Por Zezinho de Caetés
Hoje, o grande debate nacional é sobre se os procuradores da
Lava Jato se excederam ao apresentar a denúncia de Lula. Uns dizem que sim,
outros dizem que não. No debate, no entanto, não consta nada a respeito do
conteúdo da denúncia em si, pois ninguém é doido em pensar que o meu
conterrâneo não tem “culpa no cartório”
como se dizia lá em nosso interior.
Muito pelo contrário, a reação de Lula ao pronunciamento do
MPF apenas comprova que ele tem muita culpa, ou, pelo menos quer ser eleito
mártir de uma causa perdida. Alguém hoje ainda duvida que ele é um cara rico?
Alguém ainda duvida que aquelas palestras dadas a peso de ouro, mais caras do
que as do Clinton, não eram apenas uma forma de lavar dinheiro? Alguém ainda
duvida que o sítio de Atibaia e o tríplex do Guarujá a ele pertence? É claro
que não!
Aquela sua frase querendo dizer que os procuradores não
tinham provas, e sim só convicção, é um engodo para inglês e petista verem. São
tantas as evidências que é até impossível, de sã consciência entrar no debate.
O que queriam os lulistas? Que os procuradores lessem 150
páginas em frente às câmaras de TV, em atitude circunspecta como se estivessem
numa missa? Fazendo isto daria até tempo o Lula fugir para a Venezuela. E para
apenas mostrar uma pontinha do iceberg no mar de malfeitos do Lula, eu
transcrevo abaixo um texto do José Casado, de ontem, no O Globo (“História nos autos”, sobre o que
disseram o Delcídio e o Pedro Correa, sobre as traficâncias dos partidos na
Petrobrás.
Leiam-no e vejam se algum juiz será bobo o suficiente para
não aceitar a denúncia dos procuradores. E, como sabemos todos, o Moro não é
bobo e já enviou a passagem de Lula e Dona Marisa para Curitiba para que ele não vá a pé. Isto é que é justiça social.
“Ex-líderes do PT e do PP relatam a devastação da maior empresa do
país, a Petrobras. Em outubro, eles e mais dez envolvidos devem recontar a
história para a Justiça dos EUA
Os óculos transitavam entre as mãos, cadenciando a fala diante da
câmera. Já durava uma hora o interrogatório do ex-senador sobre a política no
Brasil nos últimos 15 anos.
— O senhor diz que o presidente Lula tinha conhecimento do ilícito que
estava sendo praticado lá na Petrobras, “arrecadação” de propina, desde a
formação do governo. É isso mesmo? — quis saber o procurador.
— É isso. Então, doutor, no princípio era uma coisa mais restrita de
menor monta, não atingiu a dimensão que veio depois.
O procurador queria detalhes sobre “a participação do Luiz Inácio Lula
da Silva no esquema”. O ex-senador Delcídio Amaral demonstrava ansiedade em
contar como foi o fatiamento do poder sobre o caixa da estatal de petróleo para
financiar o PT, o PP e o PMDB, entre outros. Petista por década e meia, foi
líder do governo Dilma até o início deste ano. Preso por obstruir a Justiça,
resolveu fazer um acordo de colaboração, como outros 60 envolvidos (há mais
duas dezenas de acusados na fila de negociações em Brasília e Curitiba).
— Sobre o processo “arrecadatório”, de propina, como é que se dava a
relação do presidente da República com os diretores da Petrobras?
— Eram os partidos que executavam — explicou Delcídio. — Como ele
conversava com os partidos, tinha um acompanhamento quase em tempo real de como
cada partido estava agindo dentro dentro da Petrobras. Tinha ciência clara.
Evidente que não entrava na execução, mas sabia o que estava acontecendo. Isso
aí é inegável. E uma coisa é certa: se um diretor não “desempenhasse”, a
reclamação era direta lá no Planalto.
— E ele (Lula) tinha conhecimento de quanto cada diretoria da Petrobras
arrecadava?
— Do PT, ele tinha conhecimento claro. Dos outros partidos podia ter
uma noção dos valores, pelo tamanho dos negócios. É inegável.
Setembro mal começara e o ex-líder do PT falou por mais uma hora sobre
Lula, partidos e propinas em contratos da Petrobras. Na mesma época, em
Curitiba, o antigo líder do PP na Câmara, Pedro Corrêa, relatou reuniões com
Lula desde a nomeação de Paulo Roberto Costa na diretoria de Abastecimento da
Petrobras, em 2004, para “arrecadação de propina”. Costa “atendia
satisfatoriamente”, contou, mas o partido sempre queria mais.
— Em reunião do Conselho Político foi cobrado um ministério. Era eu, (os
deputados) Janene, Pedro Henry e o (ministro) Dirceu. O Lula respondeu: “Vocês
têm uma diretoria muito importante, estão muito bem atendidos financeiramente,
o Paulinho tem me dito”.
No ano eleitoral de 2006, Corrêa e Janene voltaram ao Planalto: — Lula
disse não. Nas palavras dele, “o Paulinho tinha deixado o partido muito bem
abastecido, com dinheiro para fazer a eleição de todos os deputados”.
Delcídio e Corrêa continuam reconstituindo nos autos judiciais a
devastação da maior empresa do país. Em outubro devem recontar a história para
a Justiça dos EUA, na companhia de outros dez acusados. Jed Rakoff, juiz de
Manhattan, pediu para ouvi-los no processo contra a Petrobras movido por
investidores estrangeiros. Em Curitiba, Brasília e Nova York há certeza de que
a Petrobras, fornecedores, executivos e políticos envolvidos não conseguirão
escapar ilesos de indenizações e punições rigorosas no tribunal de Nova York.”
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