Por Zé Carlos
Já de volta à terra do meu
aconchego, Pernambuco, começo estas mal traçadas linhas já em ponto de
ebulição. Vejam senhores, o que está acontecendo com o nosso colaborador, o
Lula. Ele diz que estão tentando frustrar os seus planos para voltar a ser
presidente em 2018, o que seria péssimo para esta coluna por que ele não poderia
se dedicar de corpo e alma, como vem fazendo, a ela. Imaginem os senhores que a
Lava Jato, aquela operação do sisudo Sérgio Moro, quer porque quer que ele vá
para a cadeia. Para mim, isto não tem muita importância, se derem a ele papel e
lápis para ele chamar alguém da prisão e pedir para ditar os seus shows, pois,
como todos sabemos, ele não é muito chegado a escrever nada, pelos erros do seu
português ruim, tudo bem. E o show de humor teria continuidade, certamente.
Vejam que chegaram a cúmulo de
tentar retirar dele os presentes que ele recebeu durante o exercício da presidência,
que ocupa 14 containers. Se eu imagino bem o que seja um container, é presente
demais. No entanto, tenho certeza, que grande parte do que está dentro deles,
são meras roupas humorísticas que ele usa em seus shows pelo mundo afora. Tomar
dele seria um duro golpe para o humorismo nacional. Já pensaram quantas
garrafas de caninha 51 deverá ter lá dentro? E pacotes de tira gosto que ele
aprecia? Dizem que lá há até presentes do Papa. O que seria? Um escapulário? E
ainda, esta Lava Jato, que está se voltando também para o humor, depois da
prisão do Guido Mantega (foi um prende e solta digno de delegacia de interior),
tenta aplicar certas normas do Código de Conduta Ética dos Agentes Públicos (Decreto
4.081/2002), que diz que só não devem ser declarados presentes de até R$100,00,
como uma garrafa de Pitu, por exemplo. Quanta injustiça, quando sabemos que um
simples papel de palhaço que o Lula usa em seus shows, hodiernamente, custa
mais do que isto. Não evoluímos nada. Por exemplo, nos EUA, só se o valor
ultrapassa U$375,00, o presente pertence ao governo americano, e permite ainda
que o presenteado que receber um com valor maior, possa compra-lo pelo valor de
mercado. E esta coluna pagaria gentilmente aqueles presentes do Lula que fossem
para ele usar nos seus shows humorísticos que sustentam a sustentam. Afinal de conta, neste nosso país, como se
ver, rir ainda é o melhor remédio.
E antes de ser preso o Lula ainda
dominou o humor nacional, mais uma semana, já que a Dilma agora está pedalando
no Rio de Janeiro, e só está fazendo shows nos comícios da Jandira Feghali,
candidata a prefeita da Cidade Maravilhosa, e que promete, torna-la mais feia
do que o Recife na época do PT no poder. O Lula continuou a andar por este
país, esperando que um dia, ele se sinta feliz com seu humor cada dia mais
ferino e concentrado no tema Lava Jato. A peça que ele tem apresentado chama-se
“Os meninos da Lava Jato”. Nele, o
Lula começa relembrando que era um menino pobre, cuja mãe nasceu analfabeta e
continuou a sê-lo por toda vida, e que ele apresentava shows no sindicato desde
jovem e já era considerado um grande humorista. E por aí vai se transformando,
entre uma muda de roupa e outra até se vestir de “jararaca” e atacar o sisudo Moro e seus meninos aloprados. Dizem,
ser na hora desta virada artística que a plateia vai aos píncaros do riso.
Vejam um exemplo de uma piada num show lá para as bandas do Ceará, sim a terra
de Chico Anísio, só para demonstrar a confiança do Lula em seu potencial
humorístico:
"Depois de dois anos de futuca, futuca, e futuca, não encontrando
provas, não encontrando nenhuma prova, porque eles têm de saber que eu não
tenho o estudo que eles têm, mas eu tenho vergonha na cara que muita gente não
tem. E se tem uma coisa que eu me orgulho é de olhar na cara de uma mulher, olhar
na cara de um homem e de uma criança e dizer para vocês que no dia que acharem
um real na minha vida que não seja meu, eu não valho mais ter a confiança de
vocês."
Vejam bem senhores e senhoras, se
alguém pode ficar sem sorrir com uma piada destas. Somente o sisudo Moro e seu
meninos ficariam impassíveis diante dela. E vejam, que ao contrário da Dilma,
ele nem falou que também olhava na cara do cachorro que havia atrás da criança.
E é nesta hora do show que seus ajudantes entram em cena com cartazes com a frase:
“O Lula não tem nada na vida!”.
Aqueles ternos do Armani, aquelas lanchas em que ele pescava, aquele sítio em
Atibaia, aquele tríplex no Guarujá, aquelas plásticas de Marisa, o pedalinho em
que ele ficava meditando no lago dos cisnes do sítio, os reais recebidos pelas
palestras dadas (que, diga-se de passagem, devem ter sido o ponto alto do humor
brasileiro), e tantos outros “reais de
sua vida”, é tudo mentira dos “meninos
do Moro”. E continua impassível perante aquela plateia a ponto de explodir
de riso:
“Ao futucarem a minha vida durante dois anos, eles já disseram que eu
tenho um apartamento que não é meu, já disseram que eu tenho uma chácara que
não é minha. Quero dizer para vocês que eu estou com a minha consciência
tranquila.”
Enquanto os ajudantes de palco
saracoteiam com fotos apresentadas pelos
procuradores de Curitiba, quando o denunciaram por lavagem de dinheiro e
corrupção. E quando a plateia, neste frenesi, lembra da piada antiga, quando
ele terminava os shows dizendo: “Eu não
sabia!”, vem literalmente abaixo, pois ficam de cócoras para aplaudir, pois
dizem ser melhor rir acocorado do que em pé, já que todos esperam se borrar
todo. E aí vem o fecho final do show:
“Se o problema deles é com 2018, eu que estou quietinho no meu lugar,
se preparem porque quem sabe cuidar do povo nesse país sou eu, quem sabe cuidar
do trabalhador, fazer esse país ser respeitado no mundo inteiro. Eu não tenho
nenhuma disposição hoje, mas se precisar, se preparem, eu vou voltar.”
Aí, ele já está com a fantasia de
Dom Sebastião e uma bandeira que diz: “Estou
voltando!”. E quando todo mundo já se prepara para a gargalhada final, ele
arremata:
“Desde 2005 que esse partido [o PT] apanha, apanha, apanha, de uma imprensa
nojenta, mentirosa. A História vai julgar cada um de nós. A História não
acontece no mesmo dia.”
Dizem que no Ceará, depois da
peça, houve um problema devido ao grande número de pessoas que desmaiaram por “embolia hilariante”. E no show em
Recife, onde estou chegando, ainda não se sabe o número de vítimas, mas, devem
ter sido muitas, pois fez acréscimos de piada como esta:
''Hoje, a Polícia Federal foi buscar o Guido no hospital. Entraram na
sala de cirurgia, onde a mulher dele, que está com câncer, começava uma
cirurgia. Levaram ele e, depois, com a maior desfaçatez, disseram que não
sabiam que ela estava doente. Sabiam! Ela não estava dentro de um hospital para
se embelezar. É preciso que esse país volte a normalidade. Isso exige que as
instituições respeitem as pessoas e a sociedade.''
O Guido a que ele se refere foi
aquele Ministro da Fazenda que ficou tanto tempo no cargo que achou que ele já
lhe pertencia, pelo conjunto de sua obra. Mas, o Lula se supera em qualquer
situação. Usar o câncer da mulher dos outros para criticar os “meninos do Moro”, é demais até mesmo
para os maiores usuários do humor negro. É o tipo de piada da qual só se ri em
casa quando se sabe que o sisudo Moro já havia decretado sua prisão meses antes
e que os “meninos” da PF não entraram
nem no hospital. Mas este é o Lula, que, para os mais fortes que conseguem ir
até o final do show, ele diz que a “Lei
deve ser igual para todos!”. Vindo dele, todos desmaiam de rir.
No entanto, com nem só de pão
vive o homem, também o humor não vive só de Lula. O Michel Temer, nosso
presidente “não interino”, está se mostrando também um grande humorista. Em
show realizado na ONU, só não visto pelos pândegos da Venezuela, Equador e outras
republiquetas da América do Sul, disse:
“Senhor Presidente, trago às Nações Unidas, por fim, uma mensagem de
compromisso inegociável com a democracia. O Brasil acaba de atravessar processo
longo e complexo, regrado e conduzido pelo Congresso Nacional e pela Suprema
Corte brasileira, que culminou em um impedimento.
Tudo transcorreu, devo ressaltar, dentro do mais absoluto respeito à
ordem constitucional. O fato de termos dado esse exemplo ao mundo verifica que
não há democracia sem Estado de direito – sem normas que se apliquem a todos,
inclusive aos mais poderosos. É o que o Brasil mostra ao mundo. E o faz em meio
a um processo de depuração de seu sistema político. Temos um Judiciário
independente, um Ministério Público atuante, e órgãos do Executivo e do
Legislativo que cumprem seu dever. Não prevalecem vontades isoladas, mas a
força das instituições, sob o olhar atento de uma sociedade plural e de uma
imprensa inteiramente livre.”
Não há muita graça no que ele
disse, mas, só pode-se ver que ele é um grande potencial para nossa coluna,
quando se imagina o rebuliço que ele encontrou de volta ao Brasil. Mas,
esperemos para ver o que ele vai aprontar no grande show que se prepara: “O teto para os gastos públicos!”. O Brasil passou tanto tempo com os gastos
públicos fora de controle, que só o título do show já é uma grande piada. Esperem
para ver.
E paro por aqui, embora já tenha
visto a propaganda eleitoral daqui de Recife, ainda não tive tempo de apresenta-la
aqui na coluna. Mas, se for igual à de São Paulo, vai ser um prato cheio, de
humor, é claro. E, logo abaixo, coloco o vídeo de uma fala do Magnum Malta, que mostra um resumo dos shows que o Lula vem produzindo neste país. Até a próxima semana!
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