Por Zezinho de Caetés
Ontem, este meu escrito aqui neste Blog foi em latim. Hoje,
é em inglês. Mas, não é pela minha formação em línguas que isto aconteceu. São
os acontecimentos brasileiros que se globalizaram. É a babel olímpica.
Vejam que o PT, diante do naufrágio que o atingiu, resolveu
até apelar para a OEA tentando suspender o “insuspendível”
que é o processo de impeachment da ex-presidenta não inocenta. E haja línguas
para se usar. Porém, em todos as línguas eu não vejo como impedir que o outrora
Titanic PT, hoje, o barquinho do sítio de Atibaia, naufrague.
E o título em inglês vem daquele filme famoso, talvez pelo
nome, no qual, após uma guerra atômica, a raça humana tenta sobreviver. É o “Day after”, ou, a vida após o PT. E é a
jornalista Helena Chagas, cujo texto transcrevo abaixo (“Script da era pós-PT”), de uma forma didática e sobre o qual pouca
coisa tenho a acrescentar.
Apenas que a bola agora está com o Temer, para continuarmos
o jogo, como ontem, ganhando da Dinamarca, ao contrário de antes que empatamos
com o Iraque. E isto não depende só do Neymar. Depende de nós, principalmente.
Não há forma de voltarmos a ser uma economia descente e com
vontade de crescer se não tirarmos os entraves colocados por tantos anos de
erros bolivarianos/petistas provenientes do pensamento de que podemos melhorar
a vida do povo a partir do Estado patrão agigantado. Já foi demonstrado
cabalmente que este modelo é insustentável. Pão sem trabalho foi proibido desde
que Adão pecou, levado pela a serpente que hoje se transformou em jararaca.
E o Temer, agora, ou joga para o Brasil, ou para um
congresso decaído pelas lambanças dos seus componentes. Ele será o Itamar ou
Sarney, e muito depende de nós em nos mantermos ativos e participativos no
processo político como ainda nos permite nossa embrionária Democracia.
Fiquem com a Helena, enquanto eu volto às Olimpíadas e
espero ansioso pelo impeachment da ex-presidenta.
“A menos de vinte dias do fim cronológico da era petista no poder,
ex-governistas e ex-oposicionistas tentam se encaixar nos novos papéis. Michel
Temer se aproxima da hora da verdade, quando não terá mais a desculpa da
interinidade para justificar as faltas e recuos e terá que mostrar força para
tomar medidas duras que não agradam aos políticos. Dilma Rousseff vai para casa
esperar o julgamento da história, que certamente lhe será mais justo. Luiz
Inácio Lula da Silva volta a comandar um partido de oposição. Eduardo Cunha
encara a cassação. Os tucanos voltam a sonhar com o poder, e a única coisa que
não muda no ninho são as bicadas recíprocas. Todos, sem exceção, continuam com
medo da Lava Jato...
A vida segue e ninguém tem muita idéia do que vai acontecer na nova era
PMDB-PSDB – que, na verdade, de nova não tem muita coisa. Vai aqui um roteiro
que pode servir de base a algumas reflexões sobre os próximos dois anos:
1. Michel Temer: entre o sucesso e a sarneyzação. O presidente ainda
interino tem dois caminhos à sua frente. Ou faz valer sua autoridade – ou poder
de convencimento – e leva o Congresso a aprovar medidas duras como o teto para
os gastos públicos, a reforma da Previdência e da legislação trabalhista, ou
entra num processo de desgaste semelhante ao que atingiu o ex-presidente José
Sarney, que foi até o fim do mandato, mas sob críticas e baixa popularidade. O
que vai decidir é a capacidade de Temer tirar
economia do fundo do poço. Não precisa fazer nada espetacular, mas tem
que, por exemplo, reduzir o desemprego. O que só vai acontecer se evitar que o
Congresso desfigure as reformas – como vem fazendo até agora, com a tolerância
do Planalto, sob o pretexto de o impeachment não ter sido ainda aprovado.
2. Novas eleições não estão mais no horizonte. Por algum tempo, pareceu
uma alternativa viável. Mas agora nem mesmo PT e os movimentos sociais
sustentam a tese. Conformaram-se em virar oposição e deixaram Dilma Rousseff
falando sozinha na defesa do plebiscito. O que muitos se perguntam é se a
proposta de novas eleições não ressuscitaria caso a Lava Jato atingisse em
cheio Michel Temer. Pouco provável. Mesmo alvo de acusação mais pesada, Temer
só poderia sofrer impeachment por atos praticados no exercício da presidência –
até agora, apenas três meses. Além disso, se afastado o presidente nos dois
últimos anos do mandato (2017/18), a eleição do substituto é indireta, via
Congresso. Só essa perspectiva já coloca o pais a navegar num grande pesadelo.
Nada impede, contudo, que, atropelado pela Lava Jato, Temer perca condições de
governabilidade e vire uma espécie de lame duck, aquele governante que está ali
só para cumprir tabela até 2018.
3. O candidato do governo em 2018 será José Serra ou Henrique
Meirelles? É a pergunta que não quer calar na Esplanada, onde os dois mais
fortes ministros do governo alimentam sonhos de substituir Temer no Planalto.
Há previsão de disputa ferrenha, mas a resposta pode ser nenhum dos dois. Por
quê? Porque Meirelles e Serra só emplacariam como candidatos viáveis se o
governo der certo, ou seja, se chegar a 2018 com realizações e popularidade. Se
for assim, dizem os mais experientes, o candidato acaba sendo o próprio Temer,
apesar de todas as negativas de hoje.
4. Lula sobrevive até 2018 ou cai nas garras da Lava Jato? Só Deus
sabe. Poucas vezes se viu uma caçada igual a um ex-presidente. A cada dia,
fecha-se o cerco dos investigadores. Mas tudo indica que, além de obras no
sítio de Atibaia e num apartamento no Guarujá, não teriam encontrado elementos
mais gritantes e concretos – uma conta na Suíça, por exemplo – a relacionar
Lula e os contratos e obras das grandes empreiteiras. Os que torciam para ver
logo o ex-presidente na cadeia estão ficando nervosos. Agora, o objetivo parece
ser torná-lo inelegível, o que mostra o medo que ainda provoca. Apesar do desgaste e do abalo de imagem, Lula preserva
o apoio de cerca de 20% das pessoas – que pode não ganhar a eleição, mas é
suficiente para levá-lo a um segundo turno. Se sobreviver até lá.
5. Quem tem chance de se dar bem em 2018? Quem conseguir se distanciar
dessa turma toda, abandonando discursos políticos surrados e reinventando a
comunicação com o eleitor. O anti-político, ou o não-político, quem sabe. É a
hora dos outsiders, o que não deixa de ser um perigo.”
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