Por Zezinho de Caetés
Já estamos vivendo o clima olímpico. Já ganhamos da China
ontem. Como eu desejaria que fosse em produtividade de sua parte capitalista.
Mas, infelizmente, só foi no futebol feminino. E que venha a África do Sul que
parecia conosco antes da crise do PT, embora no futebol masculino sempre
fôssemos superior.
Ou seja, não é possível separar nossa crise política de
nossa crise esportiva porque a primeira é profunda demais para não atingir à
segunda. Já vimos a vergonha que passamos quando os Australianos, famosos
pernas-de-pau do futebol, deixaram os alojamentos da Vila Olimpica porque não
havia descarga para mandar o cocô à Baía da Guanabara, onde jazem todos os
outros cocôs, desde Dom João VI.
O PT nos levou ao centro deste furacão que já nos atrasou
dezenas de anos. E por isso, hoje, está dentro da “Tempestade perfeita”, que é o título do texto que abaixo
transcrevemos do Huber Alquéres, publicado ontem no Blog do Noblat. Nada mais
pertinente.
Se o PT não for banido da vida do país antes, pela justiça,
devido aos seus procedimentos eleitorais, que seus dirigentes continuam dizendo
que foram todos “legais”, o será
pelas próximas eleições. Ou alguém acha que o João Paulo, ou qualquer outro
petista terá chance nas eleições para prefeito próximas aqui nesta terra
adotada por mim? Só se o recifense tivesse enlouquecido.
Da mesma forma, como diz o Hubert, abaixo, os paulistanos
serão malucos de pegar a ciclovia para votarem no Haddad? O PT hoje virou
sinônimo de Dilma e Lula e assim sendo, todos os querem ver pelas costas, de
preferência olhando a cadeia de frente.
E, em verdade em verdade lhes digo, que acreditei no que
disse a Gleisi Hoffman, a musa do mal da Comissão do Impeachment, irritadíssima
porque o marido foi denunciado por afanar o dinheiro do crédito consignado. Ela
disse que, se o Senado não fizer justiça, a História o fará. Nada mais justo, e
se realmente fizer, tanto a Dilma quanto o Lula, entrarão nela como os maiores
vilões do Brasil, e terão direito ao Bolsa Família.
E hoje, estou me apressando para ir assistir à última sessão
da Comissão de Impeachment, que defenestrará a ex-presidenta de uma vez. Quanto
ao julgamento do Senado, o Temer já comprou as passagens para a reunião do G20,
como presidente, e não como interino, condição com que será vaiado no Maracanã
amanhã, mostrando que política e qualquer outra coisa andam sempre juntas nesse
nosso reino do animal humano, principalmente os esportes.
Fiquem com Hubert e curtam a tempestade perfeita que está
levando o PT à lona, que eu vou ver o histrionismo do Quinteto Abilolado, agora com nova performista que é a Kátia Abreu.
“Por conspiração dos astros, ou não, o Partido dos Trabalhadores
enfrentará as eleições municipais deste ano em meio a uma tempestade perfeita.
Não bastassem a proximidade entre a votação do impeachment de Dilma Rousseff no
Senado, coisa já resolvida, e o envolvimento cada vez mais cabeludo de Lula na
Lava-jato, não há sinais de que daqui até outubro o governo de Michel Temer
cometa grandes deslizes.
Para infortúnio do PT, dificilmente as eleições municipais serão
“paroquializadas”. Ao contrário, elas
deverão assumir um caráter plebiscitário antipetista, particularmente nos
grandes centros urbanos.
Arma-se um dilúvio à frente dos petistas e não há arca de Noé alguma à
vista. A opção por fazer chapas próprias ou com “frentes de esquerda”
minúsculas e de retorno ao enfrentamento aberto, quase que numa reedição da
política de “classe contra classe”, são produtos mais do desespero do que de
uma estratégia articulada para fazer frente à conjuntura extremamente adversa.
O Partido dos Trabalhadores ensaia um giro à “esquerda”, uma
radicalização, exatamente em momento de refluxo, um contrassenso com potencial
de ampliar mais ainda seu isolamento.
É como se o PT mergulhasse em busca do passado perdido. Só que a
história não gira para trás.
Nestas eleições o partido vai enfrentar algo inimaginável até bem pouco
tempo: a concorrência pela esquerda; segmento do eleitorado que foi durante bom
par de décadas sua reserva de mercado.
A ameaça vem principalmente do PSOL, mas não exclusivamente dele. Em
Porto Alegre, os petistas têm pela frente Luciana Genro (PSOL), em Belém,
Edmilson Rodrigues (PSOL), no Rio abriga-se na candidatura de Jandira Feghali
(PC do B), e deve comer poeira atrás das candidaturas de Marcelo Freixo (PSOL)
e Alexandre Molon (Rede). Em Salvador, não tendo como fazer frente à avalanche
de ACM Neto (DEM), sequer lançará candidato. Vai de Alice Portugal, também do
PC do B.
Vamos a São Paulo. Há um ano, onze entre dez analistas diziam que o
segundo turno da eleição paulistana seria entre Fernando Haddad e mais outro
nome.
Hoje, Haddad corre sérios riscos de ficar de fora do segundo turno. O
eleitorado historicamente petista vem sendo comido a montante e a jusante, nas
universidades e na periferia, por Luiza Erundina (PSOL) e por Marta Suplicy
(PMDB). E Celso Russomano (PRB) – que
lidera as pesquisas, mas está enrolado com a Justiça - e João Dória (PSDB).
O estupor, o terror e o pesadelo tomam conta dos petistas só em pensar
nessa hipótese, cada dia mais real. O futuro do PT está na razão direta do
desempenho de Haddad. Uma derrota do atual prefeito de São Paulo levará seu
partido a adiar, por anos a fio, qualquer veleidade de voltar ao poder em
escala nacional.
Na hipótese bastante provável de Lula não ter condições políticas e
jurídicas, ou as duas, para disputar 2018, Fernando Haddad seria o nome
disponível na prateleira, seria a “cara nova” do PT.
O problema é combinar com os russos, com os paulistanos. A
administração Haddad não criou marca e é uma das mais rejeitadas da história da
capital. Ciclovias, limite de velocidade dos carros, utilização da Avenida
Paulista para lazer, podem sensibilizar segmentos das camadas médias, mas são
temas absolutamente distantes do cotidiano de quem vive fora do centro
expandido.
A expressão concentrada da tragédia petista é exatamente essa: em 2012
Lula carregou Fernando Haddad a tiracolo, foi seu grande eleitor. Agora, o
prefeito vai ter de esconder o morubixaba em seu programa de TV para não ser
escorraçado pelos eleitores.
E quem disse que a tempestade passará em outubro? Para o PT, ela irá,
no mínimo, até 2018.”
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