo partido.
Hoje, o PT já é escondido até da propaganda dos candidatos a
vereador. Imaginem depois da denúncia de ontem do Ministério Público Federal,
chamando-o de chefe de um “propinocracia”
por todo este tempo, tendo como coadjuvante a “querida” Dilma (que Deus a tenha em Porto Alegre) e outros que
visitarão Curitiba em breve.
E vejam bem que surge mais uma jabuticaba no linguajar
brasileiro. Afinal de contas “propinocracia”
se aproxima muito de “cleptocracia”,
que também poderia ser o termo usado, mas, somos brasileiros e temos que ser
originais. Afinal de contas, o Lula passou, em poucos meses, do homem mais
honesto do mundo, para o “comandante”,
“general”, “maestro”, “chefe” de todo
um esquema de corrupção, como detalha o texto da Eliane Catanhêde transcrito
abaixo (Estadão de hoje – “ANÁLISE: ‘Propinocracia’ e ‘cleptocracia’”).
Eu deveria ter guardado o título da matéria de ontem aqui
neste blog (Tchau, queridão!) para hoje,
no entanto, tive que escolher outro com base nos fatos e no texto da Eliane que
deixo com vocês, honrando minha formação de letras misturando o português com o
italiano.
“Na longa entrevista de ontem, com formato e tom professoral, os
procuradores da Operação Lava Jato não apresentaram nenhum fato novo, nenhum
documento novo, mas contaram uma história com começo, meio, fim, e nexo,
jogando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no centro da “propinocracia”
que depenou os cofres de empresas públicas brasileiras. Uma história que tem
evidente e até dramático impacto político, num momento já tão turbulento do
País.
Adjetivos não faltaram para definir Lula no esquema de corrupção:
“comandante”, “general”, “maestro”, “chefe”, já que tanto ele quanto o próprio
esquema continuaram e até se ampliaram e se sofisticaram depois da saída de
José Dirceu da Casa Civil e, portanto, do próprio governo Lula. Durante o
julgamento do mensalão, Dirceu foi o “chefe da quadrilha”. No petrolão, ele
volta a ser o “braço direito”, porque o “comandante” era outro: Lula.
Segundo os procuradores, recheando a exposição com organogramas e
gráficos em que Lula está sempre no centro, em destaque, o mensalão e o
petrolão são duas faces da mesma moeda. E o elo entre elas é justamente Lula,
que passa a ser também o centro dos debates políticos, depois do impeachment de
Dilma Rousseff, há duas semanas, e da cassação do deputado federal Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), dois dias antes.
O estrago é monumental e é em cadeia (sem trocadilho): deixa em
frangalhos a imagem de Lula, os debates já muito tensos sobre o futuro do PT e
as chances do partido nas eleições municipais, que estão logo aí. Se já estavam
em situação difícil, os candidatos petistas ficam agora sem pai, Lula, e sem
mãe, Dilma. Quem Fernando Haddad pode chamar para seu palanque em São Paulo,
por exemplo?
Como tudo na vida tem dois lados, e como Lula e o PT sempre foram bons
de marketing, a reação deles será a vitimização. Na campanha, nas entrevistas,
nas redes sociais, atacarão o juiz Sérgio Moro, o Ministério Público Federal, a
Polícia Federal e até a imprensa, que divulga os fatos. Quando não há defesa,
parta-se para o ataque. Às vezes dá certo, às vezes não. Mas é o que resta a
Lula e ao PT.
Quanto ao governo Michel Temer, só resta fingir que não é com ele. A
orientação no Palácio do Planalto é não haver comentários e muito menos
comemoração diante da desgraça do parceiro de até poucos meses atrás. Primeiro,
porque Temer não lucraria nada com isso. Segundo, porque nunca se sabe o que
pode surgir sobre a cumplicidade do PMDB na “propinocracia” do PT.
Essa palavrinha, aliás, lembra o ministro Gilmar Mendes, do Supremo
Tribunal Federal (STF), que acusou os governos do PT de “cleptocracia” com um
“plano perfeito” para se eternizar no poder. Logo, a força-tarefa da Lava Jato
e o ministro estão falando a mesma língua. Uma língua ferina, que conta uma
história que certamente terá efeitos políticos, jurídicos e policiais.”
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