Em manutenção!!!

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Brasil - "Desse mato não sai coelho, mas, crocodilo"




Por Zezinho de Caetés

Estou de volta à AGD depois de um pequeno périplo (desculpem o uso desta palavra que significa uma grande viagem, mas, o seu som me atrai pelo desejo de circunavegar pelo continente inteiro, à busca de não bolivarianos) pelo nosso interior, e onde parava, não dava outra: “Quem será o novo vice-presidente?”.

Depois do susto e da pergunta fora de época, caía em mim e via o que dominará o dia de hoje nas rodas políticas, deste país, abençoado por Deus, mas, esquecido de vez em quando, ao ponto de aparecer o Eduardo Cunha, mais uma vez, defendendo sua honra, moral, dignidade e honestidade.

Ontem, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), quase chora outra vez. Dizem até que levou o crocodilo para tirar-lhe as lágrimas na hora certa. Eu não consegui acompanhar toda a fala, e nada posso dizer se houve choro ou não ouve. O que sei é que ouve cinismo e mais cinismo.

Porém, há coisa mais cínica do que, ainda hoje, a ex-presidenta dizer que é inocenta? Vivemos no país do cinismo desbragado. E, voltando ao assunto do “vice-presidente”, que será o novo presidente da Câmara Federal, que está vaga há meses, pois o Waldir Maranhão não conta, teremos uma eleição para ela, na qual eu já contei 13 candidatos e a luta continua companheiros, como diria meu conterrâneo, o Lula.

Transcrevo o texto do Ricardo Noblat, sobre o assunto, no qual, logo no título (“Rodrigo Maia foi dormir como candidato favorito a se eleger presidente da Câmara dos Deputados”) ele já traz mais uma novidade e no texto cita, como mais apropriada para a situação, a frase do Magalhães Pinto de que “A política é como uma nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. Eu já diria que a política brasileira, não está tão branca para ser chamada de nuvem e nem tão preta que pareça borra de café, mas parece algo com uma cor intermediária, sabendo que meus leitores são bons entendedores.

Entretanto, devo reconhecer que não podemos ficar surpresos. Num país que tem uma ex-presidente zumbi, que anda assombrando as pessoas em cima de uma bicicleta, um presidente que não sabe se vai ou se fica, vocês queriam o que?

 Fiquem com o Noblat, que eu vou me plantar em frente da TV, daqui há pouco, para saber se o Cunha sai ou não sai, o que me lembra a música conhecida em minha infância, “O coelho sai?...”, que levou o Millor Fernandes a dizer um dia. “Desse mato não sai coelho e sim crocodilo...”.

“Nada se aplica melhor à eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados marcada para hoje do que a definição de política atribuída a Magalhães Pinto, ex-governador de Minas Gerais: “A política é como uma nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.

Anteontem, Rogério Rosso (PSD-DF), apoiado por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi dormir como o candidato com mais chances de se eleger presidente. Ontem, foi a vez de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ir dormir na mesma condição. O que mudou nas últimas 24 horas?

Primeiro, colou definitivamente em Rosso a imagem de candidato de Cunha, com todo o peso negativo que isso representa. Segundo, a candidatura de Maia ganhou mais densidade com as indicações de que ele deverá ser apoiado também pelo PSDB, PSB e PPS.

A este blog, durante o jantar no restaurante do Gol Clube, de Brasília, que celebrou o aniversário de 50 anos de Mendonça Filho (DEM-PE), ministro da Educação, o senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, confirmou o apoio do seu partido a Maia, a ser anunciado nesta manhã.

O PSB, que lançara a candidatura a presidente de Júlio Delgado (MG), reuniu-se e concluiu por maioria dos seus deputados que o melhor a fazer é apoiar Maia. Delgado disse na ocasião que não será empecilho ao apoio. O anúncio da adesão do PSB a Maia ficou para hoje.

Quanto ao PPS, seu líder Rubem Bueno (PR) revelou a este blog que o partido apoiará Maia como o candidato da antiga oposição ao governo Dilma – ou de grande parte dela. A prudência aconselha, de resto como Magalhães observou, que não se deve perder a nuvem de vista.

Convém olhá-la até as primeiras horas da madrugada de amanhã quando a eleição, a ser disputada em dois turnos como tudo indica, chegará finalmente ao seu fim. A nuvem escondeu até ontem a candidatura de Marcelo Castro (PMDB-PI) a presidente da Câmara.

Ela apareceu de repente, com o apoio de parte da bancada do seu partido, para satisfação do PT e do PC do B que prometem igualmente apoiá-la. Castro foi ministro da Saúde de Dilma. Recusou-se a deixar o governo quando o PMDB o abandonou. E votou contra o impeachment.

A candidatura dele assustou o governo, que embora negue, se inclinava a apoiar Rosso a pedido de Cunha. O presidente interino Michel Temer, em pessoa, estimulou o PSDB a fechar com a candidatura de Maia. E conversou a respeito com Aécio e José Agripino, presidente do DEM.

Se der Maia ou Rosso, estará de bom tamanho para Temer. O contingente de votos em favor de Rosso desidratou-se com a notícia de que há um vídeo onde ele aparece pedindo dinheiro a um dos caixas do escândalo do mensalão do DEM do Distrito Federal.

Rosso nega a existência do vídeo. Mas o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) afirma que o vídeo existe e que ele o assistiu. “Não revelo detalhes do que vi porque sou amigo de Rosso e não quero prejudica-lo”, confidenciou Fraga a um jornalista. Imagine se não fosse amigo de Rosso...

O que torna arriscada qualquer certeza sobre quem deverá ser eleito é o fato de que há pouco ou quase nenhum vestígio de ideologia na escolha do presidente da Câmara. No passado não era assim. Mas há muito tempo que é. O voto que pesa é o da conveniência, da amizade ou da falta dela.

Há lógica ou algum traço de coerência na candidatura de Castro, partidário do retorno da Dilma, pelo PMDB do presidente interino? Haveria lógica no apoio do PT oferecido por Lula a Maia, que votou pelo impeachment de Dilma? O PT reagiu à oferta e Lula recuou.

O PC do B lançou de última hora a candidatura de Orlando Silva (SP) a presidente da Câmara. Mas poderá votar em Maia porque ele conseguiu impedir a instalação da CPI da União Nacional dos Estudantes (UNE), reduto tradicional do partido.

A nuvem poderá revelar novas surpresas ao longo do dia de hoje. A conferir mais tarde.”

------------

P.S.: Na verdade, o título é uma paráfrase da frase do Millor. Aviso porque acabei de ler o texto da minha amiga Lucinha Peixoto, de ontem, que era a “rainha das paráfrases”. Vou começar uma campanha do “Volta Lucinha!”. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário