Por Zezinho de Caetés
Bem, hoje escrevo antes um pouquinho da votação do
impeachment, cujo resultado já é sabido por todos. Regresso a Porto Alegre da
Dilam. Tal qual Janaína Pascoal, estou com lágrimas nos olhos de pena da
ex-presidenta golpenta. Penso que as lágrimas da Janaína não são de crocodilo,
mas, as minhas e do JECa são.
E como a moda agora é cantar a saída da Dilma, como os
senadores Magno Malta (Kleiton e Kledir – “Deu prá ti...”, Ronaldo Caiado
(Chico Buarque – “Apesar de você...”), e outros, eu ataco de Vinícius de Moraes
e Baden Powel ( “Prá que chorar” - Veja a música completa lá em baixo):
“Pra que chorar
Se o sol já vai raiar
Se o dia vai amanhecer
Pra que sofrer
Se a lua vai nascer
É só o sol se pôr
Pra que chorar
Se existe amor
A questão é só de dar
A questão é só de dor
...........”
É isto mesmo. Para
que chorar? Talvez devemos fazer isto de alegria pelo Brasil e não por pena da
ex-presidenta. E quando sabemos os efeitos do impeachment sobre o PT, antigo
partido dos trabalhadores e hoje o Partido da Lava Jato, aí sim, não podemos
chorar e sim rir às bandeiras despregadas. E esperar que, nas eleições que se
avizinham o Brasil esqueça, de uma vez por todas, a estrela vermelha, que já
enfeitou até os Jardins do Palácio da Alvorada.
Aliás, como trata o Hubert Alquéres, com detalhes (“A estrela some” – Blog do Noblat) sobre
outros cantos do país, aqui no Recife, só descobri ontem que começou a campanha
para prefeito. E, pelo menos na propaganda do João Paulo, sim, aquele que se
for eleito vai construir um teleférico que vai do Morro de Casa Amarela para o
Parque Dona Lindu, a estrela não sumiu, mas, quase ninguém vê.
Agora, o nome do PT sumiu, totalmente. Penso que nesta
campanha, se ele quiser obter algum voto de alguém que presenciou o que
aconteceu no Brasil ele terá, se perguntado qual é o seu partido, ele deverá
responder, que partido é coisa do passado.
Este é um dos grandes legados do impeachment. O PT já era,
como nunca foi um partido sério. Foi apenas um trampolim para que alguns
amealhassem dinheiro que hoje o Sérgio Moro está querendo de volta. Por isso eu
digo que nem tudo são flores de defunto depois do impeachment.
Por hoje, e esperando a última sessão do senado para
defenestrar de vez a Dilma, eu, só posso dizer ao PT: Tchau querido!
E fiquem com o Hubert para os detalhes.
“A ser coerente com a narrativa do seu discurso de defesa no Senado,
Dilma Rousseff deveria percorrer o país de ponta a ponta, logo após a
consumação do impeachment, e usar o palanque eleitoral do seu partido como
trincheira de denúncia e resistência ao que ela e sua trupe chamam de golpe.
Isto tem possibilidade zero de acontecer.
Predomina no Partido dos Trabalhadores um clima de salve-se quem puder,
ou de, em tempos de Murici, cada um cuida de si. Diferentemente de 2012, quando
Lula e Dilma foram os carros-chefes da propaganda petista, a atual leva de
candidatos a prefeito não quer os dois nos seus palanques, principalmente uma
soberana escorraçada do trono, com imagem tão ou mais desgastada do que a da própria
legenda.
Daqui para a frente a relação Dilma-PT tende a ser como aquele verso de
uma música imortalizada por Caetano e Maysa: “podemos ser amigos simplesmente,
coisas de amor nunca mais”.
Se é que houve amor entre os dois alguns dia; se é que não ficaram
profundos ressentimentos, como revelou o ex-marido de Dilma, Carlos Araújo,
normalmente uma pessoa discreta e reservada, ao blog Socialista morena:
“O PT está tentando fugir de sua responsabilidade, é vergonhoso isso.
Quer atribuir a Dilma todos os problemas dele. Tudo que houve com ele, parece
que não houve, é só por causa da Dilma que está mal. Quando a questão é
inversa: o PT está mal pelos atos que cometeu, não puniu ninguém, não tomou
atitudes, providências em relação aos bandidos que tinha dentro do partido, na
direção do partido. Uma bandidagem. Tem que fazer um mea culpa e levar às
últimas consequências, explicar para a sociedade, deve explicações para a
sociedade. E, diante disso, trataram a Dilma muito mal, desde que começou esse
rolo aí, sempre trataram mal”.
O desamor é mútuo. Em seu discurso no Senado, Dilma não citou o Partido
dos Trabalhadores. Fez autoelogio, endeusou Lula, mas ao PT, nada. Quando fez
referência, foi para dizer que “meu partido errou ao não apoiar a Lei da
Responsabilidade Fiscal”. No mais, o Partido dos Trabalhadores foi o grande
ausente na sua peça de oratória.
A estrela, símbolo do partido, sumiu nos programas televisivos dos
principais candidatos petistas. Ou apareceu de forma tão minúscula, tão
acanhada, como na propaganda do candidato a reeleição em São Paulo, Fernando
Haddad, que para enxergá-la é necessária uma lupa. Aquela estrela vermelha
imensa da logomarca de Haddad de 2012 escafedeu-se em 2016, virou um pontinho
na tela de TV. Na logomarca de Raul Pont, candidato a prefeito de Porto Alegre
e da ala esquerda do PT, a estrelinha também tomou chá de sumiço
O vermelho desbotou, sumiu do mapa.
Em alguns casos “azulou”, como nas peças publicitárias do ex-deputado e
atual prefeito de São José dos Campos, Carlinhos Almeida, que aderiu ao azul e
amarelo, mais parecendo um tucano. Aquele mar vermelho não aparece nas
bandeiras, deu lugar a uma proliferação de cores nas campanhas petistas.
Quem entrou na clandestinidade mesmo foi a sigla PT, banida da TV e das
peças publicitárias. Qual é o partido de Haddad, de Raul Pont, de Reginaldo
Lopes, candidato em BH, dos candidatos Carlinhos, Donizete Braga, de Mauá, e de
Edinho Silva, candidato em Araraquara? Ninguém sabe!
Suas propagandas só informam que o número deles é 13. Um dos homens
forte do governo Dilma, Edinho Silva omitiu até que foi seu ministro, na
descrição de sua trajetória política.
É vexatório e emblemático do oceano de dificuldades no qual está
submerso o Partido dos Trabalhadores. Vai disputar as eleições municipais com
menor número de candidatos a prefeito, praticamente sem alianças ao centro, e
tendo como grande parceiro o PC do B, seu seguidista desde sempre. Mais grave: sem um discurso efetivo, capaz de
calar fundo no coração dos eleitores e de resgatar o brilho de uma estrela
opaca.
A direção do PT gostaria imensamente de virar a página, marchar no rumo
da refundação de um partido que perdeu o seu charme e está envolvido em suas
próprias contradições, ou no mar de lama que criou. Nem mesmo Lula é mais
unanimidade. Sua presença só é bem-vinda
em palanques dos grotões do país. Em São Paulo e em outros grandes centros
eleitorais virou uma mala sem alça, um andor difícil de carregar.
Imaginem então a Dilma. O discurso do “contra o golpe” não dá votos,
razão pela qual só foi assumido por Jandira Feghali, do PC do B do Rio de
Janeiro, ou por Raul Pont, que enfrenta em Porto Alegre uma dura concorrência
pela esquerda, a da candidatura de Luciana Genro, do PSOL.
Nesse emaranhado de dificuldades, os candidatos petistas apelam para o
mandraquismo, como se os eleitores fossem bobos e caíssem em truques de mágica.
Somem com a estrela. Correm o risco de sumirem das urnas.”
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