Por José Antônio Taveira Belo /
Zetinho
Passado a euforia da excursão
para Natal e Caicó, arregaçamos as mangas para realização da entrega dos
certificados e do baile em grande festa merecida. Com esta determinação
começamos a confecção de convites, flamulas, confirmação do salão da Associação
Garanhuense de Atletismo – AGA, a orquestra e a localização das mesas para a
família e os convidados. Tudo tinha que sair perfeito. A entrega dos diplomas
já estava acertado com a secretaria do Colégio Diocesano de Garanhuns em seu
salão nobre, pela parte da manhã, precisamente às 10 horas. Ai começou a batalha para a vestimenta –
todos de terno preto e gravata a gosto, na cor.
Camisa de manga compridas, branca. Começou um problema que tinha que ser
superado. Todos os alfaiates estavam com encomendas para ser entregue aos
fregueses no final de ano e não tinham condições de receber novos trabalhos. Os
alfaiates botavam a mão na cabeça, quando consultados pedíamos para dar um
jeitinho brasileiro. Alegávamos a formatura. . Alguns, depois de muita conversa
e amabilidade, resolvia ficar com o tecido, ora casimira, linho, tropical para
confeccionar o terno. Trabalhavam até
altas horas da noite para dar conta do trabalho. Tinha somente duas alfaiatarias - Zé Barbosa
na Rua Melo Peixoto, antiga Jatobá e Amaro Costa, na Avenida Treze de Maio.
Muito de nós ficamos aperreados com o “não”, “não posso confeccionar, pois já
temos muito encomendas”, e assim por diante a alegação de cada alfaiate. Muitos
recorreram a outras cidades, principalmente, aquelas ligadas a Garanhuns, a
cidade de São João, Palmeirina, Santa Terezinha, Brejão e tantas outras e no
final todos estávamos vestidos para receber a conquista de muitos anos de
estudo. Neste meio tempo, procuramos homenagear os nossos professores, aqueles
que nos ensinaram viver com dignidade e honestamente para o serviço para qual
estamos aptos a desenvolver. Chegamos pela manhã ensolarada, com os convidados
para a solenidade da entrega do diploma. As cadeiras enfileiram, com encosto
branco, onde cada um se assentava enquanto a mesa era composta pelo diretor e
professores. A ansiedade tomava conta de todos. Os convidados iam chegando,
pouco a pouco, sentando-se em lugar apropriado. Começaram a solenidade com o
cântico do Hino Nacional, todos de pé cantando em alta voz. Em seguida o
Diretor parabenizou todos os concluintes e começou a chamada nome por nome.
Levantamos e com a madrinha íamos até a mesa sendo entregue o diploma sob uma
chuva de palmas. A solenidade foi encarrada com o hino do Colégio, todos em pé
de peito estufado, cantando – Alto padrão de civismo e de glória,/ Templo
sagrado de luz e saber, /!É o penhor de estupenda vitória, / Que para nós o
lutar é vencer / Por Deus marchamos, levando a bandeira / Da pátria nossa
gentil brasileira./ Avante, pois, com ardor juvenil / Pelo Brasil, pelo Brasil!
/ Eis lá no céu o Cruzeiro luzindo / Emblema augusto de crença e amor / É
noite! A terra dorme sorrindo / Pra despertar com mais fulgor / Ouvindo a voz
da clarim da alvorada / Chamando à luta uma nova jornada / Ginasianos, nome
imortal / Seja a instrução nosso ideal / Astro brilhante que anima e aquece /
curva-se a fronte para uma prece / E dentro de nós a alma suspira / Aos pais,
aos mestres um grato louvor / Cheguem as notas deste hino de amor / Ginásio
amigo, querido lar / tudo faremos por te exaltar. As lagrimas escorriam pelo
rosto de muitas pessoas que ali presenciava este grande acontecimento. A noite
enluarada e as estelas no céu azul escuro contemplavam as famílias e convidados
chegando para o grande baile. As pessoas subiam devagarinho a escadaria da AGA.
As senhoras e senhoritas todas alinhadas de vestidos longos, azuis, amarelo,
cor de rosa, branco, vermelho. Os colares e os brincos ornamentavam os
semblantes de cada uma. Os anéis vistosos. A maquiagem dava aquele tom de
elegância a cada uma delas, os penteados cada um mais charmoso, sustentados por
laquê para não se desmanchar pelo vento, Os homens elegantemente vestidos em
seus ternos escuros e claros. As camisas brancas, outros com listras bem
fininhas, azuis quase não se notando. As gravatas de varias cores, listradas
presa por uma presilha brilhante. As abotoaduras sobressaia pela manga da
camisa. Os sapatos brilhosos mostrando a meia de seda. Era uma elegância sem
comentários. O nosso povo de garanhuense sabem se vestir elegantemente. Ao
adentramos no salão as mesas estavam deslumbrante, forradas com toalha branca e
no meio um jarrinho com o nome do convidado. Todos iam se achegando tomando
seus lugares enquanto a orquestra se preparava para dar os seus acordes. Visitamos
cada mesa, onde recebíamos parabéns e saímos alegremente. Os garçons já serviam
as mesas com uísque, Ron Montilha e cervejas bem geladinha. O baile começou às
22h30min quando os pares começaram a dançar até às 4h30min. Foi uma noite
maravilhosa que até hoje é relembrada com carinho e com muita saudades.
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