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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A semana - Lula recorre à ONU, Dilma recorre ao Caixa 2 e Temer recorre ao Michelzinho...




Por Zé Carlos

Bem, meus caros e poucos leitores, começo a escrever sobre a semana que passou, outra vez, com os olhos cheios de lágrimas, de tanto rir. Foi uma semana parece que dirigida, em toda sua plenitude, para esta coluna. Se vocês ainda estiverem vivos para continuar a lê-la, depois do que transcrevo abaixo (texto de Sonia Zagheto, filado do Blog do Augusto Nunes, “O cordel encantado de Lula”, e já me desculpem se imito aqui o meu grande colaborador, o Zezinho de Caetés) sobre o grande fato da semana, que foi, sem sombra de dúvida, a apatetada ação de nosso colaborador Lula, ao recorrer à ONU, para ver se safa do juiz Sérgio Moro. Leiam-no e se estiverem vivos depois disto, continuem a morrer de rir com outros episódios desta série.

“A denúncia de Lula ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) é mais um capítulo na infindável saga de vexames a que o país vem sendo submetido no cenário internacional. Não contente de escancarar ao mundo a extensão de nossa miséria moral, administrativa e política, ao trazer para o Brasil uma Copa do Mundo e uma Olimpíada, o ex-presidente agora segue os passos de Dilma Rousseff e mancha um pouco mais a imagem da Nação ao levantar suspeitas sobre a Justiça brasileira.

A petição é uma peça risível e a perfeita tradução da alma do ex-presidente: um tratado de vitimização e de autolouvação. Lula parece ver a si mesmo como herói de uma saga de literatura de cordel. A boa notícia é que, perante o Cordel Encantado de Lula, o leitor tem certeza que o petista está em pânico devido à possibilidade de vir a ser preso pelo juiz Sérgio Moro.

O mais surpreendente na petição é o uso, em diversos momentos, de uma linguagem coloquial incompatível com a que se espera em um documento endereçado a uma corte internacional. Os principais alvos são o juiz Sérgio Moro, o Ministério Público e o vazamento de informações, mas as acusações perdem impacto diante das teorias da conspiração e da alta carga ególatra-coitadista que se lê nas mal traçadas linhas.

Lula chega a acusar Moro de ser candidato à Presidência da República em 2018! E não se envergonha de defender o fim das prisões temporárias que levam os envolvidos no Petrolão a fazer delações premiadas. Sua defesa também se posiciona a favor das propostas que tramitam no Congresso Nacional, sob as bênçãos do impoluto Renan Calheiros, e que representam  um freio nas ações da Lava Jato.

E o que dizer do momento em que Luiz Inácio demonstra incômodo – como aliás já o fez em diversos discursos – sobre os prêmios internacionais concedidos a Sérgio Moro? Lembro-me de, em um de seus últimos discursos, o ex-presidente ter advertido Moro sobre os perigos da vaidade por receber prêmios internacionais. Acho bonito quando a experiência fala – e Lula sabe como poucos o poder da bajulação como infladora do ego. Noto que Lula teme Moro em três aspectos: o de juiz que vai determinar sua prisão; o de concorrente na categoria brasileiro-estrela-incensado-no-exterior; e futuro concorrente nas eleições de 2018. Calma, Lula, só os dois primeiros são reais ameaças.

Juro que tentei fazer uma análise sóbria do que li, mas minha veia histriônica ficou inquieta diante de frases como a que o gabinete de Moro “vaza como uma peneira” informações sigilosas a fim de destruir a honra (sic) e a reputação (sic, de novo) de Lula. Ou que a corrupção no Brasil é um exagero da mídia.

Há de se reconhecer o talento do advogado de Lula para a comédia. Desafio qualquer um a permanecer com ar compungido diante do trecho que classifica Sérgio Moro como um soldado das Cruzadas! Nesse caso, quem seria Lula? Saladino? Outro momento impagável é o “exemplo escandaloso” da parcialidade de Moro: o juiz foi convidado de honra na festa de lançamento de um livro sobre a Lava Jato. O texto adverte que, na ocasião, Sergio Moro cometeu o gravíssimo crime de…posar para fotos com o autor do livro e sua mãe “que é conhecida por reprovar Lula”.

Ainda agora me pergunto como lidar com esse primor da egolatria vitimista: “Lula é reconhecido internacionalmente como um lutador dos direitos dos trabalhadores para o desenvolvimento econômico e social do país, com ênfase no alívio da pobreza.  No Brasil sua honra e reputação são altas, particularmente entre os mais pobres. No entanto, ele tem muitos opositores nas classes média e alta, os quais estão prontos para falar mal dele quando é difamado por juízes e promotores, que o incluíram como suspeito em investigações de corrupção. Essas autoridades tentam criar expectativas na população da culpa de Lula, com a colaboração da mídia, que também é quase toda contra o ex-presidente e o Partido dos Trabalhadores”.

Segurei o riso quando a defesa de Lula reclamou que o Brasil não tem uma lei “para impedir campanhas de difamação contra suspeitos antes de seu julgamento”. E como sou discípula do velho e bom Aristóteles, apelei para a catarse a fim de terminar a leitura. Já que Lula se vê como herói de literatura de cordel, imagino que os que dominam essa adorável modalidade literária poderiam se apropriar de alguns trechos da petição encaminhada à ONU para compor novas peças. Minha contribuição para a obra é a elaboração dos títulos.

Ei-los: A fantástica história do Pai dos Pobres e sua luta contra as elites malvadas e a mídia perversa; A saga do malvado Moro e de Janot, seu jagunço; A lenda do mensalão e os exageros dos jornalistas malvados; O cruzado Sergio Moro e a tortura dos inocentes; Moro, o ferrador de gente, consumido pelo desejo de ser herói; O grande medo de ver o sol nascer quadrado nos calabouços do Reino de Curitiba; O grande dragão estrangeiro roubando o cordel (sobre a possibilidade da Netflix retratar Moro como herói e Lula como vilão); A espetacular história do jogo de um homem só: o juiz como goleiro, meio campo e centroavante; A epopéia da delação que nasce a fórceps; O manual do eufemismo em terras de Lampião (A “Operação Lava Jato”, sem dúvida, descobriu alguns casos graves de corrupção na Petrobras, como resultado da aparente atuação ilegal das cinco maiores empresas de construção do Brasil, que supostamente formaram um cartel”); A memória que se perdeu no vasto mundo (“Lula tem repetida e enfaticamente negado que tenha conhecimento, tampouco, que tenha aprovado tais crimes, ou recebido qualquer dinheiro ou favores como “propina” por ações ou decisões que ele tenha tomado quando presidente do Brasil, ou em qualquer outro momento”); O mistério do sítio e do triplex sem donos; A incrível história do juiz que queria ser presidente; A farsa de Silvério dos Reis, que culpou os próprios amigos (“A quadrilha envolvida na Lava Jato foi o cartel de empresas construtoras, do qual nunca poderia ter se alegado que Lula era o chefe”); O caboclo incitador de poviléu; A epopéia do ataque à casa do pai dos pobres (“De manhã cedo, o ataque contra a casa de Lula foi liberado para a mídia. A foto abaixo mostra ele sendo conduzido de seu apartamento em um elevador cheio de policiais”); O pacto de sangue para matar o herói (Onde se aprende que Moro se aliou a grupos politicamente hostis a Lula); O cavaleiro encantado na luta contra o eixo do mal (“Os principais meios de comunicação brasileiros – jornais, revistas e a televisão – são todos hostis a Lula). Haja imaginação!

Se resistiram até aqui mostram  que são os meus leitores fortes, queridos e renitentes, e eu os saúdo pela capacidade de aguentar a este turbilhão de humor, em que se tornou o Brasil. E vejam só, um dia depois da patetice anterior, parece que tudo será confirmado, e o Lula será preso, certamente. Se vocês imaginaram que seria pelo Sérgio Moro, segurem-se na cadeira, porque foi outro o juiz, que aceitou a denúncia contra ele, por querer subornar, através de Delcídio, o Antonio Fagundes do Senado e o Nestor Cerveró, sim, aquele que tem sempre um olho no gato e outro no peixe, para que este não abrisse o bico, ou melhor, fechasse os dois olhos e deixasse o gato comer o peixe. Não estou lembrando agora do nome do juiz que aceitou a denúncia, mas, deverá ser o Moro 2. O que esperamos é que o Lula continue colaborando com nossa coluna, e para que isto aconteça, jamais ele poderá voltar a presidência. Portanto, obrigado, Moro 2.

Diante deste fato, pensam que o Lula se rendeu? Se respondessem sim, nunca teriam lido esta coluna, e não saberiam o quanto de humor ainda tem na sua cabecinha agrestina. Lembram da sua grande piada: “Não existe viva alma mais honesta do que eu nesse país”, que faz os brasileiros rirem até agora? Pois bem, ao ser cutucado com a vara curta do Moro 2 de Brasília, ele declarou num show para bancários em São Paulo: “Eu não quero falar dos meus problemas pessoais para não transformá-los em problemas coletivos, mas enquanto estou aqui conversando com vocês eu fiquei sabendo que foi aceita uma denúncia contra mim de obstrução de Justiça. [...] Eu não ia tocar no assunto, mas eu já cansei. Eu não tenho que provar que eu tenho apartamento. Quem tem que provar é a imprensa que acusou, o Ministério Público que falou que eu tenho, a Policia Federal que diz que eu tenho.” Dizem que ainda tem bancário rindo até agora. Basta lembrar que o Lula de tanto repetir a piada do “eu não sabia”, agora não sabe mais nem o que tem, e pede a Polícia Federal para descobrir. É um verdadeiro pândego, este senhor, que está ponto de descobrir de que a “coceira’ que ele tem para ser candidato de novo está preste a passar por ele se tornar um “ficha suja”. Então, só esta coluna o salva.

E para não fugir da grande piada nacional, que agora se tornou “viral” em todos os lugares, do “eu não sabia”, nossa musa, a Dilma, a repetiu outra vez quando se viu encalacrada com a delação do Casal 20 da propaganda, de que eles teriam recebido dinheiro do caixa 2 do PT para a sua campanha. Ela disse: "Não autorizei pagamento de caixa dois a ninguém. Na minha campanha, procurei pagar só o valor que devia”. E, mesmo com as pessoas bolando no chão de tanto rir, ela ainda arrematou, que, se houve pagamento, foi sem o consentimento dela. E esta tem sido a grande piada que levará, certamente, quando entrar agosto, que ela volte para Porto Alegre, e para esta coluna em tempo integral. E não pensem que só os meus leitores sofrem de tanto rir com esta coluna. Quando a escrevo, há horas em que tenho que parar e pedir “meus sais” anti-riso, para continuar.

Para terem uma ideia, quando leio que ainda vai haver uma defesa de Dilma no Senado pelo seu a advogado, o JECa, não há como não cair na gargalhada, e perguntar: “De novo?”. E, pelo que vi, a única coisa que iria ser acrescentada à defesa era um pedido para incorporar nela uma conclusão do procurador Ivan Marx (que não se perca pelo nome), de que as pedaladas não foram operação de crédito. Ora, se Dilma, até hoje, continua a pedalar por Brasília, como evitar as pedaladas em sua defesa. Seria crédito se não fosse cômico. No entanto, mais cômico ainda é o boato (só pode ser boato!) de que ele vai levar mais 40 testemunhas para a fase final do impeachment. Se isto acontecer esta coluna de humor estoura de audiência. A Escolinha do Professor Raimundo Lira vai virar um circo!

E para dizer que não falei do Temer, que decidiu enfrentar as vaias no Maracanã na abertura dos Jogos Olímpicos com um fone de ouvido onde se ouve a Rádio Planalto, com o Prefeito do Rio dizendo que o Rio de Janeiro continua lindo, tendo ao fundo a música Cidade Maravilhosa, em sua última incursão na categoria do humor, foi levar o Michelzinho, seu filho, à escola no seu primeiro dia de aula. E, pasmem, levou Dona Marcela, a recatada e que ficou longe do lar por alguns minutos. Não deu outra, os outros pais, até hoje esperam para chegar à sala de aula com seus filhos, pelo quiproquó que o fato causou em Brasília. O Michelzinho, coitado, deve ter dito como o meu neto disse ao sair para fazer exame de sangue: “É o dia que mais odeio!”.

E, falando de música, a citação do Hino da Cidade do Rio de Janeiro (“Cidade Maravilhosa”), o Filósofo de Bom Conselho, vendo nossas agruras em produzir humor, nos enviou a seguinte paródia um pedacinho sugestivo de sua letra:

“Cidade maravilhosa
Cheia de esgotos mil
Cidade maravilhosa
Coração do meu Brasil”

Pelo que ando lendo, o Rio de Janeiro, continua lindo apenas na mente dos seus poetas brilhantes. O que espero, com toda fé do mundo e otimismo, é que a Olimpíada, se nos fizer rir, seja devido aos ouros que o Brasil ganhará e não pela volume de cocô que, dizem, ainda boia na Baia da Guanabara. Quando lá morei não precisava nem binóculos para vê-los na Praia de Botafogo. A paródia do nosso filósofo maior foi completa, mas não posso aqui transcrevê-la devido a que, nem sempre, ele é politicamente correto, como tenta ser esta coluna semanal.

E como prova de minha gratidão e apreço aos cariocas, vai abaixo o seu belo hino. Até a próxima semana, que promete ser olímpica na política.

Um comentário:

  1. Amei os Títulos da Literatura de cordel. E tenho dificuldade de escolher o melhor. Talvez queira todos!

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