Por Zezinho de Caetés
Ontem estava procurando textos para comentar e me deparei
com um em que era citado o manifesto do PSB (Partido Socialista Brasileiro)
onde milita o nosso governador em sua saga para ser presidente do Brasil, talvez
até para cumprir uma promessa que poderia ter feito a seu avô, o Miguel Arraes.
No trecho, diz o manifesto: “O objetivo
do Partido no terreno econômico é a transformação da estrutura da sociedade,
incluída a gradual e progressiva socialização dos meios de produção, que
procurará realizar na medida em que as condições do país a exigirem”. A
querela foi gerada porque a assessoria de comunicação do Eduardo quer retirar
este texto do manifesto, já que ele mostra a ideologia fundamental do partido,
que é o socialismo.
Eu penso que, por muito tempo, o PSB, não é mais socialista
e não sei como uma cláusula como esta deveria permanecer entre as heranças do
partido. Vou mais além e digo que o próprio nome do partido também deveria ser
mudado, e aproveitando a entrada de Marina Silva ele poderia se chamar (para
não perder a sigla) Partido Socialite
Brasileiro. Se quisessem perder a sigla poderia ser Partido Capitalista Brasileiro, correndo o risco de no futuro se
chamar PPS. Porque eu nunca vi alguém mais afinado com o capitalismo do que
nosso governador. E, para mim, isto só conta pontos positivos para ele. São as
contradições entre a velha e a nova política.
E para fazer jus ao texto que hoje comento, do Ruy Fabiano,
que tem o título de “PT versus Dilma”
(Blog do Noblat – 03/05/2014), que poderia se chamar “As contradições do PT”, eu comecei com as contradições do PSB e passo agora ao Estatuto do PT. No seu artigo
primeiro ele diz:
Art. 1º. O Partido dos
Trabalhadores (PT) é uma associação voluntária de cidadãos e cidadãs que se
propõem a lutar por democracia, pluralidade, solidariedade, transformações
políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais,
destinadas a eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a
injustiça e a miséria, com o objetivo de construir o socialismo democrático.
E diz em sua carta de princípios:
“O PT afirma seu
compromisso com a democracia plena, exercida diretamente pelas massas, pois não
há socialismo sem democracia nem democracia sem socialismo.”
Como vocês veem, se quiserem tirar algum lição destes
escritos, o de cima é vazio e o de baixo é historicamente falso. A não ser que
alguém me enumere um país que tenha conseguido ser socialista e democrata ao
mesmo tempo. Eu até acredito mais no segundo se substituíssemos “socialismo” por “capitalismo”. Se o que ele denota é do “socialismo real”, que existiu até 1989 em muitos países, nunca se
viu democracia em nenhum deles, a não ser que se queira considerar a China de
Mao, como tal, só porque está indo célere para o capitalismo.
Todas estas contradições entre letras e atos, se refletiram
na política brasileira no século XX, inclusive e principalmente, entre aqueles
que se engajaram na luta para combater a ditadura militar, que a meu ver foi
mais uma reação à implantação de outro tipo de ditadura, para mim, muito pior,
ressalvando os devidos excessos, como soe acontecer em todas as ditaduras.
Isto deixou sequelas e contradições entre as próprias
pessoas que hoje comandam o país, como é o caso de Lula e Dilma Roussef. E
neste caso, Lula é o PT atual. O PT antigo, da Marina, do Cristóvão Buarque, e
outros que viram o partido se meter em tudo quanto é de “malfeitos”, menos em democracia, não existe mais. E o PT antigo
está morrendo como todos de bom senso esperavam. Está saindo de cena para não
terminarem todos na Papuda, como já estão alguns dos seus dirigentes.
Estas contradições estão cada dia mais aparentes com a
entrada no jogo do primeiro poste do Lula, a Dilma, presidenta e gerenta. O tal
do movimento “Volta Lula”, cada dia
mais em alta, tendo direito até a pantomima de um deputado trocando os retratos
em seu gabinete, é a mostra delas, principalmente agora que até os próprios
petistas estão descobrindo que não se fez nada neste Brasil nos últimos 12 anos
que pudesse ser chamado de útil. As exceções apenas justificam a regra. Todos
sabemos que o Brasil precisa de reformas profundas para que possa ser uma
grande nação, com todos os recursos naturais que temos, e que só poderão nos
serem úteis se nosso povo estiver preparado para explorá-los. E isto não pode
ser feito com medidas que são apenas tentativas de ganhar a próxima eleição,
como Bolsa Família, Mais Médicos, PROUNI, baixa na conta de luz, e outras que apenas resolvem os problemas até
a hora do voto.
Por mim eu adoraria que o Lula voltasse logo, já que seu
poste não deu a luz como ele pretendia (pretendia?) e mostrasse o que ele vai
fazer, se eleito, a partir de janeiro. Talvez, o que ele já fez durante 8 anos,
usando os ricos para cevar os pobres, e depois jogando uns contra os outros. Eu
só não sei que tipo de Carta aos Brasileiros ele ditaria agora para que não
derretesse também nas pesquisas, igual a Dilma.
Bem, deixemos vocês com o Ruy Fabiano e outras perguntas
sobre as contradições do PT e companhia.
“O PT se sente vítima da presidente Dilma Rousseff – e vice versa. E
não há como negar: ambos estão certos. O partido não se sente representado pela
presidente, que, egressa do PDT brizolista, não é – jamais foi - uma
correligionária genuína. Além disso, foi posta onde está sem jamais ter
exercido qualquer cargo eletivo.
Sua vivência em política era tão grande quanto a do ministro Antônio
Dias Toffoli na magistratura. E ambos começaram do alto, sob o mesmo
patrocínio: Dilma na Presidência, Toffoli no STF.
Lula empurrou-a goela abaixo do partido, furando uma fila de
pretendentes, bem mais identificados com as práticas e projetos da sigla. Se
fosse uma petista autêntica e vivida, jamais admitiria ter falhado em relação à
usina de Pasadena.
Como disse Lula, ao agir por conta própria, dizendo – vejam só – a
verdade, Dilma “deu um tiro no pé”. E esse tiro resultou na CPI da Petrobras,
que pode jogar no lixo o sonho de continuidade do partido no poder. O PT não a
perdoará jamais.
Dilma, por sua vez, paga o ônus pela conduta de correligionários que
hoje comparecem mais ao noticiário policial que ao político. Sua candidatura em
2010 pegou carona na popularidade de Lula, que então deixava o governo em
ambiente de bonança.
A bonança, no entanto, era aparente. Não estava lastreada em dados
sólidos; apenas encobria uma herança maldita, que hoje se expressa por meio do
desmantelamento da economia. O Plano Real, que o PT combateu, acabou destruído
por ele.
A inflação está de volta, o poder de compra dos salários está corroído,
a imagem do Brasil piorou consideravelmente, as instituições políticas
conseguiram a façanha de piorar ainda mais sua credibilidade perante o público,
as contas públicas estão no bagaço. Até mesmo um evento como a Copa do Mundo,
que, em circunstâncias normais, seria fator de euforia no país do futebol, é
hoje fator de inquietação política.
Dilma não construiu pessoalmente esse ambiente, que já a aguardava
como, na metáfora machadiana, o caroço dentro da fruta. Hoje, se discute se
Lula já antevia tudo isso como meio de propiciar seu retorno à Presidência ou
se também está sendo vítima do monstro que criou. O “volta, Lula!” não é uma
invenção da imprensa, mas uma realidade no meio da militância.
Diz-se que Lula avalia o risco de, voltando, comprometer sua biografia
de presidente bem-sucedido. Teria que administrar o fracasso de sua própria obra.
Ano que vem – e isso é consenso na oposição e no governo - é ano de
ajustes pesados na economia. Hora da verdade. Lula, se vitorioso – e já não se
tem certeza disso -, teria que administrar uma crise com suas digitais, sem
bodes expiatórios a quem acusar.
Se isso é verdade – o temor de Lula em voltar -, então o dilema é ainda
maior: o PT estaria sem alternativa. Dilma, em queda nas pesquisas, e sem
embocadura para empolgar o eleitorado, está cada vez mais próxima de ser
substituída. Mas por quem? Os melhores quadros do PT estão na cadeia. Quem hoje
espelharia o projeto revolucionário do partido, se Lula ficar de fora?
Permeando esse processo, há a CPI da Petrobras – que, como toda CPI,
sabe-se como começa, mas não como termina -, a fragilidade da economia e a
própria Copa do Mundo, que se tornou emblema da gastança pública.
Como se não bastasse – em função de tudo isso -, há uma profunda
diferença entre esta campanha e a de 2010. Naquela oportunidade, havia em
grande parte do eleitorado um desejo de continuidade, que o próprio José Serra,
candidato da oposição, tentou faturar, prometendo dar sequência à obra de Lula,
“fazendo muito mais”. Hoje, conforme mostram todas as pesquisas, a ânsia é por
mudança – ampla, geral e irrestrita.
Dilma tenta cavalgar esse sentimento. E o resultado tem sido tão eficaz
como o foi a tentativa de Serra de espelhar o continuísmo lulista em 2010.”
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