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terça-feira, 2 de agosto de 2016

O que o Lula faria para não ser preso?




Por Zezinho de Caetés

Neste quase início de semana (o início mesmo o Zé Carlos fica com ele), fiquei procurando um texto para fazer o que mais gosta atualmente: Nariz de Cera, que alguns definem como um  parágrafo introdutório que retarda a entrada no assunto específico do texto e que é sinal de prolixidade, e eu o defino como a necessidade absoluta de introduzir coisas importantes, e que gostaríamos de tê-las escrito.

Tudo isto para dizer que não encontrei um bom texto hoje na mídia e recorri a um que li semana passada, da Mary Zaidan, publicada no Blog do Noblat, com o título de “Lula culpa o Brasil”, que, como sempre, abaixo o transcrevo.

Motivo da escolha: Lula era meu amigo, mexeu com ele mexeu comigo! E semana passada mexi com ele quando explorei aqui a besteira que ele fez ao recorrer à ONU, para se livrar do Sérgio Moro. O efeito foi imediato. Foi pego por outro juiz, o Ricardo Leite, de Brasília. Agora, como se dizia lá em nosso interior: “Nem o mel, nem a cabaça!”, ou seja, não conseguiu se livrar do Moro, e se afogou no Leite.

Se conheço bem a peça, acho que ele vai fazer de tudo para se safar da cadeia. E não estou pensando aqui em asilo político, suicídio a la Vargas, etc. Estou pensando no Brizola que já dizia: “Lula, para chegar ao poder, pisa até no pescoço da mãe”. Agora, o que ele faria para não ser preso? Dona Lindu, é apenas um parque no Recife, então...

Certas, horas, quando penso no meu conterrâneo, eu chego a ter saudades do Enéias, lembram? (Vejam lá em baixo um vídeo com ele, que pode ser chamado de “Rabo de Cera”). Não que concorde inteiramente com ele, mas, há que se ter algum preparo formal para ser presidente. E olhem, que não estou dizendo títulos e outras coisas que podem ajudar mas não definem um bom presidente. Basta ver a ex-presidenta que diz ter tantos doutorados quantos o Lula agora os tem, pelo menos, “honoris causa”, e foi o que foi.

Chega dá pena! Mas, o Lula vai continuar pisando na bola, e se deixarem, ele faz até gol contra o Brasil, para se livrar do Moro 2, como diz o esquecido Zé Carlos. E o pior é que se prever que venham por aí o Moro 2, 4, 5....

Fiquem com a Mary, que eu vou guardar as bandeiras que usei nas manifestações de domingo. Quem sabe precisaremos delas outra vez?

“Fingir que não é com ele, mentir para livrar a sua cara e a sua pele são traços impressos na personalidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sempre foi assim. Desde os palanques de São Bernardo do Campo -- quando recitava palavras de ordem óbvias diante da massa e de uma ditadura que lhe era dócil --, até à quase inacreditável petição contra o Estado brasileiro que impetrou, na quinta-feira, junto à Comissão de Direitos Humanos da ONU. Uma alma narcisa que só pensa em si. Que xinga e elogia, soca e abraça por conveniência e só age na primeira pessoa.

O mesmo Lula que em 1993 escorraçou a Câmara dos Deputados afirmando que ela abrigava “300 picaretas” dedicou loas à Casa, 10 anos depois, ao receber a Suprema Distinção Legislativa: “não existe nada mais nobre que um mandato parlamentar”.

Pouco despois de se eleger em 2002, desfilou de braços dados com José Sarney, a quem já acusara de ser “grileiro”. Adulou Renan Calheiros para ficar em pé durante o processo do mensalão; bajulou Paulo Maluf – que já fora o mal em si – para eleger Fernando Haddad, o prefeito mais impopular que São Paulo já teve.

Algumas lembranças do Lula de ocasião fazem arrepiar até a esquerda cativa que ainda hoje o aplaude. Collor de Mello que o diga. A entrevista ao Bom Dia Brasil, na TV Globo, pouco antes de ser eleito presidente da República pela primeira vez, é simbólica. Ali, elogiou, em alto e bom som, os governos de Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, que “pensavam o Brasil estrategicamente”. E discordou de bate-pronto da afirmativa do entrevistador sobre as altas taxas de inflação que os generais deixaram como herança. “Não é verdade”, assegurou.

Depois de vencer a eleição, Lula soltou ainda mais a verve. Fez do hoje condenado e preso José Dirceu o “capitão do time”, para depois puxar-lhe o tapete. Foi a público, em cadeia de rádio e TV, pedir desculpas pela traição dos seus no escândalo do mensalão, ocorrência que, meses depois, passou a negar peremptoriamente.

Quando se vê sem alternativas, escolhe a categoria de vítima, posando como perseguido da mídia e da elite. A mesma elite que lhe prestou favores pessoais e garantiu os bilhões para custear o sonho da hegemonia petista. Tudo à custa de generosas propinas nos negócios públicos.

Ainda que um pouco chamuscado, livrou-se do mensalão. E, se já podia tudo, Lula acreditou no infinito. Inventou Dilma Rousseff, enfiou-a goela abaixo do PT e dos aliados, provocando uma indigestão que nem todos os bilhões desviados de obras públicas, dos fundos de pensão e do sabe-se lá mais onde, foram suficientes para curar.

Vieram a Lava-Jato, o processo de impeachment de Dilma, a incerteza, o medo da cadeia.

O Lula que agora recorre à ONU não é mais o mesmo. Está fragilíssimo.

Por ironia da história, virou réu em Brasília – não em Curitiba -- quase que simultaneamente à sua tentativa de estender ao mundo a sua versão de mártir.

Mas suas bravatas já não ecoam. O processo que tenta impor em Genebra é um amontoado de mentiras. O cerne da peça -- o juiz Sérgio Moro age arbitrariamente para forçar delações de prisioneiros e não há tribunais para rever as sentenças – desintegrou-se em uma simples nota da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe): “O sistema processual brasileiro garante três instâncias recursais e, até o momento, menos de 4% das decisões do juiz Sérgio Moro foram reformadas”. E a tentativa de dizer que as acusações que pairam sobre si não passam de uma ação articulada de forças conservadoras para impedir a sua candidatura em 2018 beira o ridículo.

O Lula que agora recorre à ONU, seja para criar um fato novo em pré-impeachment ou facilitar uma eventual solicitação de asilo político no futuro, se mostra miúdo, debilitado, anêmico.

Ao acusar a Polícia Federal, a mesma que ele tanto elogiava durante o seu governo, e a Justiça, para a qual ele e sua sucessora indicaram 13 ministros, oito dos onze em atividade na Suprema Corte, Lula enterra-se, definitivamente, na lama.

Sua defesa age como se todas as instituições brasileiras – incluindo a imprensa, é claro -- fossem criminosas. E ele, só ele, inocente. O Lula que agora recorre à ONU é patético.”


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