Por Zezinho de Caetés
No último dia 17 de agosto eu escrevi aqui um texto cujo
título era: “A carta de Dilma: Burrice
não tem limites” (aqui).
Nele eu tentava, junto com o Ricardo Noblat, mostrar que a ex-presidenta havia
se superado na burrice que lhe é peculiar. Pois não é que ela ontem, em sua
propalada defesa no Senado, voltou a quase repetir a sua carta, em discurso
quase bizarro?
Pois é, não tem como não concordar com o Renan e dizer que,
para a Dilma também, a burrice, além de
não ter limites, é infinita.
No entanto, se só fosse o discurso, ainda seria suportável,
mas, quando a mulher abriu a boca sem ler, aí foi uma verdadeira tragédia.
Exemplo? Vejam só uns poucos.
Para não fugir da principal defesa do PT, de que o
impeachment é “golpe”, disse ela,
diante do argumento de que não há tanques na rua:
“A diferença consiste
que no golpe militar é como se você tivesse uma árvore, que você derruba o governo
e o regime democrático. O que tem acontecido no golpe parlamentar é que você
tira um presidente eleito por razões que estão fragilizadas pelo fato de que
não tem crime de responsabilidade que as sustentem. É como se essa árvore não
fosse derrubada, mas atacada por forte e intenso ataque de fungos, por
exemplo”.
Vejam bem, meus senhores e minhas senhoras, até onde vai a
burrice dela. Ela chamou os senadores de fungos, e se sentiu uma árvore
frondosa. Se havia algum senador em dúvida sobre como iria votar, depois dessa
não há mais. E se os seus áulicos mais empedernidos, como a Vanessa Graidiotin,
Lindberg e Gleisi e alguns outros de menor expressão, pudessem se arrepender, a
decisão para mandá-la a Porto Alegre seria unânime.
Para não tornar este escrito enfadonho, vejam apenas outra
pérola da ex-presidenta inocenta:
“Considero que essa
sua acusação é improcedente. Acho que ela é aquela mentira que não tem base na
realidade, ou seja, ela não expressa a verdade dos fatos”.
Esta foi em dilmês castiço e até hoje o Lewandowski, que
deve até pedir para votar junto com os senadores a favor do impeachment, está
procurando a “verdade” da Dilma. Ou
seja, o rito foi cumprido para dar apenas satisfação ao mundo, pois os de fora
não conseguem entender como o povo brasileiro pôde colocar na presidência esta
criatura.
Por falar em criatura, o Lula, pela sua expressão durante o
julgamento, se o conheço bem e ele não mudou tanto desde nossa meninice lá em
Caetés, deveria está pensando: “Meu Deus,
onde fui amarrar meu jegue!”.
Foi uma verdadeira pantomima, que ficará na história
brasileira como o dia em que a burrice chegou ao seu píncaro. Se a Dilma não
vou impichada em discurso de re-posse deverá imitar o Lula e dizer: “A burrice venceu o medo!”.
E fiquem agora com o Ricardo Noblat para os detalhes
técnicos do que poderá acontecer hoje, no qual ele diz, logo no título, que “Governo conta com 61 votos para aprovar o
impeachment”, mostrando o governo extremamente modesto diante do fiasco de
Dilma no dia de ontem. Agora já vou ligar a TV, para começar tudo de novo e já
esperar o discurso do Temer, como presidente, sem sombra.
“O presidente interino Michel Temer foi dormir, ontem, sossegado depois
de fazer e refazer as contas sobre o número de votos favoráveis e contrários no
Senado à aprovação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Se não
houver traições, 61 votos cassarão o mandato de Dilma e seus direitos políticos
por oito anos.
Bem, poderão ser 62 votos caso Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do
Senado, decida votar pela primeira vez. Por ora, só Renan e Temer sabem se
Renan votará ou não, mas não contam a ninguém. Fernando Collor (PTC-AL) é tido
como voto certo a favor do impeachment. Assim como Hélio José (PMDB-DF), que
pareceu indeciso ao interrogar Dilma.
Aflição e alívio devem ter embalado o sono de Lula. Aflição porque ele
acha que em breve poderá ser denunciado pelo Ministério Público Federal sob a
acusação de ter ocultado patrimônio – o tríplex do Guarujá e o sítio de
Atibaia, os dois em São Paulo. E sabe que se isso acontecer acabará condenado
pelo juiz Sérgio Moro.
O alívio de Lula tem a ver com a certeza compartilhada por ele com
senadores do PT e a direção do partido de que o destino de Dilma está selado.
Em breve, ela voará para Porto Alegre e, ali, se recolherá. De há muito que
Lula está convencido de que o PT só tem a ganhar com isso, e ele também. Dilma
virou um estorvo.
É um estorvo desde meados de 2014 quando não abdicou da reeleição para
que Lula pudesse ser candidato com Eduardo Campos, então governador de
Pernambuco, de vice. Virou um estorvo gigantesco quando não soube enfrentar a
crise da economia a partir do ano seguinte. Dela derivou a crise política
responsável por seu afastamento do cargo.
O pior dos mundos para Lula e o PT seria, ao fim e ao cabo, a
permanência de Dilma no poder. Eles não poderiam simplesmente abandoná-la. Mas
continuariam sujeitos às suas decisões desastrosas. De resto, estão convencidos
de que ela não seria capaz de reconquistar apoios para governar. E o partido
chegaria em 2018 em piores condições do que está.
Melhor que fique nas costas de Temer a herança maldita legada por
Dilma. Melhor que Lula e o PT possam passar imediatamente para a oposição ao
governo. Se dependesse de Lula, Dilma não teria se ocupado tanto com questões
técnicas como o fez no confronto com os senadores. Ele gostou do discurso lido
por ela, mas do resto, não.
Mas a culpa é dele – e Lula o reconhece em conversas com amigos. Ele
inventou uma criatura que pensou controlar. Ela escapou ao seu controle.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário