Por Zezinho de Caetés
Hoje acordei tarde. Nem ainda fui à mídia para ver o que
está acontecendo depois que vi o Brasil perder mais uma vez para os Estados
Unidos no voleibol. Aliás, à tarde já havia tido este desprazer na ginástica
artística ao ver, outra vez a Simone Biles dar piruetas magistrais e levar os
americanos ao pódios. E nem continuo com o Michel Phelps para não ficar
monótono e tristonho.
Porém, ao mesmo tempo que tenho desprazeres, tenho prazeres,
por constatar que é o capitalismo que traz medalhas atualmente. Há anos atrás,
quando existia a União Soviética e havia uma disputada acirrada entre os dois
mundos, ditos socialista e capitalista, ainda se pensava outra coisa. Hoje não,
o capitalismo venceu, até em número de medalhas.
E há gente no Brasil que ainda continua pensando que “socialismo” ainda é uma palavra útil. E
talvez seja por isso que ainda amargamos apenas 3 medalhas, até ontem. Eu não
sei quantas ganharemos, mas, se depender da ideologia que neste mês se encerra
no Brasil, com o lulopetismo dizimado, tenho certeza que serão menos do que o
da próxima olimpíada.
Aliás, um dos grandes erros do meu conterrâneo Lula foi ter
trazido para cá a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Se no primeiro evento
tomamos de 7 x 1, de quanto tomaremos agora, nesta crise da qual os próprios jogos
fazem parte?
E para não dizer que não encontrei nada melhor sobre os
esportes do que ficar falando de nossa dificuldades, para fechar esta postagem,
vejam o que diz o Nelson Mota (“A era do
esporte-show” – O Globo), onde ele mostra seu dia a dia esportivo no Rio de
Janeiro e, tal qual eu, confessa que seu grande esporte agora é usar o controle
remoto da TV.
Só para concluir, tenho desistido de ver esportes que exigem
muito preparo físico. Na maratona, chego a ficar cansado. Quem ninguém siga meu
exemplo, nem o do Nelson. Fiquem com ele.
“Depois dos rios de sujeira da Lava-Jato, é um alívio para os
brasileiros poder mergulhar no mundo limpo da alta competitividade e da
excelência profissional em que vencem o talento, o esforço e a vontade, e se
orgulhar da nossa produção do evento e das oportunidades de vitória de nossos
atletas.
Enquanto a paixão e o entusiasmo da torcida nas arenas e piscinas
emocionam pelo volume e intensidade e, às vezes, atrapalham pela falta de
educação esportiva, nas redes sociais a selvageria e a covardia contra atletas
perdedores, ou vencedores, movidas a ódio, inveja e estupidez, até com ameaças
de morte e de estupro, mostram que estamos longe do espírito esportivo.
Claro, os gringos reclamam da pressão do público local contra os
adversários — como em todos os estádios e arenas do mundo —, mas é tudo do jogo
e parte inseparável do esporte.
Fui ao Maracanãzinho ver as meninas do vôlei e assisti a uma noite de
festa eletrônica, com show de luz e DJ tocando em volume demencial batidas
empolgantes, preenchendo com música todos os espaços entre as bolas paradas e
incendiando a torcida, transformando o jogo em parte de um espetáculo
multimídia em que o público se diverte mais, e o esporte não perde nada em
eficiência e beleza: a mistura americana esporte + entretenimento é um sucesso,
para o bem e para o mal.
Mas era muito bom e emocionante assistir aos jogos só com os cantos,
vaias e aplausos espontâneos da torcida, o som da bola batendo na quadra e os
gritos das jogadoras ecoando no ginásio.
A Olimpíada lembra que a esportividade não está só no esporte. É jogar
limpo na vida, é reconhecer seus erros e derrotas, o valor e os méritos dos
adversários, é aceitar os mistérios do acaso e da sorte, conviver com as
diferenças individuais nas forças e nas fragilidades da condição humana.
Ou, como dizem no Rio de Janeiro, diante de uma aposta, uma discussão
ou uma namorada perdida: levar na esportiva. Ou como diz Rita Lee em São Paulo:
brinque de ser sério, leve a sério a brincadeira.
Praticante de caminhadas, natação e ioga, minha
principal atividade esportiva tem sido trocar de canal no controle remoto.”
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P.S.: A foto acima (dois atletas brasileiros da Olimpíadas), aparentemente não tem nada a ver com o texto, mas, seu eu o tivesse intitulado "Viva a diferença!", todos iriam entender. Por isso pedi ao blog para colocá-la. (Zezinho de Caetés)
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