Por Zezinho de Caetés
Bem, hoje toda a imprensa, de todos os tipos, só falará
sobre o início do julgamento da ex-presidenta briguenta. Eu também só penso
naquilo. No entanto, aproveitando o clima olímpico e minha falta de tempo, pois
tenho que me abastecer para uma semana, pela qual ele perdurará até o bota fora
final, eu publico abaixo uma poesia.
Acho que é de cordel e a recebi pelas redes sociais, não
sabendo quem é o autor, mas, já o parabenizando pela obra de arte popular. Eu
adoraria que fosse uma poesia sobre o julgamento da Dilma, e, tenho certeza,
elas aparecerão na próxima semana.
Por falar em arte, li por aí, que estão fazendo um filme
sobre o impeachment, no qual a ex-presidenta é a protagonista. Ela fará o papel
de alguém honesta e que foi injustiçada por “eles”. Nada com a realidade. Pura
ficção para mostrar a grande atriz que ela é. Foi aí que descobri porque ela
não renunciou, como eu tanto aconselhei: Como terminar o filme sem ela?
Dizem que haverá até cenas de choro, se até a próxima semana
o diretor descobrir que ela vai mesmo ser impichada, mas, haverá cenas de júbilos
se os senadores mudarem de ideia e deixá-la no poder. Seria um filme
catástrofe.
Se ela chorar mesmo, pretendo desenvolver nos próximos dias
um roteiro de filme, que se chamará “Lágrimas
de crocodila”. Tinha escolhido outro: “Lágrimas de crocodila da presidenta”,
todavia, poderia ser explícito e longo demais. Para não perder a ideia, foi
assim que intitulei este pequeno texto.
Por hoje, leiam a bela poesia olímpica, que vou me preparar
para uma semana de emoções.
ZOLIMPÍADAS DO SERTÃO
Sonhei com as Zolimpíadas
Chegando no meu sertão
Foi o maior espetáculo
Que se viu na região
Tinha gente que só a peste
Lá das brenhas do nordeste
Chegando de caminhão
No desfile de abertura
A bandeira nordestina
Toda feita de retalhos
Pelas mãos de Severina
E eu ali, de camarote
O bode virou mascote
A tocha era a lamparina
A nossa delegação
Para conquistar os louros
Desfilou de guarda-peito
Gibão e chapéu de couro
E enfrentando a batalha
Conquistou muitas medalhas
de bronze, de prata e ouro
Quem carregou a bandeira
Foi Ritinha de Zé Bento
Já a pira foi acesa
Por Tonin de Livramento
Nosso atleta principal
E recordista mundial
Do hipismo de jumento
Antes das competições
Um lanche bem reforçado
Com buchada, cajuína
Rapadura e milho assado
Fava verde com galinha
Sarapatel com farinha
Angu com bode guisado
Nas águas do Velho Chico
As provas de natação
Os pulos ornamentais
De cima de um paredão
Ginástica num terreiro
Remo e vela num barreiro
E judô num palhoção
A maratona, seu moço
Era por nossas estradas
Atravessando os riachos
Nas veredas, nas quebradas
Da paisagem nordestina
Ao som do galo-campina
E da patativa golada
Na competição de tiro
Os velhos de bacamarte
Pé-de-bode, granadeira
Vestimenta de zuarte
E davam cada pipoco
Do sujeito ficar môco
De se ouvir em toda parte
A prova de atletismo
Conhecida por carreira
De cem e duzentas léguas
Com barreira e sem barreira
Foi por dentro do cercado
Atravessando um roçado
Pelo meio das capoeira
Os saltos, lá no sertão
Eram provas de “pinote”
De riba de uma barreira
Num pedaço de caixote
O cabra de lá pulava
Num açude tibungava
Caindo feito um caçote
O jogo de futebol
Se jogava sem chuteira
Num campo de chão batido
No alto de uma ribanceira
As traves de barandão
O campo sem marcação
No calor e na poeira
Levantamento de peso
Quem ganhou foi Sebastião
Cinco sacos de Farinha
Três arrobas de algodão
Com esse peso todinho
Ele se ajudou sozinho
E se sagrou campeão
O arremesso de pedra
Quem ganhou foi Expedito
No tiro com baladeira
Carmelita fez bonito
E Já na queda de braço
O ouro foi pra Inaço
E a prata pra Benedito
Fizeram de três batentes
Pódio pra premiação
Com uns ramos de onze-horas
Era a coroação
E numa latada de lona
Asa branca na sanfona
Completava a emoção
E assim eu me acordei
Com orgulho do sertão
Desse povo vencedor
De tão grande coração
De história tão sofrida
Que nas batalhas da vida
Nasceu pra ser campeão
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