Por Zé Carlos
Começarei este texto, sobre a semana que passou, chorando.
Tristeza? Não! Porque, talvez tenha leitor que só resista a este primeiro
parágrafo, pois ela foi uma semana histórica para o humor brasileiro: A semana
que o Cunha chorou. E esclareço, começo chorando, de tanto rir. Mas, da mesma
forma que os “brutos também amam” por
que não pode um brutamontes da política chorar? Soube que a frase mais vista
nas redes sociais, ou, como dizem os iniciados, o “top trend”, foi: “lágrimas de
crocodilo”. E uma de minhas tarefas iniciais é tirar minha dúvida sobre o
que realmente significa esta expressão. Sigamos.
Ora, todos sabem que no dicionário, “lágrimas de crocodilo” significa um choro hipócrita, ou lágrimas
fingidas. Porém, perguntar-me-ão (como diria o Temer), o que os pobrezinhos dos
crocodilos têm a ver com isto? Depois de uma pesquisa intensa, nas bibliotecas,
Gabinete Português de Leitura, entrevistas com crocodilos no Rio Capibaribe e
outros locais de pesquisa encontrei o seguinte:
“Esta expressão surgiu
a partir da observação do comportamento dos crocodilos na natureza.
Esses répteis, ao
capturar uma presa, mordem-na com tanta força e comem-na sem mastigar,
engolindo-a inteira. Para isso, precisam abrir muito a boca, fazendo com que a
sua mandíbula comprima as glândulas lacrimais, fazendo-o lacrimejar. Assim, o
crocodilo parece chorar sempre que está devorando a sua caça. A expressão surge
da ideia do crocodilo aparentar chorar pela morte de sua caça, quando na
verdade só está tentando saboreá-la o mais rápido possível. As lágrimas são
mecânicas, ou seja, com total ausência de emoções ou sentimentos.
Uma pessoa que chora
“lágrimas de crocodilo” é tida como hipócrita e aproveitadora, pois tenta
ganhar a confiança das pessoas fazendo de conta que se importa com os problemas
alheios, como se fosse um indivíduo altruísta, quando na verdade só está a
pensar em si mesmo (egoísta).”
Para quem chegou até aqui, já viu que nossa coluna semanal,
além de ser de humor, está agora se tornando de “informações culturais”, exigindo até pesquisas caras e cansativas.
E vejam a exatidão dos resultados da pesquisa, quando lembramos quem foi a caça
do Cunha. Releiam o texto, para justificar o custo da pesquisa e substituam o
termo “caça” por Dilma. Nada mais
adequado para contar a história do choro do Cunha. Afinal de contas, a coluna
desde já agradece ao crocodilo Cunha, por ter pego a caça certa, pois se sabe
se não fosse ele, não teríamos a esperança de ver a Dilma, nossa musa, aqui na
coluna, direto de Porto Alegre, em tempo integral, devido ao seu quase certo
impeachment. Aliás, com o show que o Cunha deu na Câmara, no momento de sua
renúncia, ele também será convidado para integrar os nossos quadros. Só contar
de forma original a grande piada da Dilma, dizendo que era honesto “até debaixo d’água”, já nos fez bolar de
rir.
E a Dilma, nossa musa, inovou, como sempre faz em matéria de
humor, e resolveu não comparecer pessoalmente na Comissão Especial de
Impeachment (CEI), dizem, porque não queria competir com os grandes humoristas
lá existentes. Apenas entregou ao JECa, como chamamos aqui o advogado José
Eduardo Cardoso, o script do show que
foi por ele lido, com todos os trejeitos que lhes são peculiares. Aliás, com
ele, começamos a rir desde quando ele diz: “pela
ordem, presidente!”, porque se sabe que já vem lorota. Mas, mesmo se não fosse
a performance do JECa, o texto da Dilma foi impagável. Foram quase uma centena
de páginas de puro e dilmesco humor,
ao ponto de não poder frustrar meus parcos leitores, se não citar algumas de
suas piadas aqui. Segurem-se na cadeira, e lá vamos nós:
“Imaginar-se, em sã
consciência, que um Presidente da República, comandando política e
administrativamente o Poder Executivo, ou seja, dirigindo uma gigantesca
máquina administrativa constituída de centenas de milhares de servidores, deva
possuir um dever gerencial específico sobre o momento em que devem ser pagos os
montantes de um determinado programa, é um rematado absurdo.”
Vejam a sutileza, a leveza de estilo, o didatismo em termos
de humor. Claro que houve uma ajudazinha do JECa na redação, talvez para não
deixá-la falar no seu idioma natural, o Dilmês, como forma de preservar a
integridade das cordas hilariantes dos presentes. O que na realidade ela quis
dizer foi apenas que presidente é para presidir e não para ficar fazendo conta
do que se deve no supermercado. Então, supermercados de Porta Alegre, para onde
ela breve se deslocará, fiquem com as barbas de molho. Mas, sigamos:
“O que mais dói é
perceber que estou sendo vítima de uma farsa jurídica e política”
Claro que ela estava se referindo ao bote do crocodilo Cunha
e isto se torna explícito no trecho a seguir:
“Desde a sua abertura
pelo Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, as razões reais e a finalidade
objetiva que movem este processo de impeachment são absolutamente claras.
Várias forças políticas viam e continuam a ver, a minha postura de não intervir
ou de não obstar as investigações realizadas pela operação “Lava Jato”, como
algo que colocava em risco setores da “classe política” brasileira”.
Então não resta nenhuma dúvida, o grande show na CEI, foi,
nada mais nada menos, do que o efeito das lágrimas de crocodilo do Cunha. E ela
continua se referindo a ele:
“É por ter repelido a
chantagem que estou sendo julgada. Este processo de impeachment somente existe
por eu ter rechaçado o assédio de chantagistas.”
No entanto, nem só de Dilma e Cunha viveu a semana que
passou. Apesar deles terem feito show impagáveis e cruéis para os nossos
leitores, que também estão soltando suas lágrimas de tanto rir, vamos em
frente, que atrás vem o marido da Luiza Brunet, que, coitada, apareceu com o olho
roxo de uma pisa que levou dele.
E pasmem, o Secretário de Segurança do STF, mandou prender e
arrebentar os bonecos que representavam o Rodrigo Janot e o Ricardo
Lewandowski, figuras maiores da Justiça Brasileira. Eram o Enganô e o Petralowski. E
vejam como o referido senhor secretário, em toda sua capacidade de fazer humor,
justificou o ato:
“[Enganô e
Petralowski] Configuram, ademais, intolerável atentado à honra do Chefe desse
Poder e, em consequência, à própria dignidade da Justiça Brasileira,
extrapolando, em muito, a liberdade de expressão que o texto constitucional
garante a todos os cidadãos, quando mais não seja, por consubstanciarem em
tese, incitação à prática de crimes e à insubordinação em face de duas das mais
altas autoridades do país.”
Meu Deus, quando eu penso o que vai ser do carnaval de
Olinda, se isto se tornar moda, quase que faço igual ao Cunha, indo às
lágrimas. Ou seja, seria trágico se não fosse muito cômico. Agora, vamos mandar
a Operação Lava Jato investigar quem são os bonecos de Olinda. Ora, se formos
imaginar a quantidade de bonecos que já passaram pelas ruas deste país como
fiéis representantes de Lula, Dilma, Maluf, Toffoli, Sérgio Moro, Pedro de Lara
e tantos outros, onde a referida autoridade vai encontrar gente para prender
todos eles? Isto só pode ser gente que está querendo aparecer para ver se eu
convido para colaborar com esta coluna. É muita capacidade humorística que
temos neste Brasil.
E termino a semana com uma das maiores humoristas que este
país já produziu, e que tem o respeito até do Lula e da Dilma na matéria: A
Marilena Chauí. Vou só resumir o que ela disse antes só para contextualizar:
“Eu odeio a classe
média. A classe média é o atraso de vida. A classe média é estupidez. É o que
tem de mais reacionário, conservador, ignorante, petulante, arrogante,
terrorista. A classe média é uma abominação política, porque ela é fascista,
uma abominação ética, porque ela é violenta, e ela é uma abominação cognitiva,
porque ela é ignorante.”
Ora, pode-se não gostar da classe média. É um direito da
filósofa do PT. No entanto, o que nos faz rir é ver o Lula ouvindo isto e
rindo, quando ele se vangloria de ter colocado todo pobre na classe média no Brasil.
Menos ele, é claro, que, apesar de não saber, tem sítios e apartamentos em todo
canto. Isto, eu diria se fosse levar a sério a Marilena Chauí, quando sei que
ela não passa da pândega das pândegas. Neste ponto, a Dilma, nossa musa, tem uma
inveja dela que se pela.
Mas, foi na semana passado, que a filósofa humorista mostrou
sua verve humorista quando disse que o Sérgio Moro era uma invenção do FBI,
aquela polícia americana, que vive permanentemente trabalhando na Operação Lava Jato, pois lá ela é permanente.
Não repetirei aqui a piada, porque só um filme pode captar toda a capacidade de
humor desta mulher. Sem sombra de dúvida enviarei convite para ela também vir
para a coluna. (Vejam os filmes abaixo, com trechos de seus shows e vejam se eu
não tenho razão).
E dizem que o Lula agora voltou a Brasília e continua
fazendo seus shows privados no Hotel Golden Tullip. Ele está recebendo todos os
senadores e propondo uma barganha incrível. Àqueles que votarem contra o
impeachment da Dilma, ele promete contar uma semana de suas piadas impagáveis,
e sem repetir a mais famosa “eu não sabia”.
Ele diz que, pelo menos 60 senadores já aceitaram a barganha. O grande problema
é que os senadores que passam por lá vão direto para o Jaburu onde o Temer
promete fazer a mesma coisa, só que lhes promete 2 anos de piada, até 2018. E
pelas suas contas, 60 votarão a favor do impeachment. Até agora não se sabe quem
vencerá e vamos ter que esperar até agosto, para saber quem rir por último.
Fiquem agora com o show da Marilena, que eu vou para o
aniversário do meu neto, a quem eu desejo um Brasil mais risonho do que o
atual, no bom sentido, é claro!
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