Por Zezinho de Caetés
Hoje, ao ler a coluna semanal do Zé Carlos, de ontem, vi que
ele tenta imputar a mim a criação do adjetivo usado pela Vanessa Graidiotin no
Senado, referindo-se à ex-presidenta: “inocenta”.
Eu, como sou da área, sei que o termo é um adjetivo comum de dois gêneros, e
portanto, é apenas fruto da criatividade ou jocosidade.
Realmente eu o usei com alguma frequência aqui no Blog,
desde muito tempo, ou seja, desde que eu cheguei à conclusão de que a
ex-presidenta é mesmo inocenta, significando que como a palavra não existe, o
fato também não. No entanto, sei que “presidenta”
foi sempre muito pouco usado, até a Dilma assumir, e obrigar seus asseclas a o
usarem, durante alguns anos.
E até existe um uso para a palavra “presidenta” que agora o
Michel Temer deveria até defender, que é para a mulher do presidente. Neste
caso, agora a Marcela, recatadíssima e do lar, será a nossa presidenta, embora,
até agora, esta seja, mesmo, inocente.
Devido a esta querela, que cheira a cultura inútil, eu
resolvi, para, quem sabe, patentear o uso do termo, pesquisar algumas vezes que
o usei. Não tive tempo de ver quando começou, mas, cito abaixo alguns frases em
que o fiz, somente este ano. Se quiserem reler basta só clicar nas datas:
Ontem, fiquei feito um
paspalhão na frente da TV para ouvir, do advogado de Dilma, o José Eduardo
Cardoso, a defesa de nossa presidenta inocenta
incompetenta. (05/04/2016)
E uma intervenção
intempestiva é que seria um verdadeiro golpe em nossas instituições. Portanto,
permitam-me terminar usando o bordão da presidenta inocenta, como o faz o articulista citado, agora de forma correta:
“Não vai ter golpe!” (13/04/2016)
Estou aqui insone,
mas, satisfeito com o baile do qual participei ontem à noite na Comissão de
Impeachment do Senado. Confesso que não aguentei, igual ao Miguel Reale, um dos
denunciantes do processo de impeachment a presidenta birrenta e que se diz inocenta, pelo adiantado da hora. (29/04/2016)
Ontem, foi um dia de
cão na política nacional. Quando todos esperavam acordar para curtir a leitura
do relatório da Comissão de Impeachment no Senado, o Brasil acorda com a
decisão de Waldir Maranhão, presidente interino da Câmara, que ficou no lugar
do decaído Eduardo Cunha, de anular o processo de impedimento da presidenta que
se diz inocenta. (10/05/2016)
E o Lula, meu
conterrâneo, confesso, tive peninha dele. Primeiro se recusou a entrar no
Palácio do Planalto, depois de chorar no ombro da ex-presidenta que se dizia inocenta. (13/05/2016)
A ex-presidenta, não
tão inocenta, pode até ter atropelado um pedestre em suas “bicicletadas”
diárias, mas, se isto ocorreu em 31 de dezembro de 2014, não entra no processo,
porque só os crimes que ela cometeu em 2015 é que valem. (15/06/2016)
Porém, há coisa mais
cínica do que, ainda hoje, a ex-presidenta dizer que é inocenta? Vivemos no país do cinismo desbragado. (13/07/2016)
Vejam que o PT, diante
do naufrágio que o atingiu, resolveu até apelar para a OEA tentando suspender o
“insuspendível” que é o processo de impeachment da ex-presidenta não inocenta. (11/08/2016)
A Vanessa Graidiotin,
lá do Amazonas, imitando nosso colaborador Zezinho de Caetés, chamando a Dilma
de “presidenta inocenta”. (15/08/2016)
(Zé Carlos)
Minha ideia de patentear o “termo” veio quando li hoje no O Globo um texto do excelente
jornalista José Casado, cujo título é: “O
‘trouxa’ e a ‘inocenta’”. Nele, ao invés de citar-me como autor do adjetivo
jocoso, cita a Vanessa Graidiotin. Como dizia a Lucinha Peixoto, eu fiquei “possesso”.
Porém, vale à pena transcrever o texto, porque ele envolve
outro adjetivo, este existente, “trouxa”,
que talvez, em seu afã para ser presidente outra vez, como ontem demonstrou, em
outra falação, meu conterrâneo, o Lula; se ele conseguir a façanha já vou
dizendo que o adjetivarei como o “presidento
trouxo”. Mesmo sabendo que isto é quase impossível, não custa nada
patentear estes também.
Fiquem com o Casado que vou continuar olhando as Olimpíadas,
para ver quando valerá cada medalha ganha por nossos atletas.
“Dilma e Bumlai, o amigo de Lula, culpam o PT por suas dores. Ela se
acha traída. Ele se vê como o otário usado para pagar a conta de uma suposta
chantagem contra Lula
Ela se considera vítima do próprio partido e da oposição, traída pelos
aliados e até hoje perseguida pelos assassinos e torturadores da ditadura
acabada 31 anos atrás. Ele se acha “trouxa”, otário, simplório, fácil de ser
enganado.
Foi dessa forma que a ex-presidente Dilma Rousseff e o pecuarista José
Carlos Bumlai se apresentaram nos últimos dias.
Dilma, em defesa prévia, culpou o PT por “responsabilidade” no
pagamento ilícito de US$ 4,5 milhões aos publicitários João Santana e Mônica
Moura para saldar dívidas da sua campanha presidencial de 2010.
O dinheiro teve origem em propinas cobradas pelo ex-secretário de
Finanças do PT João Vaccari sobre os contratos da Petrobras com o um estaleiro
de Cingapura, Keppel Fels — contou no tribunal o engenheiro Zwi Skornicki,
intermediário de repasses mensais de US$ 500 mil para Santana, via Suíça, entre
setembro de 2013 e outubro de 2014, quando Dilma foi reeleita.
Era um segredo das campanhas presidenciais de 2010 e 2014: “Achava que
isso poderia prejudicar profundamente a presidente Dilma”, disse Santana, em
juízo, ao explicar por que não contara antes. “Eu que ajudei, de certa maneira,
a eleição dela, não seria a pessoa que iria destruir a presidente. Nessa época
(da sua prisão, em fevereiro deste ano), já se iniciava um processo de
impeachment”.
Há mais coisas ocultas. Envolvem o fluxo de dinheiro da Odebrecht para
campanhas de Dilma, Lula e outros do PT. Ficaram reservadas à colaboração
premiada cujo desfecho talvez coincida com o impeachment no Senado.
Nesse outro processo, a “presidenta inocenta” — segundo o golpismo
gramatical da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) — apresentou sexta-feira
uma defesa de 675 páginas. Nela se definiu como vítima de uma “farsa” marcada
pelo “desvio de poder, pela traição, pela desonestidade e pela ilegalidade”.
Amaldiçoou quem discorda: “Nunca poderão afastar das suas mentes a lembrança
dos que morreram e foram torturados.”
Se confirmado o epílogo, Dilma estará fora do baralho, inelegível aos
68 anos de idade. E, sem imunidade, passa ao centro das investigações sobre
corrupção na Petrobras. Isso porque os publicitários confirmaram seu aval para
operações ilegais com fornecedores da estatal.
Como Dilma, o pecuarista Bumlai também culpa o PT por suas dores.
Apresentou uma defesa em 70 páginas na sexta-feira. Delas emerge como o “amigo
de Lula” que aos 72 anos coleciona doenças, carros (23) e imóveis (23) — entre
eles, uma fazenda de R$ 90,4 milhões. Bumlai se define, literalmente, como “um
trouxa usado pelo PT e pelo Banco Schahin” na lavagem de R$ 12 milhões.
Esse dinheiro teria sido usado, em parte, para pagamento de uma suposta
chantagem sobre Lula, quando era presidente da República. O objetivo era evitar
revelações sobre o sequestro, a tortura e o assassinato do prefeito de Santo
André (SP), Celso Daniel, no ano eleitoral de 2002. A vítima teria descoberto
desvio dos cofres municipais para o caixa do PT.
O caso permaneceu à sombra por 14 anos. Ressurgiu no juízo de Curitiba
pela voz de Bumlai, agora no improvável papel de “trouxa” — confissão que lhe
abriu o caminho para um acordo de delação premiada.”
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