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terça-feira, 30 de agosto de 2016

A defesa de Dilma: A burrice é infinita




Por Zezinho de Caetés

No último dia 17 de agosto eu escrevi aqui um texto cujo título era: “A carta de Dilma: Burrice não tem limites” (aqui). Nele eu tentava, junto com o Ricardo Noblat, mostrar que a ex-presidenta havia se superado na burrice que lhe é peculiar. Pois não é que ela ontem, em sua propalada defesa no Senado, voltou a quase repetir a sua carta, em discurso quase bizarro?

Pois é, não tem como não concordar com o Renan e dizer que, para a Dilma também,  a burrice, além de não ter limites, é infinita.

No entanto, se só fosse o discurso, ainda seria suportável, mas, quando a mulher abriu a boca sem ler, aí foi uma verdadeira tragédia. Exemplo? Vejam só uns poucos.

Para não fugir da principal defesa do PT, de que o impeachment é “golpe”, disse ela, diante do argumento de que não há tanques na rua:

“A diferença consiste que no golpe militar é como se você tivesse uma árvore, que você derruba o governo e o regime democrático. O que tem acontecido no golpe parlamentar é que você tira um presidente eleito por razões que estão fragilizadas pelo fato de que não tem crime de responsabilidade que as sustentem. É como se essa árvore não fosse derrubada, mas atacada por forte e intenso ataque de fungos, por exemplo”.

Vejam bem, meus senhores e minhas senhoras, até onde vai a burrice dela. Ela chamou os senadores de fungos, e se sentiu uma árvore frondosa. Se havia algum senador em dúvida sobre como iria votar, depois dessa não há mais. E se os seus áulicos mais empedernidos, como a Vanessa Graidiotin, Lindberg e Gleisi e alguns outros de menor expressão, pudessem se arrepender, a decisão para mandá-la a Porto Alegre seria unânime.

Para não tornar este escrito enfadonho, vejam apenas outra pérola da ex-presidenta inocenta:

“Considero que essa sua acusação é improcedente. Acho que ela é aquela mentira que não tem base na realidade, ou seja, ela não expressa a verdade dos fatos”.

Esta foi em dilmês castiço e até hoje o Lewandowski, que deve até pedir para votar junto com os senadores a favor do impeachment, está procurando a “verdade” da Dilma. Ou seja, o rito foi cumprido para dar apenas satisfação ao mundo, pois os de fora não conseguem entender como o povo brasileiro pôde colocar na presidência esta criatura.

Por falar em criatura, o Lula, pela sua expressão durante o julgamento, se o conheço bem e ele não mudou tanto desde nossa meninice lá em Caetés, deveria está pensando: “Meu Deus, onde fui amarrar meu jegue!”.

Foi uma verdadeira pantomima, que ficará na história brasileira como o dia em que a burrice chegou ao seu píncaro. Se a Dilma não vou impichada em discurso de re-posse deverá imitar o Lula e dizer: “A burrice venceu o medo!”.

E fiquem agora com o Ricardo Noblat para os detalhes técnicos do que poderá acontecer hoje, no qual ele diz, logo no título, que “Governo conta com 61 votos para aprovar o impeachment”, mostrando o governo extremamente modesto diante do fiasco de Dilma no dia de ontem. Agora já vou ligar a TV, para começar tudo de novo e já esperar o discurso do Temer, como presidente, sem sombra.

“O presidente interino Michel Temer foi dormir, ontem, sossegado depois de fazer e refazer as contas sobre o número de votos favoráveis e contrários no Senado à aprovação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. Se não houver traições, 61 votos cassarão o mandato de Dilma e seus direitos políticos por oito anos.

Bem, poderão ser 62 votos caso Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, decida votar pela primeira vez. Por ora, só Renan e Temer sabem se Renan votará ou não, mas não contam a ninguém. Fernando Collor (PTC-AL) é tido como voto certo a favor do impeachment. Assim como Hélio José (PMDB-DF), que pareceu indeciso ao interrogar Dilma.

Aflição e alívio devem ter embalado o sono de Lula. Aflição porque ele acha que em breve poderá ser denunciado pelo Ministério Público Federal sob a acusação de ter ocultado patrimônio – o tríplex do Guarujá e o sítio de Atibaia, os dois em São Paulo. E sabe que se isso acontecer acabará condenado pelo juiz Sérgio Moro.

O alívio de Lula tem a ver com a certeza compartilhada por ele com senadores do PT e a direção do partido de que o destino de Dilma está selado. Em breve, ela voará para Porto Alegre e, ali, se recolherá. De há muito que Lula está convencido de que o PT só tem a ganhar com isso, e ele também. Dilma virou um estorvo.

É um estorvo desde meados de 2014 quando não abdicou da reeleição para que Lula pudesse ser candidato com Eduardo Campos, então governador de Pernambuco, de vice. Virou um estorvo gigantesco quando não soube enfrentar a crise da economia a partir do ano seguinte. Dela derivou a crise política responsável por seu afastamento do cargo.

O pior dos mundos para Lula e o PT seria, ao fim e ao cabo, a permanência de Dilma no poder. Eles não poderiam simplesmente abandoná-la. Mas continuariam sujeitos às suas decisões desastrosas. De resto, estão convencidos de que ela não seria capaz de reconquistar apoios para governar. E o partido chegaria em 2018 em piores condições do que está.

Melhor que fique nas costas de Temer a herança maldita legada por Dilma. Melhor que Lula e o PT possam passar imediatamente para a oposição ao governo. Se dependesse de Lula, Dilma não teria se ocupado tanto com questões técnicas como o fez no confronto com os senadores. Ele gostou do discurso lido por ela, mas do resto, não.


Mas a culpa é dele – e Lula o reconhece em conversas com amigos. Ele inventou uma criatura que pensou controlar. Ela escapou ao seu controle.”

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