Por Zezinho de Caetés
“Cometeu a acusada, a
senhora presidente da República, Dilma Vana Rousseff, os crimes de
responsabilidade correspondentes à tomada de empréstimos junto a instituição
financeira controlada pela União e à abertura de créditos sem autorização do
Congresso Nacional, que lhe são imputados e deve ser condenada à perda do seu
cargo, ficando, em consequência, inabilitada para o exercício de qualquer
função pública pelo prazo de oito anos?”
Será esta a pergunta que o Lewandowski fará aos Senadores,
lá pelos fins de agosto, no final do julgamento da ex-presidenta que ainda se
diz inocenta e “golpeada” por aqueles
que o Lula chama de “eles” e que até
agora ninguém sabe quem é.
E pasmem, a Dilma resolveu ir ao Senado, ao vivo e a cores,
para tentar influenciar na resposta. Se ela não renunciar antes, será no dia
29. Eu não sabia, mas desconfiava, desde quando ela falava tanto em sua
tortura, e continua falando até hoje, que o problema dela fosse um grau
exacerbado de masoquismo. Que nos últimos dias se acentuou bastante, ao ponto
de enviar aquela carta, que ontem aqui comentamos.
Ela achou pouco e vai se expor no Senado para mais
sofrimento. Chega dá dó. E talvez seja isto o que ela queira passar para a
população. Sim, eu sei que os Senadores são educados (com algumas exceções) e
não vão partir para agressões gratuitas, e isto, é o que a decepcionará.
Verdadeiramente, não seria surpresa se ao dar razão ao
Nelson Rodrigues que dizia que “Nem toda
mulher gosta de apanhar, só as normais”, e queira se apresentar como mulher
normal, para o Nelson, é claro. Neste caso, eu acho mais adequada a outra frase
dele, que mostra uma ligeira contradição com a primeira: “Toda mulher gosta de apanhar, apenas as neuróticas reagem.” Pois, quem
não sabe que o masoquismo tem um pouco de neurose?
Dizem que, quando admoestada sobre o perigo que estava
correndo com sua resolução de ir para a toca dos lobos, ela falou: “Nunca tive medo disso, aguentei tensões bem
maiores na minha vida. É um exercício de democracia.” O que confirma a
minha tese do masoquismo como arma política. Só a Dilma mesmo!
Bem, mas, se ela quer ouvir o som do “sim” mais de sessenta vezes, o que se pode fazer? Vamos ajudá-la a
partir para Porto Alegre, como se diz, “numa
boa”. Afinal de contas, concordo com o Reinaldo Azevedo que escreveu a este
respeito em seu blog uma postagem cujo título resume tudo: “Dilma vai ao Senado, mas evidencia o
desprezo que tem pelos senadores. Ou: a melhor propaganda anti-Dilma é deixá-la
falar”, que lá em baixo transcrevo.
Eu não perderei sua fala e arguição por nada neste mundo.
Será a única vez que uma pessoa tentará parar um “golpe de Estado”, como ela mencionou na “carta”, no grito. Se conseguir, já prometeu que fará eleições
gerais porque descobriu sua verdadeira vocação: Cantora de Ópera. Ninguém
merece!
“Vai, Macunaíma, baixe aí: “Ai, que preguiça!”.
Dilma é arrogante até quando tenta ser humilde. É truculenta até quando
pretende posar de vítima. Que coisa mais sem jeito! Que coisa mais sem solução!
Em conversa com Natuza Nery, do Painel da Folha, ela diz que vai, sim,
ao Senado se defender. E, segundo entendi, não vai impor como condição o
silêncio dos senadores.
Quanta bondade!
Indagada se não teme a reação dura dos senadores, a Afastada deu a
seguinte resposta:
“Se eles quiserem que o Brasil veja um show do tipo de 17 de abril
(data da votação do processo de impeachment na Câmara)…
O que ela quis dizer com a frase?
Naquele dia, parte considerável da Câmara votou a favor do envio da
denúncia para o Senado em nome da família, do papagaio, do sua categoria
profissional etc. Houve, sim, momentos constrangedores.
Dilma, assim, diz o que pensa do Senado da República. É esta senhora
que pretende voltar à Presidência. Isso explica muita coisa.
Também está claro que a Afastada pretende levar para o Senado a figura
da militante política, da ex-torturada, daquela que teria lutado pela
democracia. Não custa lembrar: os grupos aos quais ela pertenceu matavam
inocentes em nome da causa.
Os petistas citam como referência uma ida sua ao Senado, ainda
ministra, quando teria “destruído” o senador José Agripino (DEM-RN). O
democrata fez então uma referência realmente infeliz ao tempo em que Dilma foi
prisioneira política, que deu a ela a chance de posar de heroína.
Os tempos são outros.
Tudo indica que Dilma pretende desempenhar o papel da mulher destemida
e mártir, obrigada a enfrentar o suposto machismo do Senado.
Meu conselho aos senadores? Lembrar Paulo Francis sobre os comunistas:
“A melhor propaganda anticomunista é deixar um comunista falar”.
Assim, a melhor propaganda anti-Dilma é deixar Dilma falar.
Sozinha!”
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