Por Zezinho de Caetés
Diz a Dora Kramer, hoje no Estadão:
“Tira teima. O juiz
Sérgio Moro aceitou a denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio da Silva e
mais sete pessoas apresentada na semana passada pelos procuradores da
força-tarefa da Lava Jato, dirimindo, assim, qualquer dúvida sobre a existência
de substância na peça produzida pela acusação.
A decisão era
esperada. Inclusive pelo próprio Lula, cuja reação indicava exatamente o
contrário do que disse em seu discurso em que acusou o Ministério Público de
ter produzido um show de pirotecnia, mas não rebateu o mérito das acusações.
Algo parecido ocorreu
em 2007 quando o então procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza,
apresentou a denúncia do mensalão. O relato dele também foi recebido com algum
descrédito e alegações de que não havia provas contra os acusados. O Supremo
Tribunal Federal aceitou a denúncia, instruiu o processo e, nele, produziu as
provas que levaram às condenações.
Lula é réu, não é
condenado. Se vier a ser, poderá recorrer. Só não poderá mais dizer que os
procuradores envolveram-se numa “enrascada” ao denunciá-lo.”
É o óbvio ululante. Como dissemos ontem aqui, o Moro não foi
bobo para acreditar em lorotas de petistas amedrontados. A grande verdade é que
a casa caiu para Lula, e ele deve ficar pianinho, pianinho para que o juiz não
pense que ele possa atrapalhar o andamento do processo. Senão, é Curitiba direto.
Coloquei o texto da Dora Kramer acima para chamar atenção
para o fato que, no mensalão, foi a mesma cantilena e hoje, quase todos que se
envolveram já tomaram banho frio nas prisões. Hoje estão com tornozeleira ou
ainda presos como o Zé Dirceu. Como já diziam, meus pais: “A justiça tarda mas não falha”.
Hoje, no Brasil, ficou difícil acreditar nesta máxima pela
situação de penúria pela qual passa nosso sistema judiciário, tanto pela falta
de recursos materiais, quanto humano, e neste último caso pelo emprego de uma “justiça” que se politizou de forma
espetaculosa.
Mas, enfim, nasceu uma plantinha tenra, como nossa
Democracia, na figura do Sérgio Moro que deu início a uma esperança de voltar a
acreditarmos na justiça, mesmo tardia. Não é de hoje que o Lula apronta das
suas. Inicialmente, quase de forma imperceptível e depois de deixar a
presidência de forma tão escancarada que deu até na vista do povão. Ou alguém
pensa que a Dilma teria sido eleita se se soubesse da maracutaias de Lula?
Dizem que ele evitou o impeachment em 2005, quando estourou
o caso do mensalão, com o auxílio do PMDB, que também terá sua vez na Escala
Moro, e tem tudo para isto ser verdade. E agora o PMDB está no poder. Até
quando? Pelo bem do Brasil eu espero que só até 2018, porque, o tal do “Fora Temer!” não passa de propaganda
enganosa daqueles que querem se locupletar da herança maldita de Dilma.
Sei que nem tudo são flores, mas, pelo menos temos algumas coisas
acontecendo que nos levam a acreditar que mesmo morosa, um dia, teremos
justiça. Que apareçam outros Moros e que nossa classe política se dê conta de
que os tempos mudaram. Ou seja, há justiça também para os poderosos.
É por essa e outras que podemos dizer que “enquanto houver Moro, há esperança”
E esta flor (no bom sentido é claro) ainda nos diz em seu
despacho onde aceita a denúncia do meu conterrâneo o Lula:
" ... não olvida
o julgador que, entre os acusados, encontra-se ex-Presidente da República, com
o que a propositura da denúncia e o seu recebimento podem dar azo a celeumas de
toda a espécie.
Tais celeumas, porém,
ocorrem fora do processo. Dentro, o que se espera é observância estrita do
devido processo legal, independentemente do cargo outrora ocupado pelo acusado.
É durante o trâmite da
ação penal que o ex-Presidente poderá exercer livremente a sua defesa, assim
como será durante ele que caberá à Acusação produzir a prova acima de qualquer
dúvida razoável de suas alegações caso pretenda a condenação.
O processo é, portanto,
uma oportunidade para ambas as partes."
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