Por Zé Carlos
Bem, meus caros e poucos leitores, começo a escrever sobre a
semana que passou, outra vez, com os olhos cheios de lágrimas, de tanto rir.
Foi uma semana parece que dirigida, em toda sua plenitude, para esta coluna. Se
vocês ainda estiverem vivos para continuar a lê-la, depois do que transcrevo abaixo
(texto de Sonia Zagheto, filado do Blog do Augusto Nunes, “O cordel encantado de Lula”, e já me desculpem se imito aqui o meu
grande colaborador, o Zezinho de Caetés) sobre o grande fato da semana, que
foi, sem sombra de dúvida, a apatetada ação de nosso colaborador Lula, ao
recorrer à ONU, para ver se safa do juiz Sérgio Moro. Leiam-no e se estiverem
vivos depois disto, continuem a morrer de rir com outros episódios desta série.
“A denúncia de Lula ao
Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) é mais um
capítulo na infindável saga de vexames a que o país vem sendo submetido no
cenário internacional. Não contente de escancarar ao mundo a extensão de nossa
miséria moral, administrativa e política, ao trazer para o Brasil uma Copa do
Mundo e uma Olimpíada, o ex-presidente agora segue os passos de Dilma Rousseff
e mancha um pouco mais a imagem da Nação ao levantar suspeitas sobre a Justiça
brasileira.
A petição é uma peça
risível e a perfeita tradução da alma do ex-presidente: um tratado de
vitimização e de autolouvação. Lula parece ver a si mesmo como herói de uma
saga de literatura de cordel. A boa notícia é que, perante o Cordel Encantado
de Lula, o leitor tem certeza que o petista está em pânico devido à
possibilidade de vir a ser preso pelo juiz Sérgio Moro.
O mais surpreendente
na petição é o uso, em diversos momentos, de uma linguagem coloquial
incompatível com a que se espera em um documento endereçado a uma corte
internacional. Os principais alvos são o juiz Sérgio Moro, o Ministério Público
e o vazamento de informações, mas as acusações perdem impacto diante das
teorias da conspiração e da alta carga ególatra-coitadista que se lê nas mal
traçadas linhas.
Lula chega a acusar
Moro de ser candidato à Presidência da República em 2018! E não se envergonha
de defender o fim das prisões temporárias que levam os envolvidos no Petrolão a
fazer delações premiadas. Sua defesa também se posiciona a favor das propostas
que tramitam no Congresso Nacional, sob as bênçãos do impoluto Renan Calheiros,
e que representam um freio nas ações da
Lava Jato.
E o que dizer do
momento em que Luiz Inácio demonstra incômodo – como aliás já o fez em diversos
discursos – sobre os prêmios internacionais concedidos a Sérgio Moro? Lembro-me
de, em um de seus últimos discursos, o ex-presidente ter advertido Moro sobre
os perigos da vaidade por receber prêmios internacionais. Acho bonito quando a
experiência fala – e Lula sabe como poucos o poder da bajulação como infladora
do ego. Noto que Lula teme Moro em três aspectos: o de juiz que vai determinar
sua prisão; o de concorrente na categoria
brasileiro-estrela-incensado-no-exterior; e futuro concorrente nas eleições de
2018. Calma, Lula, só os dois primeiros são reais ameaças.
Juro que tentei fazer
uma análise sóbria do que li, mas minha veia histriônica ficou inquieta diante
de frases como a que o gabinete de Moro “vaza como uma peneira” informações
sigilosas a fim de destruir a honra (sic) e a reputação (sic, de novo) de Lula.
Ou que a corrupção no Brasil é um exagero da mídia.
Há de se reconhecer o
talento do advogado de Lula para a comédia. Desafio qualquer um a permanecer
com ar compungido diante do trecho que classifica Sérgio Moro como um soldado
das Cruzadas! Nesse caso, quem seria Lula? Saladino? Outro momento impagável é
o “exemplo escandaloso” da parcialidade de Moro: o juiz foi convidado de honra
na festa de lançamento de um livro sobre a Lava Jato. O texto adverte que, na
ocasião, Sergio Moro cometeu o gravíssimo crime de…posar para fotos com o autor
do livro e sua mãe “que é conhecida por reprovar Lula”.
Ainda agora me
pergunto como lidar com esse primor da egolatria vitimista: “Lula é reconhecido
internacionalmente como um lutador dos direitos dos trabalhadores para o
desenvolvimento econômico e social do país, com ênfase no alívio da
pobreza. No Brasil sua honra e reputação
são altas, particularmente entre os mais pobres. No entanto, ele tem muitos
opositores nas classes média e alta, os quais estão prontos para falar mal dele
quando é difamado por juízes e promotores, que o incluíram como suspeito em
investigações de corrupção. Essas autoridades tentam criar expectativas na
população da culpa de Lula, com a colaboração da mídia, que também é quase toda
contra o ex-presidente e o Partido dos Trabalhadores”.
Segurei o riso quando
a defesa de Lula reclamou que o Brasil não tem uma lei “para impedir campanhas
de difamação contra suspeitos antes de seu julgamento”. E como sou discípula do
velho e bom Aristóteles, apelei para a catarse a fim de terminar a leitura. Já
que Lula se vê como herói de literatura de cordel, imagino que os que dominam
essa adorável modalidade literária poderiam se apropriar de alguns trechos da
petição encaminhada à ONU para compor novas peças. Minha contribuição para a obra
é a elaboração dos títulos.
Ei-los: A fantástica história do Pai dos Pobres e
sua luta contra as elites malvadas e a mídia perversa; A saga do malvado Moro e
de Janot, seu jagunço; A lenda do mensalão e os exageros dos jornalistas
malvados; O cruzado Sergio Moro e a tortura dos inocentes; Moro, o ferrador de
gente, consumido pelo desejo de ser herói; O grande medo de ver o sol nascer
quadrado nos calabouços do Reino de Curitiba; O grande dragão estrangeiro
roubando o cordel (sobre a possibilidade da Netflix retratar Moro como
herói e Lula como vilão); A espetacular
história do jogo de um homem só: o juiz como goleiro, meio campo e
centroavante; A epopéia da delação que nasce a fórceps; O manual do eufemismo
em terras de Lampião (A “Operação Lava Jato”, sem dúvida, descobriu alguns
casos graves de corrupção na Petrobras, como resultado da aparente atuação
ilegal das cinco maiores empresas de construção do Brasil, que supostamente
formaram um cartel”); A memória que se
perdeu no vasto mundo (“Lula tem repetida e enfaticamente negado que tenha
conhecimento, tampouco, que tenha aprovado tais crimes, ou recebido qualquer
dinheiro ou favores como “propina” por ações ou decisões que ele tenha tomado
quando presidente do Brasil, ou em qualquer outro momento”); O mistério do sítio e do triplex sem
donos; A incrível história do juiz que queria ser presidente; A farsa de
Silvério dos Reis, que culpou os próprios amigos (“A quadrilha envolvida na
Lava Jato foi o cartel de empresas construtoras, do qual nunca poderia ter se
alegado que Lula era o chefe”); O
caboclo incitador de poviléu; A epopéia do ataque à casa do pai dos pobres (“De
manhã cedo, o ataque contra a casa de Lula foi liberado para a mídia. A foto
abaixo mostra ele sendo conduzido de seu apartamento em um elevador cheio de
policiais”); O pacto de sangue para
matar o herói (Onde se aprende que Moro se aliou a grupos politicamente
hostis a Lula); O cavaleiro encantado na
luta contra o eixo do mal (“Os principais meios de comunicação brasileiros
– jornais, revistas e a televisão – são todos hostis a Lula). Haja imaginação!
Se resistiram até aqui mostram que são os meus leitores fortes, queridos e
renitentes, e eu os saúdo pela capacidade de aguentar a este turbilhão de
humor, em que se tornou o Brasil. E vejam só, um dia depois da patetice
anterior, parece que tudo será confirmado, e o Lula será preso, certamente. Se
vocês imaginaram que seria pelo Sérgio Moro, segurem-se na cadeira, porque foi
outro o juiz, que aceitou a denúncia contra ele, por querer subornar, através
de Delcídio, o Antonio Fagundes do Senado e o Nestor Cerveró, sim, aquele que
tem sempre um olho no gato e outro no peixe, para que este não abrisse o bico,
ou melhor, fechasse os dois olhos e deixasse o gato comer o peixe. Não estou
lembrando agora do nome do juiz que aceitou a denúncia, mas, deverá ser o Moro
2. O que esperamos é que o Lula continue colaborando com nossa coluna, e para
que isto aconteça, jamais ele poderá voltar a presidência. Portanto, obrigado,
Moro 2.
Diante deste fato, pensam que o Lula se rendeu? Se
respondessem sim, nunca teriam lido esta coluna, e não saberiam o quanto de
humor ainda tem na sua cabecinha agrestina. Lembram da sua grande piada: “Não existe viva alma mais honesta do que eu
nesse país”, que faz os brasileiros rirem até agora? Pois bem, ao ser
cutucado com a vara curta do Moro 2 de Brasília, ele declarou num show para
bancários em São Paulo: “Eu não quero
falar dos meus problemas pessoais para não transformá-los em problemas
coletivos, mas enquanto estou aqui conversando com vocês eu fiquei sabendo que
foi aceita uma denúncia contra mim de obstrução de Justiça. [...] Eu não ia
tocar no assunto, mas eu já cansei. Eu não tenho que provar que eu tenho
apartamento. Quem tem que provar é a imprensa que acusou, o Ministério Público
que falou que eu tenho, a Policia Federal que diz que eu tenho.” Dizem que
ainda tem bancário rindo até agora. Basta lembrar que o Lula de tanto repetir a
piada do “eu não sabia”, agora não
sabe mais nem o que tem, e pede a Polícia Federal para descobrir. É um
verdadeiro pândego, este senhor, que está ponto de descobrir de que a “coceira’
que ele tem para ser candidato de novo está preste a passar por ele se tornar
um “ficha suja”. Então, só esta coluna o salva.
E para não fugir da grande piada nacional, que agora se
tornou “viral” em todos os lugares,
do “eu não sabia”, nossa musa, a
Dilma, a repetiu outra vez quando se viu encalacrada com a delação do Casal 20
da propaganda, de que eles teriam recebido dinheiro do caixa 2 do PT para a sua
campanha. Ela disse: "Não autorizei
pagamento de caixa dois a ninguém. Na minha campanha, procurei pagar só o valor
que devia”. E, mesmo com as pessoas bolando no chão de tanto rir, ela ainda
arrematou, que, se houve pagamento, foi sem o consentimento dela. E esta tem
sido a grande piada que levará, certamente, quando entrar agosto, que ela volte
para Porto Alegre, e para esta coluna em tempo integral. E não pensem que só os
meus leitores sofrem de tanto rir com esta coluna. Quando a escrevo, há horas
em que tenho que parar e pedir “meus sais”
anti-riso, para continuar.
Para terem uma ideia, quando leio que ainda vai haver uma
defesa de Dilma no Senado pelo seu a advogado, o JECa, não há como não cair na
gargalhada, e perguntar: “De novo?”.
E, pelo que vi, a única coisa que iria ser acrescentada à defesa era um pedido
para incorporar nela uma conclusão do procurador Ivan Marx (que não se perca
pelo nome), de que as pedaladas não foram operação de crédito. Ora, se Dilma,
até hoje, continua a pedalar por Brasília, como evitar as pedaladas em sua
defesa. Seria crédito se não fosse cômico. No entanto, mais cômico ainda é o
boato (só pode ser boato!) de que ele vai levar mais 40 testemunhas para a fase
final do impeachment. Se isto acontecer esta coluna de humor estoura de
audiência. A Escolinha do Professor Raimundo Lira vai virar um circo!
E para dizer que não falei do Temer, que decidiu enfrentar
as vaias no Maracanã na abertura dos Jogos Olímpicos com um fone de ouvido onde
se ouve a Rádio Planalto, com o Prefeito do Rio dizendo que o Rio de Janeiro
continua lindo, tendo ao fundo a música Cidade Maravilhosa, em sua última
incursão na categoria do humor, foi levar o Michelzinho, seu filho, à escola no
seu primeiro dia de aula. E, pasmem, levou Dona Marcela, a recatada e que ficou
longe do lar por alguns minutos. Não deu outra, os outros pais, até hoje
esperam para chegar à sala de aula com seus filhos, pelo quiproquó que o fato
causou em Brasília. O Michelzinho, coitado, deve ter dito como o meu neto disse
ao sair para fazer exame de sangue: “É o
dia que mais odeio!”.
E, falando de música, a citação do Hino da Cidade do Rio de
Janeiro (“Cidade Maravilhosa”), o
Filósofo de Bom Conselho, vendo nossas agruras em produzir humor, nos enviou a
seguinte paródia um pedacinho sugestivo de sua letra:
“Cidade maravilhosa
Cheia de esgotos mil
Cidade maravilhosa
Coração do meu Brasil”
Pelo que ando lendo, o Rio de Janeiro, continua lindo apenas
na mente dos seus poetas brilhantes. O que espero, com toda fé do mundo e
otimismo, é que a Olimpíada, se nos fizer rir, seja devido aos ouros que o Brasil ganhará e não pela
volume de cocô que, dizem, ainda boia na Baia da Guanabara. Quando lá morei não
precisava nem binóculos para vê-los na Praia de Botafogo. A paródia do nosso
filósofo maior foi completa, mas não posso aqui transcrevê-la devido a que, nem
sempre, ele é politicamente correto, como tenta ser esta coluna semanal.
E como prova de minha gratidão e apreço aos cariocas, vai
abaixo o seu belo hino. Até a próxima semana, que promete ser olímpica na
política.
Amei os Títulos da Literatura de cordel. E tenho dificuldade de escolher o melhor. Talvez queira todos!
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